Capítulo Três.: Ourobouros.

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    Foi bem simples, não existia nada na internet sobre a caixa, mas em alguns sites as três encontraram algo sobre as imagens em relevo de suas laterais, são mistura de escritas antigas, Nomikos e Tanaka identificaram três tipos de escritas, mas nenhuma das duas soube traduzir com perfeição, apenas partes um pouco de cada, Iza se encantou com a tampa que havia entalhado em si a Ouroboros, Bell vendo o encanto de sua amiga se aproximou para analisar também.

   Era semelhante a Ouroboros, símbolo presente em muitas religiões, mas atualmente se destaca por sua presença na mitologia Nórdica, mas dentro da cobra em suas escamas havia runas e dentro do círculo formado pela serpente há uma espada equilibrando com seu cabo a balança. Observando a imagem entendeu o porque da caixa não abria de jeito nenhum e talvez fosse por isso, elas haviam usado força bruta ao invés da inteligência, Bella se sentiu paranoica por um momento e hesitou em continuar, ela amava fazer e resolver enigmas, era o seu passatempo, quanto mais difícil melhores eles são, por pensar sempre desta maneira talvez errada desta vez. Bella e Julia tinham um grande conhecimento sobre historia, línguas e cifras, que se mostrou deveras útil no momento, o que importava para abrir a caixa não era o seu conteúdo laterais e nem mesmo o que está em baixo, mas sim o que as três imagens representam para quem as criou.

    Com sua linha de raciocínio e o básico de seu conhecimento deduziu que a serpente representava não apena a Ouroboros destruição e caos, mas o circulo do universo, gerando equilíbrio pela balança e justiça pela espada, as runas não estavam dispostas em ordem aleatória, elas desciam em um aviso, diziam algo, mas as três estavam curiosas demais para tentar traduzir tal alfabeto e Nomikos sabia agora como abrir a caixa, sua especialidade nunca foi enrolar ou fazer cena. Ela empurrou as serpente e a girou em sentido do equilíbrio, mas nada aconteceu, o que a deixou frustrada ao ponto de socar o centro da caixa, foi então que ouviram um crack, Bell puxou a caixa com medo de tela danificado, mas o barulho era do mecanismo que a mantinha fechada se abrindo, o que a deixou aliviada.

    - Só era preciso dizer que eu apertava para você.- Brincou Iza, vendo que o momento de raiva da amiga havia lhe gerado uma certa vergonha.

    Bell sorriu e terminou de abrir a caixa.- Um Livro.

   - Obrigada por constatar o obvio Bell.- Julia se encostou, estava frustrada, achava que seria algo bem mais interessante, mas ela não podia exigir muito estando em uma biblioteca, Bell revirou os olhos enquanto a amiga puxava a caixa para si, tentando ver se havia algo amais.

    Bella abriu o livro, em algumas partes ele estava em branco, em outras havia texto em inglês, noutras em português, em suas bordas haviam rabiscos em, as paginas mais rabiscadas em suas laterais eram as que tinham desenhos, um em especial lhe chamou a atenção, um anjo de asas escuras empunhando uma espada, Bell com toda certeza perderia as férias analisando pagina por pagina do livro.

    - Não é um livro qualquer Ju.- Bella após meia hora voltou ao lugar em que suas amigas se encontram, não que ela tivesse saído, mas estava tão distraída que nem os menos perceberia se fosse deixada sozinha.- É um grimório.- Sorriu malandra.

    - Agora sim esse livrinho ficou interessante.- Julia que estava conversando com Iza sobre alguma coisa interessante para as meninas voltou toda a sua atenção para o livro deixado sobre a mesa.

    Após um bom tempo revirando o livro de capo a rabo as meninas partiram deixando com Bella seu achado, a garota se distraiu facilmente com o seu artefato, quando sentou-se no ônibus o pegou para ler, seu perfeito inglês lhe era muito útil para entender o que o autor queria dizer sobre as criaturas, se surpreendeu ao achar imagens de folclores e indicações de invocação da criatura sendo seguida pela melhor forma de banimento, alguns sendo mais complexos que outros, e muito com materiais ilegais no país, mesmo assim é interessante, a maioria das páginas são datadas, as datas são de séculos, mas poderiam muito bem serem forjadas, ela não teria como saber precisamente a origem do livro em suas mãos e nem se poderia confiar na data a qual fora escrito, o único indicio de que poderia ser mesmo de 1600 é alguns breves relatos sobre o Brasil colonia e os Estados Unidos. 

    o amor vivido por quem o escreveu e a forma trágica a qual tudo se partiu, a mulher lhe foi arrancada por uma criatura das trevas, a qual ele perseguiu durante anos até conseguir aprisionar. Havia uma caricatura da mulher, Dulce, o que o fez chegar ao atual Brasil para ter exito em sua missão de vingança, Bella procurou mais sobre sua história, mas não tinha muito, são tantos fragmentos.

        Quando chegou naquela tarde sua irmã Samira cozinhava enquanto que Helena sua mãe estava desfalecida no sofá sem animo até para continuar a assistir a televisão, ela entrou na surdina e deu um pulo sobre sua mãe a assustando, Assim que ouviu o grito de sua mãe Samira sabia que sua irmanzinha havia chegado e logo Bell marcou sua presença dando um beijo por obrigação em sua irmã para a mesma não lhe bater, aproveitando e roubou um pedaço de batata que estava sendo frita. O almoço sairia tarde aquele dia, como em muitos outros, então subiu para o seu quarto.

   Bella parou a sua narração sobre os fatos do dia onze, lhe parecia desnecessário contar seus fatos pessoais, não seria de peso para a investigação, talvez lhe fosse útil para gerar uma empatia dos policiais, mas se fosse acusada do crime teria de gerar empatia no jure; ela não é a culpada, mas se uma acusação formal for feita e eles provarem que ela tem culpa sera julgada e condenada, apesar de condenar a si mesma já; talvez o fato de estar tendo de contar seja uma forma deles a conhecerem melhor ou acalmar a tempestade para virarem o barco por si mesmos.

    - Srt. Nomikos?- Bell engoliu todos os pensamentos e voltou a falar.

O Depoimento de Bella NomikosOnde histórias criam vida. Descubra agora