Fim de semana

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Sábado! O esperado e temido sábado! Meu primeiro treinamento...

A semana passou voando ou será uma mera impressão de estar no presente? Só sei que foram tantos assuntos e professores que não tive a oportunidade de memorizar tudo ainda. A única coisa de que lembro com perfeição são as aulas de Dimensões e Símbolos Mágicos. São as mais interessantes.

A primeira ainda fala um pouco de Energia e desdlas. Parece ser uma matéria mais de ação do que de teoria e espero dominar logo a arte de transitar entre as dimensões sem dificuldades. Além de reconhecer energias favoráveis de longe, evita que confiemos em seres errados. Essa habilidade é perfeita para quando formos espalhar o Outono na Dimensão Humana, já que eles costumam a fazer pedidos e oferendas a cada virada de estação.

Já Símbolos é meio autoexplicativo. Durante toda nossa história, fomos acostumados a fazer representações de qualquer coisa. Seja para enfeitar os lugares, seja para algum propósito maior, como proteção ou banimento. E é isso que estudamos nessa matéria, talvez eu caia para o lado mais prático disso. Um exemplo de prática é invocar um Elemental da Água a partir de um símbolo da água.

Descobri que a Alquimia chata é a Teórica, a Não Palatável é a mais interessante e a Palatável parece ser um pouco cansativa, já que envolve cozinhar. Infelizmente, uma precisa da outra, então está fora de cogitação evitar a primeira. As outras matérias não me despertaram sentimentos relevantes, então não acho válido mencionar. Quer dizer, Elementais não é tão ruim e bem a cara de Kendra, mas não é uma das minhas favoritas.

O uniforme de treinamento é bem diferente do resto. Com uma calça legging preta e blusa justa de mangas compridas da mesma cor vestidas, é hora de colocar a armadura. Na verdade, são peças brancas gelatinosas, quase líquidas que deslizam sem empecilhos. Esboço uma careta de dúvida, que diverte minha mãe.

- Como isso vai me proteger?

- Assim. - ela pega meus pulsos e bate duas vezes um contra o outro de maneira rápida. Repentinamente, as peças ficam rígidas.

- Uau!

- Magia, querida. Ela é incrível. Agora é só encostar a parte dura no resto e a armadura está montada. Quer que eu te leve lá? 

- Acho que não precisa. Eu sei o caminho da escola.

- Que bom, filha. Tome cuidado no treinamento e não procure a pessoa para quem perdeu.

- Por quê?

- Não quero que perca a memória de novo. Estamos entendidas? - sua postura é uma mistura de conselho, preocupação e autoridade. Se não fosse algo tão sério, eu teria sorrido para tranquilizá-la.

- Entendidas.

- Ótimo. Bom treino. - recebo um beijo na bochecha. - Seu pai já deve estar em casa quando você voltar. 

- Certo. 

O lado de fora recepciona-me com uma luz forte intercalada com algumas nuvens pouco ameaçadoras. Uma pequena borboleta de asas amarelas passa rente ao meu rosto e some entre as folhagens tão rápida quanto apareceu.

Procuro manter os olhos no chão para não precisar cumprimentar alguém que me conhece e não lembro. Será que aquelas pessoas apresentadas a mim no outro dia estarão lá também?

Na verdade, não tenho certeza de que ainda tenho todos os nomes guardados em minha memória. Aise... Eu lembro desse nome... É forte e marcante demais para ser deixado de lado. E meu nome? Está na cabeça de algum deles?

O pátio está cheio e barulhento, como uma chaleira em fervura. Ninguém parece notar minha chegada, já que não sou a única na entrada. Todos estão com as armaduras e a maioria com o símbolo da estação pintado no peito.

Asas do outono (Em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora