Capítulo 1: O Estranho Homem e sua Missão

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Saindo da vila com o estranho senhor naquela tarde, Ikido e Eu estranhamos o por quê das capas e capuzes, que ele pediu para usarmos. Seguimos ele por uma rota estranha, com campinho curto e acidentado, sem luz por caisa das árvores com folhagens densas. O caminho foi mudando lentamente, até sair da floresta e entrar em uma pequena caverna, onde o senhor parou para descansar, por um pequeno tempo. O estranho homem era um velho alto e robusto, mas as mãos eram magras e com algumas cicatrizes. Por um breve momento ele abaixou o capuz, os cabelos grisalhos caíram sobre os ombros, ele levantou o rosto, nos olhou e em seguida levantou-se. Exclamou:
-Vamos logo.
Nós concordamos com a cabeça e seguimos ele.
Voltamos a andar e não demorou muito para ver o brilho do sol e uma saída tapada por vinhas. O sol estava a três dedos do horizonte, faltava alguns minutos para ele sumir e dar boas vindas a noite. Nós paramos pouco tempo depois do sol se pôr, eu acendi uma fogueira e me sentei ao lado de Ikido, o senhor estava a nossa frente.
-Vocês estão bem?
-Sim.- Eu respondi com a voz calma.
-Sim senhor.-Ikido foi um pouco mais formal, como se estivesse diante do lider da vila.
-Vamos caminhar bem cedo, espero que descansem bem essa noite.
-Tudo bem, senhor.
"Eu estava olhando fixamente para as estrelas visíveis no céu."
-Vocês sabem qual é a missão?
-Não foi dito nada sobre ela senhor.
-Tudo bem, eu vou explicar para vocês.
"Nos últimos dois anos, a vila dos rios e o reino do mar, na costa do país, estão tentando um tratado comercial, foi feito um acordo com um casamento diplomático. Obviamente nem todos seriam a favor, então foram feito ameaças e ataques a vila. A nossa missão é levar a 'Princesa', filha do lider da vila, para o reino do mar, necessitamos de ajuda para isso, pois achamos que poderia ocorrer ataques, para matar ela e impedir o acordo."
-Essa é uma missão muito importante.
-Kawaki, acho que deviam ter mandado pessoal mais experientes.
-Sim Ikido, mas temos que ser responsáveis e cumprir essa missão.
-Vocês são jovens, espero que saibam o que essa missão significa para minha vila.
-Não se preocupe senhor, darei o meu melhor.-Eu levantei num instante e bati a mão no peito.
-Em teoria, essa missão vai ser fácil. Mas vamos ter que mudar a rota que provavelmente já foi planejada.
-Mas por que?
-Como você disse, não sabemos quem é contra esse acordo, os inimigos podem ser da sua vila, infiltrados. Vamos fazer nossa própria rota.
-Pensando assim. -Levantei a mão até a testa e dei uma risada.-Mas vamos ter que calcular o tempo da rota e igualar a primeira rota, para podermos ficar despercebidos.
-Exato.
-Vocês jovens pensam rápido. Se sairmos cedo amanhã, chegaremos a minha vila perto do meio dia.
Ikido fez um selo para nos avisar se alguém se aproximar, então dormirmos a madrugada sem interrupções. Acordamos cedo e já estavamos prontos para continuar na estrada. O estranho senhor não falou o nome dele até agora. O caminho dessa vez era aberto, com árvores grandes e pouco separadas, seguimos na lateral de um rio grande, a estrada onde estavamos era larga e espaçosa, alguns agricultores passaram por nós acenando educadamente, com cães e carroças os acompanhando. Depois de uma longa caminhada, chegamos a entrada da Vila dos Rios. Algumas crianças vieram correndo em direção ao senhor, o agarrando, quase o derrubaram.
-O senhor é famoso por aqui.-Exclamou Ikido sarcasticamente.-Pelo menos com as crianças.
Uma das crianças, uma menininha veio em minha direção e pediu que eu a pegasse no colo. O senhor me olhou e riu. Tirou o capuz e exclamou sorridente:
-Ikido é brincalhão, mesmo com essa cara de sério.
-Hm...
-Eu sou ajudante em um orfanato, vai fazer uns quatro anos, desde que parei de fazer as missões da vila. Com guerras acontecendo de tempos em tempos, recebemos bastante crianças, aceitei essa missão por causa da remuneração. Com ela poderei ajudar a pagar as dividas e despesas do orfanato.
-Um santo iluminado. Vamos entrar na vila? Estou com fome.
-Detesto quando falo assim, mas também estou.
-Então vamos, acho que podemos chegar a tempo do almoço.
O senhor nos levou ao orfanato, um local bem grande, a casa principal era de madeira, mas havia uma pequena capela de pedra um pouco separado. Em volta do orfanato, tinha um rio onde duas crianças maiores pescavam, o campo era verdinho e florido, com algumas árvores grandes e vários cães peludos e grande, mas alguns eram da raça Shiba Inu. Entramos no orfanato e o cheiro de ensopado pairava pelo ar, algumas crianças passaram por nós com tijelas e se sentaram a mesa. Uma garota mais velha, passou por nós. Juntou as mãos e bateu palmas rapidamente para chamar a atenção de todos.
-Por favor, todos a mesa, vamos almoçar.
No mesmo segundo, em resposta a ela, as crianças gritaram sim.
-Vocês três aí, vão lavar as mãos e sentem-se conosco. Rápido não vamos ficar esperando.
-Sim. -Nós três respondemos com um aceno de cabeça.
Depois de lavar as mãos, nós sentamos e aproveitamos um bom almoço junto das crianças. O senhor nos deu o dia livre para descansar, o início da missão será amanhã, eu aproveitei e subi em uma das árvores do campo florido do orfanato, o dia estava meio quente, a sombra ali estava muito fresca, o vento balançava as folhas levemente na árvore, fazendo sons relaxantes, cada segundo eu respirava fundo em um profundo relaxamento.
A garota da cozinha veio andando a passos leves pela grama baixa, me olhando a distância e se aproximando cada vez mais, em um instante, ela subiu a árvore e se sentou ao meu lado, ficou quieta por um instante.
Ela soltou um suspiro.
-Você é um dos ninjas que vai fazer a missão diplomática amanhã?-Ela me perguntou indiscretamente.
-Por que a pergunta?
-Curiosidade.-Ela me olhou com um sorriso no rosto corado. -Eu nunca o vi por aqui antes.
-A missão está rodando de boca em boca por aqui?
-Na verdade não, mas eu escutei o senhor Kiatsu conversando com a Senhora Anna sobre isso.
-Vivendo nos limites da vida, né! -Olhei para ela com um sorriso no canto da boca.
-Você é bobo. -Ela me respondeu com cara de brava, inflando as bochechas.-Posso saber seu nome?
-Kawaki Nakami, sou da Vila das Estrelas. E você, qual seu nome?
-Natsu Hioshi. Quantos anos você tem?
-Dezoito. E você?
-Dezessete. -Ela sorriu ao falar, colocando a mão no rosto.
Depois de poucos minutos, comecei a reparar na garota, linda, com cabelos negros brilhosos, os olhos verde esmeralda, e a pele levemente bronzeada por causa do contato com o sol. Sua voz era leve e graciosamente falava cada palavra.
-O que uma garota como você faz por aqui, cuidar de crianças é bem desgastante, né.
-Eu gosto de ajudar aqui, quando posso estou sempre me aventurando com as crianças. Eu amo muito todas elas. Principalmente a Senhora Anna.
-Aliás quem é o senhor Kiatsu? É o senhor que nos trouxe?
-Sim, é ele mesmo.
-Acredita que ele não disse o nome dele enquanto nos trazia.
Nos dois começamos a dar boas gargalhadas contando histórias e acontecimentos, e o tempo foi passando, lentamente até nos darmos conta que o sol estava prestes a se pôr.
-Acho que seria bom a gente ir para dentro.
-Sim, está anoitecendo.
Eu pulei la de cima rapidamente, quando olhei para trás, de repente, o galho onde a Natsu estava se quebrou, não tinha tempo de pensar e agi rapidamente, me joguei em direção a ela conseguindo pegar ela antes que chegasse perto do chão. Na hora que eu pousei com ela, senti um abraço mais forte, quando olhei, senti o medo que dela emanava e através de seus olhos, uma lágrima solitária desceu pelo seu rosto. Eu a levantei.
-Você está bem, Natsu?
-E-eu a-acho que sim. -Ela se olhava, examinando a procura de ferimentos.
-Consegui pegá-la a tempo. Ainda bem.
-Muito obrigado Kawaki. -Ela me abraçou, um breve agradecimento.
Seguimos até a entrada, onde Ikido me parou com a cara séria.
-O que você estava fazendo alí?
-Ela caiu, eu a peguei antes que se machucasse.
-Você sabe que não podemos nos relacionar com pessoas durante as missões. Principalmente nessa de extrema importância.
-Sim, eu sei... Você é extremamente chato sabia?
-Sim eu sei. Kawaki.
-Hm... Ikido.
-Como ninjas da Vila da Estrela, somos totalmente responsáveis por qualquer falha.
-Eu sei. -Eu desviei o olhar.
-Vamos para dentro, tomar um banho e relaxar, seu crianção.
Aquela noite terminou em boas risadas entre nós dois. Antes eu não tinha feito par com o Ikido, mas estávamos nos dando bem.

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