Primeiros sustos da maternidade

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Nnu Ego e o primogênito da família Owulum levaram quatro dias para fazer o

trajeto de Ibuza a Lagos, viajando em caminhões mammy superlotados que

transportavam, além dos passageiros, diversos tipos de alimentos. Gente,

galinhas vivas e peixe seco, todos espremidos no mesmo compartimento

sufocante. Tal como ela, o Owulum sênior era mau viajante e, pior ainda,

aparentemente não sabia para onde estavam indo. Só sabia que estavam a caminho de Lagos,

mas se Lagos ficava a oeste ou a leste de Ibuza, isso ele não fazia a menor ideia. Quando

chegaram a Benim e tiveram de desembarcar do caminhão, vendedores pobres fizeram troça

dele: "Sim, sim, Lagos é aqui mesmo – é só virar aquela esquina que você chega lá". Mas em

pouco tempo as coisas se esclareceram, pois na verdade eles estavam apenas sendo

transferidos para outro veículo. O incidente quase se repetiu em Oshogbo, embora fosse

perfeitamente compreensível que o cunhado estivesse ansioso para que a viagem chegasse ao

fim; àquela altura os dois já estavam tremendamente cansados, doloridos, e na estrada havia

tanto tempo que a própria Nnu Ego imaginava que já deviam estar chegando ao fim do

mundo. Fizeram o transbordo para o último caminhão e, quando finalmente chegaram a Iddo,

em Lagos, o cunhado já não confiava em nada do que lhe diziam. Foi preciso que o

motorista, juntamente com os outros passageiros, lhe garantisse que por fim haviam chegado

ao destino: só assim ele acreditou.

O cunhado desembarcou do caminhão com a lerdeza de um velho, já contraindo os

músculos dos braços na previsão do momento em que as zombarias recomeçariam. Mas

dessa vez era verdade o que lhe afirmavam e ele saiu puxando Nnu Ego; os dois mostraram o

endereço que procuravam a um vendedor de comida na estação de desembarque, e o homem

lhes indicou corretamente como chegar a Yabá.

E foi assim que Nnu Ego chegou a Lagos e foi conduzida pelo novo cunhado a uma casa

de aspecto bizarro. Os dois tiveram de esperar na varanda enquanto uma vizinha, que se

identificou como Cordelia, mulher do cozinheiro, foi avisar Nnaife, o esposo em perspectiva,

naquele momento ocupado com a lavagem da roupa dos patrões brancos, que seu pessoal

tinha chegado e que, pelo jeito, havia uma esposa para ele.

"Uma esposa!", disse Nnaife, fingindo surpresa com a mera ideia de receber uma esposa.

"Tem certeza?".

"Ela tem jeito de esposa. Vem com umas coisas embrulhadas, não parece uma pessoa que

está simplesmente fazendo uma visita. Dá a impressão de que pretende ficar".

Nnaife ficou tão feliz com a ideia que acelerou a passagem da roupa e quase se queimou

com o ferro a carvão. Cochichou a novidade para o cozinheiro e o criado. Como eram todos

igbos, embora Nnaife fosse o único de Igboland ocidental, sabiam que a noite seria agitada.

Ficaram entusiasmados ao saber que uma nova pessoa havia chegado. Lagos ficava tão

As alegrias da maternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora