VIVA | ❝Me fizeram apodrecer por mil anos em uma tumba, agora eu acordei e estou com muita fome❞
Mary Stuart teve tudo tirado de si, seus poderes, sua vida, sua liberdade e foi trancada em uma tumba por mil anos, obrigada a repassar dia após dia o m...
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Não consegui dormir a noite nem por um minuto. Pensamentos invadiram minha mente e a preocupação com o futuro não me deixava relaxar. Tudo o que aconteceu, de certa forma, mudou totalmente minhas expectativas e eu realmente achava que entre mim e o Lucien poderia haver algo mais, porém tudo o que ele fez e o que ele provou ser acabou totalmente com a visão que eu tinha dele. Além disso, outra coisa que não saia da minha mente foi aquele beijo com a Aurora. Quer dizer, eu nunca senti isso em relação a ela e foi tão espontâneo aquele momento, como se fosse algo muito comum e natural entre nós duas.
Então, por precaução, decidimos dormir na casa de James essa noite. Não sabemos do que o Lucien é capaz e ele já quis matar a Aurora uma vez, e agora deveria estar com ódio de mim. Afinal, ele era uma cópia do Klaus. Eu só tinha demorado tempo demais para perceber isso.
Mas James ainda estava no Quartel com Sophie e só de pensar que eles poderiam fazer algo contra ele minha cabeça doía de preocupação.
— Tudo bem? — Aurora perguntou em um sussurro, ao meu lado na cama.
— Tudo — respondi, me virando para ela. — Só não consigo dormir, estou preocupada.
— Eu tenho certeza que tudo vai dar certo, você vai ver que amanhã a Cami estará melhor e seu irmão bem.
— Eu só não entendo como o Lucien mudou tanto.
— Eu conheço ele há bastante tempo para saber que ele não mudou, ele sempre foi assim. O que me assustava era ele ser amável o tempo todo antes disso.
— Quando ele mordeu a Cami, parecia uma cópia do Klaus. Justo quem ele tanto odeia.
— O Klaus é o criador dele.
— Eu acho que no final, nos tornamos o que odiamos.
Aurora ficou em silêncio, olhando para o teto escuro, iluminado apenas pela fraca luz da lua entre as árvores enormes.
— Mary, eu quero que você saiba que, independentemente do que acontecer amanhã, eu não esperava que nada disso acontecesse.
— Do que está falando? — Franzi o cenho, preocupada pelo seu tom de voz.
— Eu gosto de você de verdade, eu nunca admiti isso pra ninguém — ela deu de ombros —, mas aí eu te trouxe à vida e você mexeu comigo, de alguma forma meio estranha. Eu também não sei se vou sair viva depois de amanhã e preciso te dizer isso agora antes que seja tarde.
— Aurora... — comecei, mas minha voz falhou.
— Não precisa dizer nada. — Ela sorriu sem mostrar os dentes.
Respirei fundo, então me aproximei dela e beijei o canto de sua boca, como quem pede permissão e ela colocou as mãos em meu cabelo, dando sinal verde.
Senti um arrepio quando meus lábios encontraram os seus, mas não fui capaz de me afastar. Um beijo calmo e lento, esquecendo de todas as minhas preocupações por um minuto, até que por falta de ar nos separamos.
