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Eu tentei nadar para a margem
Mas meus pés foram pegos no meio
E eu pensei que tinha visto a luz
Mas, oh, não
Eu só estava preso no quebra-cabeça

- Stuck on the puzzle, Alex Turner

Meu quarto fica extremamente confortável na companhia de Charlotte

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Meu quarto fica extremamente confortável na companhia de Charlotte. Passávamos a maior parte do tempo juntas conversando sobre besteiras e coisas que temos em comum. Hoje em especial estava me ajudando com as músicas antes que a aula começasse

Ela pegou meu caderno entre os dedos finos e o folheou, brincando com as notas e as palavras. Algumas rimas soavam doce com o som da sua voz acolhedora, e me faziam pensar na possibilidade de sobrepor o seu canto ao meu em uma das gravações.

Quando eu tinha doze anos ganhei uma mesa de remixagem e um computador dos meus tios. Eles sabiam que eu gostava de música, e que meus pais não aprovavam, e mesmo assim presentearam em um natal oportuno. Desde então eu gravo as músicas que componho, e alguns covers vêm com facilidade. Na maioria das vezes não uso ela, mas sim as fitas na WS, porém ultimamente lá tem sido o último lugar que realmente desejo estar

— Essa está muito boa, mas já pensou em colocar o baixo no fundo? E um teclado no início do refrão cairia bem — Ainda sentada na cadeira arremessei o a caneta para ela, que rabiscou nos cantos conforme balbuciava a melodia.

Ela não conhecia as notas, mas bastava eu tocar para que aprovasse ou não o som.

— O que acha de uma coisa leve? — Aproximei o microfone e pressionei a tecla com delicadeza. Ela mordeu os lábios pensativa. Empurrei a parede com as pernas tomando impulso para deslisar pelo quarto até a parede aonde o baixo estava apoiado e dedilhei algo. As notas se misturaram com o som do teclado com menos de dois cliques no computador — Assim?

— Hm... Tenta colocar o efeito... aquele lá. Argh eu não sei o nome — Sorri do seu arsenal de xingamentos e das bochechas cheias que coraram contra a sua vontade

Enquanto buscava os efeitos senti Charlotte se aproximar devagar e esquadrinhar a tela comigo

— Não conversamos sobre ontem — Sentou-se sobre o puff desviando das plantas penduradas simetricamente na parede

— O que aconteceu ontem? — Mas era claro que Lotte não cairia na minha atuação de desentendida.

Lembrei da noite passada, quando dormi nos braços de Logan, e de como dançamos no bar, e a nossa conversa. De como eu me senti feliz e esqueci alguns dos problemas que me cercavam

— O novato veio te buscar aqui, e de acordo com seu irmão não dormiu em casa — Esclareceu. Ela foi bem direta, sem rodeios e enrolações

— Oh, isso — afirmei girando no próprio eixo da cadeira brincando com meus cachos — Nós fomos a um bar bem depois da ponte — Essa parte pareceu surpreende-la por completo. Desde pequenos fomos ensinados que depois da ponte vinha a periferia, um lugar não digno da nossa presença, mas é claro que já fomos, o único porém era que nos últimos anos as coisas têm ficado complicadas — Dançamos, e conversamos. Ai acabamos na casa dele

The Little DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora