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" Jones. Maggie Jones. "

Levantei-me da cadeira azul desconfortavel do hospital privado e dirigi-me para a sala de análises. Não se encontrava muita gente na sala de espera, talvez por ser véspera de ano novo. Sim, 2014 está prestes a acabar e por mais estranho que pareça eu estou desconfortavel com isso. Este ano, apesar de tudo, foi bom e eu não quero mudar de ano. Não gosto de mudanças.

" A que se deve esta visita menina Jones? "

Apesar de aparentar ser simpático, o enfermeiro, não sabia se havia de responder a verdade ou inventar uma desculpa. Aparentava ter uma idade próxima da minha, um pouco mais velho diria. Bem, responde menina Jones.

" Preciso de fazer análises. "

Respondi o óbvio mas não estava para cvonversas. Não gosto de conversar. Provavelmente o enfermeiro revirou os olhos à minha estúpida afirmação mas não é algo que me interesse agora. Puxei a manga da camisola para cima e respirei fundo enquanto o esbelto homem com a seringa na mão retirava a porção de sangue necessária.

" Pronto, já pode ir menina Jones. Tenha uma boa passagem de ano. "

Ajeitei a camisola, sacudi as calças e vesti o meu preto casaco de cabedal. Peguei na minha mala preta e olhei o enfermeiro que me encarava com um sorriso de quem contia uma gargalhada. Até eu própria me queria rir da minha confusão mas manti uma postura profissional e séria.

" Obrigada e igualmente. "

Disse simplesmente e saí do consultório. Caminhei até à fila de pagamento que era ligeiramente grande em relação ao número de pacientes que estavam presentes dentro destas quatro paredes. 20 pessoas. Estavam presentes ali 20 pessoas, nem mais um, nem menos um.

" Com participação de a.d.s.e.? Portanto, são 5,50 euros. "

Paguei. Após o pagamento saí do hospital. Não gosto de hospitais, porém passo muito tempo nestes. Mas a dor que eu tenho presente em mim, eles não curam. Saudade. Talvez eu estivesse a precisar de fazer uma visita à minha irmã mas por enquanto não posso gastar dinheiro com bilhetes de autocarro. Tenho de pagar a renda do apartamento se quero continuar nesta universidade. Um part-time em 2015 parece ser uma boa iniciativa.

" Cuidado! Vê por onde andas! "

Um rapaz esbarra contra mim fazendo-me cair de rabo no chão. Por amor de deus! Levanto-me e reviro os olhos para o seu estúpido comentário. A verdade é que estava distraída mas não era necessário ser tão rude. Loiro estúpido! Passei por ele e dei-lhe um encontrão prepositadamente o que fez com que por segundos perdesse o equilíbrio.

23:45.

Talvez um passeio pelo jardim da cidade não seja mal pensado. Coloquei um casaco quente e um cascol castanho envolvido no meu pescoço e saí do meu acolhedor apartamento.

23:55.

Bem, está quase a ser a passagem de ano. Vejo pessoas chegarem perto da praça para fazerem a contagem decrescente e assistirem ao fogo de artifício. Não gosto de fesejar a passagem de ano, é algo aborrecido quando estámos sozinhos.

" 10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2... au! "

Boa! Esbarrei com uma pessoa logo no primeiro segundo do ano. É preciso ter sorte.

" Tu? "

" Isso digo eu. ' Vê por onde andas? ' mas quem esbarra com as pessoas és tu seu idiota. "

" Pronto, desculpa estúpida. "

" Loiro burro! "

Após o meu último insulto o rapaz loiro virou costas e começou a andar mas não por muito tempo. Ele parou e rodou sobre os calcanhares ficando de frente para mim.

" Estás sozinha? "

" Sim... Tu? "

" Eu estou com... Oh, esquece! "

" Com? "

" A minha mãe... Tu sabes como as mães podem ser. "

" Não, eu não sei. Feliz ano novo, desconhecido. "

" Luke Hemmings "

" Não me lembro de ter perguntado. "

Agora foi a minha vez de virar costas e sair dali. Correr, foi o que eu fiz. Sinto falta da minha mãe... Muita falta. Se não tivesse saído dali o mais provavel era começar a chorar. Não gosto de chorar. Chorar é um sinal de fraqueza por mais que as pessoas inventem desculpas para não o ser.... O choro não passa disso.

' Maninha, provavelmente já estás a dormir. Ahm, feliz ano novo! Prometo que 2015 será um ano muito melhor. (...) '

Assim que cheguei a casa ouvi o atendedor de chamadas. A minha irmã! Corri até lá de uma maneira desajeitada e atendi fazendo com que interrompesse o seu discurso.

" Desculpe deve-se ter enganado... "

" Maggie! Como estás? "

" Bem. E tu, como estás? "

" Sinto falta da minha irmã. "

" Eu também, Ella, eu também. "

" Que fizeste hoje? "

Já cá faltava a pergunta. Dizer a verdade ou mentir? Não lhe posso contar, ela iria-me fazer voltar e ficar. Não gosto da ideia.

" Estive em casa. Quer dizer saí de manhã para ir ao super mercado e agora à noite para ver a contagem. E tu? "

" Sydney mudou-te, agora até já festejas a passagem de ano. Mag, vou ter de desligar o Jonh e eu vamos sair. Amo-te! "

" Nada disso. Ok. Xau! "

" Adeus! "

Mentir não é algo de que me orgulho.

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⏰ Última atualização: Feb 21, 2015 ⏰

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four walls [ luke hemmings ]Onde histórias criam vida. Descubra agora