Prólogo.

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    - Olha lá.- Um homem gritou ao longe fazendo a mulher se encolher entre a raiz das árvores feito uma garotinha assustada engolindo o choro para não chamar a atenção para si.

    O mínimo do barulho feito pelos homens faz seu coração acelerar, ela sente-se acuada e cada vez mais tenta se camuflar entre as raízes da árvore, abaixa a cabeça, tampa os ouvidos e fecha os olhos em uma tentativa de se ocultar ainda melhor. Seu coração para por segundos ao sentir ser agarrada, seu corpo todo gela, suas mão tremem e não consegue se mexer, sua garganta trava e nenhum ruido sai dela, suas lagrimas secaram a um bom tempo e mesmo que as tivesse intactas não as derramaria, seria um desperdício e inútil.

    Ela foi puxada para fora de seu esconderijo e sem forças para lutar se entregou de bandeja de olhos fechados para não ver os olhos que lhe causam tanta repulsa e pavor, mesmo não querendo seu corpo tremia da cabeça aos pés, ela estava com frio, mas o tremor é do pavor que percorre por suas veias, o frio só lhe trás a sensação de um breve momento de tranquilidade. Sua mente passou a desejar que fosse rápido e, com seus inúmeros pensamentos e sentimentos, deixou uma lágrima escorrer pelo seu rosto sendo secado pelo vento, um cobertor foi posto sobre seu corpo enquanto ela era carregada ainda de olhos fechados temendo abrir e tudo não se passar de uma grande ilusão.

   - Vai ficar tudo bem criança.- Ela ouvia todo tipo de murmurio, mas esse a acalmou com sua afetividade paterna.

    Aos poucos se permitiu abrir os olhos, não estava mais escuro, as nuvens corriam e davam sinais de mudança anunciando a chuva que em breve chegaria, ela passava e enxergava as copas das árvores balançando conforme o vento sopra, mesmo a luminosidade sendo fraca lhe estava sendo incomodo então fechou por um momento os olhos. Quando os abriu foi rápido, logo que os fechou apertou com tanta força e se permitiu fazer a pergunta que vagava em sua mente com uma voz que a negava.

    - Acabou?- Ela precisava saber, não para comemorar, mas para se permitir chorar como se o seu mundo houvesse acabado, pois naquele final de semana ele acabou.

    - Sim, você está segura.- Ela achou que sentiria um alivio ao ouvir, mas deixou ser tomada por um vazio que não cabia em si.

    Ela desceu do colo do homem que a carregava apenas para cair ajoelhada no chão e gritar espantando todos os animais que a observavam, seu grito encheu de dor o corpo de todos que o ouviram, indescritível, apenas quem o ouviu poderia entender a sensação que emanava da mulher fragilizada de quatro no chão sem derramar uma lágrima pois não se permitiria o fazer ali, sobre olhos curiosos. Mesmo que se chorasse seria considerada forte e corajosa, por demonstrar o que sentia em seu peito, seu coração batia ardido bombeando veneno em suas veias.

    Se levantou sem ajuda alguma e caminhou de cabeça baixa pelo caminho que era conduzida, haviam feito buscas por um sobrevivente e acharam, não uma mulher, uma garotinha assustada tentando ser forte, para não ruir por completo, não queria deixar a tapeçaria ser desfeita antes de completar seu final.

O Depoimento de Bella NomikosOnde histórias criam vida. Descubra agora