Tudo estava indo bem, mas para azar dos dois o telefone de Kirishima toca. O barulho do toque dá um susto no ruivo e leva Bakugou a segurar em seu ombro, fazendo uma cara de preocupado.
— Meu.. telefone. Ele tá tocando — O ruivo diz e Katsuki suspira aliviado.
Os dois minutos que seguiram foram os piores para Bakugou, pois ele teve de esperar que seu amigo voltasse para a sala e lhe falasse quem era que o ligou.
— Era minha mãe, ela tava preocupada porque eu ainda não cheguei em casa, dai eu disse que eu tava na sua fazendo um trabalho.
"Meu deus eu já vou ser cúmplice de mentiras" Bakugou pensou.
— E eu sei que você provavelmente tá pensando "nossa ele mentiu pra mãe pipipipopopo" — Bakugou arregala os olhos surpreendido, esse garoto acabara de ler sua mente? — Mas eu é que não ia falar que tinha acabado de ser quase atropelado.
Bakugou apenas riu e balançou a cabeça como se negasse algo, depois ele se levantou do sofá e foi até a cozinha. Kirishima obviamente o seguiu e ficou vendo ele mexer na geladeira e em alguns armários da cozinha.
— O que está fazendo? — Ele perguntou quando Bakugou terminou a sua procura e olhou para Eijiro.
Bakugou pega o celular e digita algumas coisas. Já estava ficando um pouco cansativo de escrever tudo o que ele queria falar mas ele tinha que fazer esse sacrifício por Kirishima até ele aprender pelo menos o básico de língua de sinais.
"Tentei procurar o nosso almoço. Me segue." Era o que estava escrito no telefone.
Kirishima sorriu ao ler "nosso almoço". Ele sabia que não era com outras intenções mas seu coração deu umas batidas meio aceleradas ao ler.
— Se controla, Eijiro. — Ele sussurrou para si próprio enquanto subia para o segundo andar da casa, logo atrás de Bakugou.
Os dois passaram por algumas portas e entraram em um quarto que aparentava ser o de Bakugou. Foi nessa hora que o coração de Kirishima realmente teve motivos para acelerar.
O ruivo ficou perto da porta apenas olhando seu amigo procurar por algo. Ele se perguntava em qual momento os dois desbloquearam tanta intimidade... ou será que sempre tiveram? Anfinal, aquela não era a sua primeira vez no quarto de Bakugou, mas sua mente já estava bem mais poluída agora.
Bakugou pegou umas coisas e foi até onde seu amigo estava, ergueu as roupas na direção de Kirishima, apontou para elas e depois para Kiri.
— Quer que eu vista isso?? — Bakugou confirmou com a cabeça. — E-eu não posso, são suas roupas!!
Bakugou revirou os olhos e voltou a digitar no bloco de anotações. Sinceramente se ele não andasse com o celular o tempo todo no bolso ele estaria fudido.
"Já que você vai 'fazer um trabalho comigo' a gente precisa almoçar algo primeiro. Mas aqui em casa a brilhante da minha mãe ñ deixou nada então vamo comer em outro canto. E eu não posso te deixar sair com esse uniforme ensanguentado"
Kirishima murmurou um "ah" e foi literalmente empurrado para fora do quarto, eles deram alguns passos e Bakugou o empurrou para dentro do banheiro e fechou a porta, ficando obviamente do lado de fora.
Eijiro trancou a porta só por precaução e começou a tirar o uniforme, que realmente estava ensanguentado dos lados, onde os braços estavam apoiados. Ele realmente tinha que começar a pensar em uma bela desculpa para dar a suas mães, mas tudo o que ele conseguia pensar era em como as roupas que Bakugou dera estavam cheirosas.
— Deus! Além de bonito ele é cheiroso. — Ele falou enquanto colocava sua "nova" calça.
Acontece que ela ficou um pouco justa demais. Não ficou extremamente apertada porém marcava suas coxas e bunda, um pitel para uns e um exagero para outros. Por sorte a blusa vermelha era folgada e grande e batia quase na bunda, ou seja a melhor solução que ele pensou foi em botar seu casaco na cintura, que por mais impressionante não tinha uma gota de sangue manchado.
Seus braços ainda estavam um pouco dolorosos por causa dos cortes e acabaram manchando a gase, Kirishima não achou que isso fosse um problema então recolheu sua farda e desceu as escadas, voltando para a sala.
Bakugou estava sentado no sofá usando o celular, ele apenas tinha botado um par de tênis nesse meio tempo e ficou um pouco surpreso ao ver Kirishima.
Principalmente por causa das calças.... benditas calças justas.
" Ai Senhor, as vezes você me faz ver umas coisas que me fazem questionar sobre tudo" Ele pensa.
Kirishima botou a farda em cima de sua mochila que estava no chão e pegou sua carteira que estava no bolso lateral. Ele se levantou e deu um sorriso para Bakugou, como se indicasse que estava pronto para sair.
Assim os dois foram para a porta e saíram de casa, tão calmos e plenos. Sem nenhum indício que um quase tinha sido atropelado e se cortado com uma garrafa quebrada e o outro se machucado por ter salvado o quase-atropelado.
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Hear me | Kiribaku
Hayran KurguKirishima costumava passar suas férias de verão na casa de seus avós. Lá ele virou amigo de Katsuki e permaneceu assim até seu aniversário de 7 anos, quando eles pararam de ir para aquela cidade. Porém aos 16 anos ele volta para lá e se reencontra...