Visões

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Os três estavam comendo o filé a parmegiana que Rin havia preparado para o almoço, a Tv estava ligada e passava o jornal local. Todos estavam comendo tranquilamente, as vezes alguém quebrava o gelo elogiando a comida ou comentando sobre a matéria apresentada no aparelho. Mas Rin decidiu tentar novamente puxar assunto com o filho, o qual ela julgava estar "distante demais" após o nome Katsuki ser mencionado.

Então, Eiji. — Ela mexeu na comida, recebendo um "hm?" Do outro. — O que achou do quarto? Eu praticamente não toquei em nada, só limpei e troquei os forros da cama.

— Eu vi, está ótimo daquele jeito. — Respondeu indiferente.

Algo está te incomodando? — Foi direta, recebendo um olhar confuso do jovem. Estava tão óbvio assim?

Acho que não, só tô muito cansado. Se não estivesse morrendo de fome eu teria deitado na cama e capotado. — Disse.

Entendi. — Rin falou, mas algo ainda a estava incomodando. — E sobre o Kats-

— Eiji! — Chiara interrompeu. — Amanhã suas aulas começam! Esqueci completamente de lhe avisar. — Rin revirou os olhos, entendendo que não deveria tocar naquele assunto novamente.

Ah sério? Mal cheguei e já vou ter que acordar cedo pra aula? — Disse chateado. Chiara riu fraco.

Eijiro Kirishima você passou três meses fazendo altos nadas, espero que saiba o tanto de conteúdo que você perdeu! Não tem o direito de reclamar. — Ela falou ainda rindo.

Então melhor eu dormir logo e aproveitar meu último dia. — Eijirou deu uma última garfada na comida e se levantou da mesa.

Vai aproveitar seu último dia dormindo? — Rin perguntou.

E tem jeito melhor de aproveitar? — Respondeu rindo.

Foi até a cozinha e deixou seu prato na pia, e em um piscar de olhos ele voltou para o seu quarto. Dessa vez nem chegou perto da janela, apenas fechou a porta e se atirou na cama.

A mimir. — Disse se aconchegando entre os travesseiros. E dito e feito, o garoto dormiu que nem uma pedra a tarde toda.

[...]

Horas se passaram quando Kirishima acordou do seu último sono das férias. Ele estendeu o braço para pegar no seu celular e ao ligá-lo o garoto ficou desnorteado um pouco, o brilho estava no máximo e fez com que sua visão ficasse ruim por alguns segundos. Já que o quarto estava todo escuro, a luz forte o atingiu de jeito, porém quando se reacostumou ele conseguiu ver a hora.

Marcava exatas 19:30.

Meu deus, eu dormi demais. — Ele se sentou na cama. — Praticamente não vou conseguir dormir nada nessa noite, que ótimo! irei virado pro meu primeiro dia de aula.

Ele largou o celular e esfregou as mãos nos olhos, seu cabelo bagunçado estava enorme e a franja cobria os seus olhos quando os fios não estavam cobertos de gel de cabelo.

Ficou um tempo olhando para a parede, pensando em absolutamente nada, piscava poucas vezes. Ainda estava "dormindo acordado". Mas quando seu estômago roncou ele viu que precisava se levantar logo. 

"Ave Maria, só fico com fome o dia todo..." Ele pensou. 

Kirishima se levantou e foi até o banheiro, lavou seu rosto e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo. Depois trocou de roupa, já que havia dormido com a roupa da viagem. Colocou uma regata branca e uma calça moletom preta. Voltou para o quarto e olhou para a janela, a cortina continuava fechada. Claro, ela não iria abrir sozinha..

Ele foi até lá e tocou no tecido, era só uma cortina estúpida com uma vista normal igual a todas as outras casas. Então em um movimento rápido ele a abriu, esperando que no lado de fora estivesse tudo escuro, afinal já estava de noite.

Mas não estava tão escuro assim. Não estava tão escuro porque uma luz forte iluminava o quarto de Katsuki.

Droga. — Kirishima disse. Ele não sabia se era muito azarado ou muito sortudo, por que no momento em que abriu a maldita cortina o garoto ficou praticamente cara a cara com ele. Com Bakugou Katsuki.

O que aconteceu em seguida durou questões de poucos instantes por culpa de Kirishima. Os dois fizeram contato visual e se encararam por cerca de três segundos, ninguém ousou falar nada nesse tempo. As orbes vermelhas de Bakugou pareciam encarar a alma do ruivo, até que Kirishima fechou a cortina o mais rápido que pôde.

Seu coração parecia querer saltar do seu peito a qualquer momento.

Sua respiração estava tão ofegante e seu coração havia disparado tanto que ele parecia ter terminado de sair de uma maratona de corrida que durou duas horas. Se continuasse daquele jeito, Eijirou teria um ataque cardíaco assim que fosse falar com Katsuki.

Por que eu tô tão nervoso? Por que caralhos eu abri essa droga de cortina? — Ele disse, se controlando para não gritar.

Levou sua mão até o coração e tentou respirar fundo, contando até dez. Repetiu para si mesmo que ele iria ter que ficar mais calmo toda vez que se encontrar com Katsuki. Afinal, o garoto não era um tipo de monstro.. era só o seu melhor amigo de infância...

Ele mal deve lembrar de mim, tenho certeza. — Kirishima disse, indo para a porta de seu quarto. — Preciso esquecer disso, se passaram anos, ele deve ter mudado. Não é o mesmo Katsuki de sete anos.

O garoto foi até o andar de baixo, onde encontrou suas mães na sala assistindo alguma coisa na televisão. Ele passou direto para a cozinha, pegou uma xícara e colocou café. Depois preparou para si um sanduíche e estava pronto para voltar pro quarto quando uma de suas mães o chamou.

Eiji? Tudo certo? — Perguntou Chiara.

Anh? Ah sim, tudo okay eu acho. — Ele respondeu. — Dormi demais agora e acordei com fome

— Certo, qualquer coisa estamos aqui ou lá no quarto. — Ela disse, voltando a prestar atenção no filme.

Eijirou voltou para o quarto em um passo apressado, não queria encarar mais perguntas de suas mães e não queria de jeito algum falar sobre Katsuki.

Ao chegar no quarto, ele deixou a comida na sua escrivaninha e se sentou na cadeira. A janela estava a poucos metros de distância, mas Kirishima não iria abri-la. Não até sentir que estava pronto

A questão principal era: estar pronto para o quê?

Anos atrás ele e Bakugou eram melhores amigos, então ele deveria estar feliz em se encontrar de novo com seu amigo, certo?

Do que Kirishima tinha tanto medo?

Hear me | Kiribaku Onde histórias criam vida. Descubra agora