34 - O amor não busca os seus próprios interesses.

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Por alguns instantes, ficaram olhando nos olhos um do outro.

Suspirando, Ariane olhou na direção do filho, que ria e conversa com seu colega de jogo.

Pedro olhou na mesma direção, e sorriu. Discretamente, sem olhar para ela, começou a brincar com os seus dedos.

Ela pensou em puxar a mão, mas como acontecera anteriormente, o formigamento em sua pele ao contato dele era agradável, e ela continuou a olhar para o filho, entrelaçando seus dedos nos dele, entrando na onda.

- Então ele é um nerd dos games e dos quadrinhos?

Ariane sorriu.

- Eu acho que poucos são os HQ's que você não encontra lá em casa, temos uma sala de jogos...

Ele olhou assustado para ela, até parou de acariciar a mão dela.
Ela sorriu.

- Não me olhe assim! Segundo os moradores do condomínio, o senador Érico, que era o antigo dono da casa mantinha mesmo uma jogatina no lugar. - Disse ela sorrindo.

- Mas meu avô deu fim em tudo, e por anos foi só uma sala vazia. Então minha avó achou que o quarto do Paulo estava pequeno para tanta tralha, e deu a sala para ele. E é lá que fica seus HQ's, seus videos games, xbox, fliperama...

- Você tem um fliperama em casa? Isso não atrapalha os estudos, a igreja? - Perguntou preocupado.

Ela ergueu a sobrancelha.

- Claro que não! Cada objeto que foi para aquela sala, foi discutido as regras primeiro. Até os instrumentos da banda, antes de tocar lá primeiro tem que falar comigo primeiro.

Ele gargalhou.

- Você comprou os instrumentos de toda uma banda? - Perguntou ainda rindo.

- Na verdade não! Que eu comprei foi só o violão, o teclado foi minha avó que deu; e os outros instrumentos foram os pais dos outros adolescentes.

Pedro ficou sério, não sabia praticamente nada do filho, precisava de mais tempo com ele; e precisava de tempo também com a mãe dele, de repente lhe pareceu que um mês era pouquíssimo tempo.

- Eu gostaria que ele fosse jantar lá em casa hoje. - Disse tímido.

- Eu já imaginava isso. Está tudo bem, e imagino também que ele está ansioso para conhecer o outro tio.

Ela olhou para o filho, durante tanto tempo foram só os dois, que era difícil para ela, compartilhar o amor, a atenção, os sorrisos do filho, com outras pessoas.

- Bem, sem querer abusar, será que ele pode dormir lá também? Por favor, eu queria um pouquinho mais de tempo com ele, e acredite é complicado para eu ficar sozinho com ele lá em casa. E amanhã eu queria sair com ele só nós dois. Seria possível?

- A Drica já tinha me dado esse choque de realidade. E sim será possível.

Ele sorriu, e ficou alguns instantes olhando suas mãos juntas e suspirou.

- Ariane, você está disposta a orar por nós, você estaria disposta a nos dar uma nova chance? A me dar uma nova chance?

Ela engoliu seco, seu cérebro não estava recebendo oxigênio; ela iria sofrer um derrame, respirou fundo.

Ele foi direto na ferida, era tudo o que ela mais queria, no entanto...

- Pedro, você já parou para pensar que vivemos em regiões diferentes; temos nossas vidas nesses lugares, tem toda a vida do Paulo, as pessoas que ele conheceu a vida toda...

No tempo de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora