(CONTINUAÇÃO) Encantada - O reino amaldiçoado

Capítulo trinta

   Das arquibancadas ao lado de Anne, Zoe assistia ao jogo, o final da partida se aproximava, com um empate de dar nos nervos de todos os torcedores. Virgínia junto com as outras lideres de torcidas sacudia seus pompons, vibrando pelo time de sua escola. A anos aquela competição ocorria entre as duas instituições educativas locais.

Apesar da boa postura confiante e de todos os troféus na parede de seu quarto, Jason não parecia tão neutro aos olhos de Zoe, não tanto quanto ele gostaria de transparecer para toda aquela plateia.

Sendo ele o capitão do time de basquete, o ponto que desempataria dependia da cesta que ele estava ou não prestes a fazer. Mesmo que o playboy mantivesse uma postura inabalável, as duas garotas que o conheciam bem demais, sentadas juntas da multidão, sabiam que o nervosismo dele sobre a pressão, era grande.

Os gritos histéricos e cheios de expectativas tornava tudo ainda mais difícil, eram vozes e mais vozes, enquanto a ansiedade e a pressão aumentavam em níveis torturantes. Jason suava, as vozes se repetiam, ecoavam, em misturas de encorajamento e julgamento, seu corpo estava travado, paralisado, sem conseguir concluir o ponto final.

  - Ei, você consegue! - ao o fundo de todas as vozes, uma delas se destacou. Zoe. Não conseguia ouvir com clareza nada do que a multidão gritava, mas a voz dela o invadiu com naturalidade, como se tivesse nascido para escuta-la.

  Seus olhos pularam sobre as bancadas, ávidos para encontra-la, ficando surpreso ao ver um sorriso lindo e os olhos brilhando no rosto da garota que tanto cuidava como sua própria irmã. Ela estava torcendo por ele, olhando o jogo completamente encantada e envolvida. Linda. Lindíssima.

  Ela também o viu, ele sorriu e ela também. Então em um passe de amor, a garota tirou toda a pressão dos ombros dele, vê-la na torcida por suas conquistas, fez tudo se tornar mais fácil e ainda mais almejado.  Por um segundo as vozes se calaram, tudo ficou ao fundo, como se ele estivesse os colocado no modo mudo, mas ainda via seus corpos se movendo, suas mãos pulando, seus lábios se abrindo lentamente em gritos exagerados, a torcida vibrando.

  Daquela vez, porém, não travou, não ouve pressão ou medo, apenas ele, seu sonho e a garota que amava por anos, mesmo que em silêncio. Era o ponto final, o decisivo e poderia haver erros, poderia, se ele não fosse o melhor jogador das duas equipes e se não soubesse jogar tão bem quanto sabia respirar. Não houve erro. Houve gritos de aprovações, parabenizações, vibração dos torcedores e comemorações em abraços entre eles, jogadores pulando uns sobre os outros, e ela. Houve ela descendo as bancadas correndo, com seus olhos lacrimejantes de felicidade.

  Ela invadiu a quadra, correndo, e mesmo que todos os outros na volta já haviam sido tirados do mudo e Jason os visse em suas próprias comemorações, não queria fazer nada além de correr até Zoe. Seus amigos se abraçavam, sua família pulava e comemoravam juntos, a torcida também e ele simplesmente a envolveu em seus braços, a apertando com amor entre eles.

  - Você conseguiu. - ela murmurou, após ele lhe rodopiar no ar e colocá-la no chão, a proximidade destacava o quão ela era menor que o jogador.

  - Graças a você. - ele confessou, olhando nos olhos dela e vendo por um instante algo diferente nas pupilas da garota.

  Zoe sorriu e por sempre agir por impulso, Jason inclinou seu rosto mais para a frente, quase permitindo que seus lábios se tocassem, suas respirações já se tornavam uma só. Ela não se afastou, pareceu sem graça mas permaneceu no lugar, sua postura era durona, mas sustentou seu olhar o tempo todo. Se questionando porque entre todas as pessoas que ele podia ter abraçado após aquela conquista, fora ela a escolhida.

  A irmã do garoto, após receber um abraço entusiasmado de uma desconhecida fanática, abandonou seu lugar nas arquibancadas e se retirou do local, indo para dentro da escola quase vazia. Poucas pessoas transitavam por ali.