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Adormeceu uma hora depois, embalado pelo balanço do veículo e pela mão massageando seu coro cabeludo e as orelhas com carinho. Dormiu profundamente e não sonhou. Parece que até mesmo sua mente decidiu ter folga dos pesadelos, dos pensamentos ruins, do desespero, da dor. Ele só sentia a mão em seus cabelos ou mexendo em sua cauda e isso lhe bastou para continuar tranquilo.

Quando despertou, Sasuke lhe avisou que em breve ele desceriam. Naruto notou que aquela era uma cidade pequena, típica de interior, com ruas de calçamento, pessoas andando a pé ou sentadas em cadeiras e bancos na calçada, poucos veículos, pracinhas aconchegantes e um clima mais natural. Era o típico lugar que se pode ir para qualquer lugar a pé.

O ônibus parou, eles eram os últimos passageiros de ida e desceram numa parada fora da área urbana, em frente a uma estrada de terra. Os dois deram as mãos e rumaram por ali, de vez em quando paravam para trocar beijos, admirar a paisagem iluminada pelo pôr-do-sol e conversavam sobre aquela sociedade nova, como o fato de que a maioria das instituições, das empresas e de outros estabeleciomentos só funcionam pela noite porque é uma sociedade de seres que sofrem sob o sol. Sasuke é uma exceção por causa de sua idade e uns poucos lugares abrem pelo dia por causa dos residentes não-vampíricos, ou seja, humanos e lobisomens.

Chegaram a uma pequena vila onde todos conheciam e cumprimentaram Sasuke de forma amistosa e receberam muito bem Naruto. Teve até uma vampira que lhe ofereceu um pouco de bolo de milho que ela fizera. Continuaram subindo pela estrada de terra até uma casa que fica no alto de uma colina, voltada para a vila, cujo terreno era delimitado por um muro com cerca elétrica.

-É aqui que você mora? - indagou o ômega, observando cada casa que aparecia numa tentativa de adivinhar qual será a dele. Eram casas de modelos antigos bem preservados.

-É. Lá em cima. - respondeu ao se espreguiçar. Naruto fitou o morro e encarou-o confuso. - É isso mesmo, no casarão lá em cima.

Quando enfim atravessaram o muro, o caseiro veio cumprimentar Sasuke, mas não houve tempo para conversar porque tinha pressa de estar a sós com Naruto. Era um verdadeiro casarão, com muitas portas de madeira, muitas janelas com persianas, salas amplas e teto alto. O lugar inteiro tinha ventilação e iluminação natural e uns poucos abajures traziam claridade para os cômodos no escuro. A maioria dos móveis era rústica e os adornos que decoram os cômodos por onde Sasuke lhe levou eram, sem sobra de dúvidas, objetos vindo de todas as épocas, de todos os lugares, de todos os anos que o vampiro viveu, provavelmente sozinho. Fragmentos de memória que ele pode tocar e reviver caso seja preciso, pensou Naruto.

Ao fim de um corredor, virando à esquerda, Sauske lhe mostrou um quarto e na porta, havia uma placa. “Naruto”. Ele empurrou a porta e deixou que o ômega adentrasse. O cômodo era amplo, tinha uma cama larga de modelo colonial coberta por lençóis brancos e com travesseiros macios grandes, um guarda-roupa de madeira clara bem fornido e dentro havia mais lençóis, toalhas macias, algumas roupas novas e outros pertencetes de uso pessoal. Dispunha de um toucador com espelho e uma cadeira confortável, tapeçaria rendada decorando duas paredes, um ventilador de teto e duas janelas grandes com acesso para uma varanda. Dali Naruto podia ver toda a cidade, boa parte da fazenda e uma paisagem noturna de encher os olhos de emoção.

A outra porta no quarto era o banheiro, enorme e com azulejos brancos decorados com flores azuis, talvez tivesse metade do tamanho do seu quarto antigo. Sasuke segurou sua mão lá dentro e o levou de volta à porta, mostrando que não havia trincos ou fechaduras, portanto, ele nunca estaria preso em seu quarto ou em qualquer outro cômodo do casarão. Naruto apertou os lábios e o abraçou com força, fazendo o que podia para que ele chegasse perto de si o máximo possível.

Sasuke o ergueu em seu colo quando entendeu a profundidade daquela gratidão e a força daquela ansiedade, um pedido mudo para saber se não estava sonhando, e decidiu que não esperaria mais nenhum segundo como planejou ao sentir a cauda automaticamente se enroscar em sua perna com muita força e as garras perfurarem sua camisa.

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