Homens sem qualificação profissional tinham dificuldade para encontrar trabalho
no início da década de 40. Em números cada vez mais elevados, eles
abandonavam suas aldeias natais para procurar emprego em Lagos, e esse
fenômeno vinha privando muitas áreas de seus homens fisicamente mais capazes.
Os que partiam achavam preferível trabalhar para um patrão ou uma empresa do
que permanecer em suas próprias lavouras, onde os rendimentos dependiam dos caprichos do
tempo e da força física que eles próprios tivessem. Nessas circunstâncias, quando os homens
envelheciam, seus filhos naturalmente assumiam o cultivo das terras da família; suas filhas,
dos locais onde haviam ido viver com os maridos, de vez em quando mandavam pequenas
contribuições na forma de tabaco e sabão, ou feixes de madeira para aquecer as lareiras (pois,
nas aldeias do interior, especialmente durante a estação do Harmatão, a temperatura tem
quedas muito bruscas, às vezes chegando até doze graus centígrados ou menos, o que, para
os mais velhos, habituados a temperaturas de mais de vinte graus, pode parecer
extremamente frio). Mas a geração mais jovem, como a de Nnu Ego e seus amigos, preferia
deixar esse tipo de vida para trás. Fazia muito tempo que os iorubás tinham ido para Lagos –
desde a queda do grande Império do Benim –, mas os igbos foram um dos últimos grupos a
seguir essa tendência. Embora sentissem falta da sensação de pertencimento existente nas
comunidades de suas aldeias, a vantagem de trabalhar nas cidades era os salários serem mais
regulares; o pagamento podia ser reduzido, mas os igbos logo aprenderam a adaptar suas
necessidades aos meios de que dispunham.
As pessoas quase nunca eram levianas com relação a seus trabalhos: esse era um risco que
ninguém podia correr. Nnaife era um dos raros privilegiados a ter encontrado trabalho com o
governo; com esse tipo de emprego era muito difícil alguém ser demitido, e a pessoa podia
ficar tranquila, sabendo que nunca chegaria a manhã em que alguém a mandaria embora
porque não havia mais trabalho a fazer. E, para completar, se a pessoa ficasse a serviço do
governo por tempo suficiente, mais tarde receberia uma pequena aposentadoria, coisa ainda
muito nova para a maioria dos igbos. Raros eram os que desfrutavam dessas benesses; e
esses poucos pertenciam às poucas famílias privilegiadas que haviam entrado em contato
com os europeus desde cedo e que instintivamente reconheceram as tendências que se
anunciavam e aceitaram as mudanças. Em lugares como Asaba e Ibuza, cidades igbos da
Nigéria Ocidental, os habitantes eram muito hostis à vinda de europeus, de modo que os
raros brancos que chegavam se retiravam o mais depressa possível. As sepulturas de muitos
missionários e exploradores aninhadas no meio da vegetação da floresta testemunham isso.
No entanto, Nnaife desejara experimentar esse novo empreendimento. Não se incomodava