América
- Santa Mãe de Deus! - Carla disse e sentou na cadeira - Quem diabos inventou a avaliação?
- Foi tão ruim assim? - Joana perguntou mexendo no celular.
- É, fui péssima. E você, Ame?
A semana de pré-provas tinha passado tão rápido quanto começou, mal tivemos tempo para estudar e fixar algum conteúdo. O sistema acha que se passar mais avaliações para os alunos, eles serão motivados. E é óbvio que isso não acontece. Parece que toda essa pressão acaba sufocando e todos se saem mal.
- Eu sabia a maioria das respostas. - falei e dei uma mordida no sanduíche.
Carla bufou. Eu entendia a frustração dela, dessa vez eles tinham estudado intensamente e isso gera uma esperança.
- Não sei pra que isso existe. - ela comentou.
- Temos que ser avaliados de alguma forma, não?
- É, mas não acho que seja a forma mais efetiva. O que acha, Joana? - Carla puxou o celular dela, fazendo-a prestar atenção na conversa.
- Sei lá, acho que outro método seria melhor.
- Fazemos provas teóricas e práticas. - falei - Eles testam nosso conhecimento técnico e prático, não é o melhor método?
- Será que é mesmo? - Carla perguntou - Nem todos conseguem se sair bem nas provas, mesmo tendo conhecimento, às vezes o nervosismo atrapalha ou a pessoa não está bem naquele dia. Tudo isso envolve. Eu vi que uma faculdade onde eles faziam gincanas, projetos, debates, discussões e tudo isso contava como nota.
- Eu não vejo problema com as provas. - falei.
- Sim, você não fica nervosa, mas nós ficamos, sabe? Nem todo mundo é como você.
Ela tem toda a razão do mundo. Nem todo mundo é como eu e não desejo a ninguém isso. Lembro que fiz uma promessa de que iria ser uma amiga melhor. De que iria me esforçar para entendê-las e ajudar. Mas ela errou sobre dizer que não fico nervosa. Eu fico. Ao menos eu fiquei naquele dia.
- Qual a solução, então? - perguntei - E sabe que reclamar aqui não vai mudar nada.
- Já ouviu falar na Teoria da Contingência? - Joana perguntou, Carla e eu negamos - Bem, para encurtar conversa, ela diz que "problemas diferentes, soluções diferentes". - Joana fez aspas com os dedos.
- E? - Carla perguntou.
- E que nem todos os alunos podem ser avaliados do mesmo jeito, pois são pessoas diferentes, ou sejam, problemas diferentes, em síntese, as soluções seriam as provas.
- Mas como isso iria funcionar? Um tipo de avaliação para cada aluno?
- Não. - Joana respondeu - É basicamente o que a Carla disse, se pudermos propor várias avaliações para a turma, teremos soluções diferentes para problemas diferentes. Por exemplo, cada avaliação valeria dez por cento da nota, isso não iria prejudicar diretamente o aluno, tendo em vista que ele poderia se adaptar.
- Colocar mais "avaliações" não iria pressionar mais vocês? - perguntei.
- Não se elas não tiverem cara de avaliações. - Carla disse - Eu super participaria de um debate.
- Você sabe que temos um clube de debate no nosso curso, não sabe? - perguntei.
- Tem?
- É, tem. - respondi - Enfim, talvez funcionem, deveriam ver com o restante do pessoal e fazer uma proposta.
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América Para Um Americano
RomanceAmérica sempre foi uma garota decidida de suas escolhas, determinada e astuta. Ela vivia em um rancho em Waco com seus pais, sua irmã Lana e seus queridos animais os quais ela trata como da família. Mas a vida é cheia de gracinhas, não é ? O mundo...