- Bom dia, mitos. Sejam bem-vindos a mais um vídeo do quadro: Mitos Reais do Folclore Brasileiro. Como vocês já perceberam e me alertaram, ultimamente as lendas folclóricas que escolhemos tem sido bem perigosas para mim e minha equipe. Por isso esse quadro do Corpo Seco será a criatura que teremos que ter mais cuidado. Vou conversar com minha equipe e logo direi qual foi a resposta. A história do Corpo Seco é uma das lendas mais conhecidas aqui no brasil. Na menor e mais conhecida versão, ele era um homem muito mau, mas tão mau que no momento de sua morte, tanto o Céu e o Inferno o recusaram. Ele tentou ir para o Paraíso, mas Deus o expulsou de lá. A alma dele foi puxada para o Inferno, mas o Diabo o chutou de lá. Até a terra ficou enojada com ele, e ao tentar tragá-lo, cuspiu-o de volta. Agora, Corpo-Seco caminha sob a terra, como um cadáver extremamente apodrecido, ressequido e magro, onde se camufla perfeitamente contra as árvores, esperando um desatento passar por ele para matá-lo. Por isso fiquem ligados e nos acompanhem nessa aventura que irá deixá-los com o coração na mão. Se escrevam em meu canal e compartilhem com os amigos. Até daqui a pouco.
Parei a gravação e desliguei a câmera para usá-la hoje a noite. A introdução já estava concluída, só faltava dialogar com meus amigos sobre o porte de arma de fogo, começando por Tiago que mora comigo. Vi como ele ficou diferente após sobrevivermos ao Encourado, felizmente estou bem atento a suas atitudes e o guri me parece bem. Se teve algum resquício de trauma por ter matado uma criatura sobrenatural, ele não demonstra facilmente.
Foi pensando nisso que fui em direção a saída do meu quarto para pedir sua opinião. Abri a porta dando de cara com Tiago fingindo estar se ocupando com qualquer outra coisa a não ser estar me espionando pela fresta da fechadura.
- Vou fingir que você não está me vigiando – ironizei. – Se quisesse entrar era só bater.
- Ouvi você gravando a introdução do quadro, então esperei você terminar.
- Ainda bem que já está aqui – disse colocando meu braço entorno de seu ombro, conforme íamos para a sala de estar. – Queria saber se continua pensando em nos fazer parar de filmar as criaturas folclóricas.
- Sim – disse firmemente. – As criaturas folclóricas que vocês estão escolhendo tem sido as das mais perigosas. Não sei dizer qual deles é menos prejudicial, fora o Saci-Pererê.
- Ganhei essa cicatriz graças a uma delas.
- Viu só, se tivesse uma arma de verdade isso talvez não teria acontecido.
Chegamos na sala e nos sentamos em sofás diferentes. Um na frente do outro
- Eu aconselho a vocês a pararem de uma vez, ou então montar um bom cenário fictício com pessoas se passando por eles. Os riscos de se machucarem serão baixos.
- Realmente agora que sabemos a veracidade de cada um. Há certas criaturas que serão melhor permaneceram escondidas e deixadas quietas como estão – disse seriamente pegando meu celular.
Fui até o grupo que criei e mandei uma mensagem para meus amigos se reunirem a minha casa às 18:00 horas.
- Pronto. Hoje teremos um veredicto.
- Então agora é só esperar, né?
- Sim, até lá, vai se arrumando para ir à escola. Hoje é o último dia de aula antes do feriado de julho.
- Sem problemas – disse se levantando para se arrumar. A tarde toda ficarei refletindo no que Tiago me disse. Só restava agora esperar os outros e ouvir suas opiniões próprias.
.........
Quando anoiteceu meu grupo já estava na sala conversando sobre o futuro do quadro. Havíamos chegado a uma conclusão que mudaria o nosso quadro a partir de hoje.
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Série Mitos Reais do Folclore Brasileiro
Short StoryContinuação do primeiro volume Mitos Reais do Folclore Brasileiro- Edição Extra: O Saci-Pererê