21 - A esperança adiada desfalece o coração.

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Pedro tirou o capacete e ficou observando a rua, no seu tempo de criança, aquelas ruas a uma hora dessas da noite, estariam cheias de crianças correndo de um lado para o outro, e os pais sentados nas portas conversando entre si e observando seus filhos.

E hoje a rua estava deserta, as casas todas muradas, e com cerca elétrica, olhou a casa dos pais no mesmo estilo das outras, sentiu saudades da vida pacata daquele época.

André parou o carro ao seu lado.

- Porque não tocou o interfone ou não ligou? - Perguntou André. - Aqui não é mais como era, quando éramos crianças. - Disse André, buzinando.

- Era exatamente o que eu estava pensando, não é o mesmo lugar! - Disse nostálgico e foi tocar a campainha.

Nenhuma resposta. Tentou novamente.

- Eu acho que não tem ninguém em casa. - Disse Pedro, voltando para a moto. - André já estava falando ao celular.

- Estão na igreja. - Disse André, já ligando o carro. - Vamos! - Pedro o seguiu.

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Chegando na igreja, Pedro foi o último a entrar.

O pastor Gustavo, ficou mudo no meio da Palavra assim que viu o filho mais novo.

Toda a igreja se voltou para ver quem estava na porta, e o murmurinho começou.

Enquanto o irmão e a família foram sentar mais à frente, Pedro sentou na primeira cadeira vazia que viu, constrangido com todos aqueles olhares.

- "Foi uma péssima ideia entrar aqui, devia ter esperado lá fora." - Pensou, olhando fixamente para a frente.

O pastor engoliu seco, e concluiu a mensagem.

Pedro arqueou a sombrancelha, pois lhe pareceu que o pai deixou passar algumas coisinhas na mensagem, mas pelo burburinho, ele arriscaria um palpite que ninguém mais observara esse fato.

De repente um tumulto, sem precedente acometeu a igreja.

Pessoas o abraçavam e faziam perguntas, que ele não tinha tempo de responder, pois antes que uma pessoa terminasse uma pergunta outra pessoa já fazia outra pergunta; e ele perdido não sabia para quem dar atenção.

- "Meu Deus! Cadê a minha família? Eu nem me lembro quem é a maioria dessas pessoas!" - Pensou exasperado.

Finalmente, Felipe conseguiu chegar até ele. Abraçou forte o irmão.

- Graças a Deus, por favor, me tira daqui! - Sussurrou, no ouvido do irmão.

- Calma, calma! Pessoal ele vai ficar alguns dias com a gente, então vocês poderão fazer a ele todas as perguntas que vocês quiserem. - Disse Felipe, erguendo os braços.

Pedro olhou para ele assustado, o irmão apenas sorriu. - Agora vocês vão nos desculpar, mas precisamos ir, ele acabou de chegar e ainda nem falou com os nossos pais. - Disse abrindo espaço entre as pessoas, e Pedro atrás dele.

Pedro seguiu Felipe, até um escritório no fundo da igreja, André e a esposa ficaram conversando com as pessoas, evitando assim que elas os seguissem.

- Não me recordava, que essa igreja era tão grande assim! - Surpreendeu Pedro.

- E não era mesmo! Nosso pai aproveitou bem o terreno, e foi necessário. - Ponderou Felipe, olhando para trás.

- Realmente, e no meu tempo também não tinha esse tanto de gente curiosa! - Retrucou olhando na mesma direção em que o irmão olhara.

Olhando para trás esbarrou na irmã, que gritou, assustando-o.

No tempo de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora