12• Quantum Physics

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Eu realmente preciso de você comigo, é tão solitário nesta cidade
Se você nunca soubesse o que queria
Como você poderia saber apenas
O que você está perdendo

- Smile, Nohidea

Eu socava o saco de pancadas vermelho aplicando cada mísero vestígio de ódio presente em meu sangue como um veneno pronto para me destruir a qualquer instante, penetrando minhas entranhas da forma mais cruel possível, e de certo aquele sentimento ...

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Eu socava o saco de pancadas vermelho aplicando cada mísero vestígio de ódio presente em meu sangue como um veneno pronto para me destruir a qualquer instante, penetrando minhas entranhas da forma mais cruel possível, e de certo aquele sentimento não ia embora junto com o meu esforço físico. Infelizmente tudo o que surgiam em seu lugar eram feridas nas juntas das mãos se intensificando aos poucos. As gotas de suor me banhavam, e mesmo assim continuava a proferir os socos, ainda que minhas mãos doessem porque a dor física se tornava aos poucos melhor que a emocional como um tipo de remédio que eventualmente me faria mal, mas no momento era absolutamente tudo de que precisava para anular os sentimentos ruins. Eu sentia raiva de mim principalmente por ser um idiota, e por lembrar de momentos da vida os quais eu queria esquecer e mesmo assim não conseguiam pois estavam marcados na memória até o último dia da minha inútil existência

Sempre que fechava os olhos só o que pensava eram os gritos e o fogo, muitos gritos embriagados sendo confundido com vestígios de risadas infantis ecoando em meus ouvidos. Mas quando os abria, tudo o que via em minha frente era o saco de pancada e meus punhos o acertando com toda a força como se pudesse voltar no tempo para mudar tudo o que aconteceu naquela noite, mas era óbvio que não, seria tão simples se fosse apenas isso

As vezes me pego imaginando a possibilidade de isso tudo ser apenas um pesadelo, sabe? De não passar de um enorme engano, ou por ironia apenas uma alucinação da minha cabeça, me pregando peças

— Garoto — Senti a voz distante me chamar, e mesmo assim continuei o que estava fazendo o ignorando totalmente. Tinha a sensação de meus olhos aguados, e juro que pude sentir as lagrimas transbordarem por ele enquanto meu coração batia totalmente descompassado, ditando por si só o ritmo dos socos ou até mesmo os impulsos do cérebro — Logan — A voz chamou novamente, dessa vez dentro da minha cabeça. Era a porra da voz de uma criança, que foi o suficiente para tornar minha respiração mais ofegante, e com ela a intensidade dos socos apenas aumentava. Quando me dei por mim minha mente já havia me levado novamente ao meio das chamas avermelhadas e escaldantes — Logan! — E então o grito do faxineiro me despertou, trazendo meu corpo de volta a academia velha e mal iluminada novamente como se nunca houvesse saído. Sentia minhas juntas doerem, apesar das fitas envolverem todo o percurso dos pulsos até os dedos e mesmo assim procurei encarar o velhinho a minha esquerda

Ele tinha olhos preocupados e sobrancelhas grossas já brancas, evidenciando sua idade avançada, mesmo assim não chegava sequer ao meu ombro no quesito altura. Retirei os fones do ouvido com a boca entreaberta e a respiração ofegante e voltei a olhar ao redor. Vazia. A academia estava completamente vazia exceto por nós dois

Minha mente acabou me levando por tempo demais. Acontece de vez em quando, em algumas crises acabo me tornando alguém que eu mesmo não reconheço, viajo por horas em um mundo que já deveria ter largado para trás a muito tempo, só não descobri como exatamente faria isso

The Little DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora