Capítulo vinte e sete

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  Depois de alguns dias sem contato, Anne se encontrou com Charles novamente em seu sonho. Daquela vez havia um banco no mesmo cenário da floresta. Em silêncio e não mais surpresa com a magia, caminhou e se sentou ao lado dele no banquinho de praça.

  - Como está as coisas? - ele perguntou fazendo toda aquela sombra de dúvidas pairar sobre ela em questões de segundos. - Eles desconfiam que você sabe?

  - Não. - a resposta era verdadeira, mas como Charles reagiria se ela acrescentasse que não conseguia parar de pensar em Sebastian um segundo sequer e que tinha certa afeição por Austin e que apesar de tudo não passar de uma grande mentira, adorava seus momentos com Cassie?

  - Engane-os até o momento certo. - havia algo nos olhos dele um tanto malicioso e Anne sentia uma energia negativa mas disse para si mesma que era apenas coisa de sua cabeça que já estava sobrecarregada demais. - Após a meia noite de seu aniversário, voltaremos para o Reino e treinaremos você para a guerra.

  - E sua mãe, Charles? De que lado da guerra ela está? - apesar de sentir um arrepio ao se referir aquela desconhecida, sabia que deveria perguntar.

  - Conosco, claro. Mas os bruxos a pegaram. - Anne o olhou e viu tanto ódio em seu coração que sentiu a energia do lugar ficar ainda mais pesada.

  - Eu sinto muito. - sussurrou.

  - Tudo bem. Agora que temos você, vou faze-los pagar. - Ele sorriu, mas não era um daqueles sorrisos espontâneos e felizes, era um sorriso maldoso e calculista.

  - Não sei se posso ajuda-los, é tudo muito novo para mim... - Ela engoliu em seco e evitou fitar Charles, pelo o que entendia, ele era tão seu irmão quanto Jason e não queria decepciona-lo.

  - Claro que pode ajudar! Você não tem escolha. - diferente de antes, a voz dele não soou doce ou gentil, Anne o olhou e arregalou levemente os olhos, assustada com sua explosão tão repentina. - Digo... Precisamos de você. Nosso povo precisa, Mia... E és poderosa.

  - Eu vou dar o meu melhor. - ela fechou seus olhos com força e angustiada, o vento bateu em seu rosto. - Só quero que tudo isso acabe o quanto antes.

  - Espere. - a voz de seu irmão lhe fez abrir os olhos novamente logo quando a garota estava se preparando para despertar. - Tem mais uma coisa... Enviei alguém para cuidar de você, não podemos arriscar que lhe façam alguma coisa.

  - Obrigada. - sussurrou tão baixo que não tinha certeza se Charles havia escutado. Fitava o chão quando fechou seus olhos novamente e daquela vez, finalmente acordou.

  Ainda que tivesse mais conhecimento sobre sua verdadeira vida do que anteriormente, Anne se sentia tão confusa em relação a tudo. Mas por mais insana que toda a verdade fosse, ela não tinha mais para onde correr. Bastava esperar.  De um jeito ou de outro, ela teria que lidar com tudo aquilo, porque de fato, aquilo estava acontecendo.

  Suspirou e jogou seu corpo para longe da cama, abriu as cortinas e deixou a luz do sol iluminar seu quarto, tentou ignorar todos os seus medos e se arrumou, não podia desanimar, apesar de tudo. Assim que terminou de se vestir, a porta do seu quarto foi aberta abruptamente, Zoe nunca se dava o trabalho de bater.

  - Nós voltamos! - a garota não havia esperado segundos para fazer sua confissão, ela estava muito bonita naquela manhã, enquanto se jogava na cama, parecia radiante. Anne odiou o que lhe foi dito e desviou o olhar para que aquilo não ficasse nítido.

  - Como assim? - afitou somente quando aparentava estar mais controlada. - você não pode tê-lo perdoado!

  - Não há o que ser perdoado, Daniel não me traiu. Virgínia é uma víbora, ela está tentando me machucar. - Sua voz estava tão confiante que a fazia parecer ingênua, de uma forma que chegava a dar pena. O namorado havia lhe manipulado, o seu amor havia lhe deixado cega.

(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora