(Frank)
Em poucos minutos, Bert havia me contado inúmeras de suas aventuras sexuais com seu novo colega de trabalho, e eu ouvia tudo, algumas vezes sentindo dor no estômago de tanto rir, noutras tentando não vomitar pelos detalhes que Bert se orgulhava em expor.
Eu também havia lhe contado com um pouco mais de detalhes como vim parar na residência dos Way. Lhe contei de forma crua sobre a história de Gerard e de como como ele era tratado feito uma criança de colo por aqui. Bert ouvia atentamente enquanto colocava a mesa, vez ou outra soltando alguns resmungos e suspiros que demonstravam o quanto ficava triste por Gerard, embora sequer o conhecesse.
Depois disso, Bert se acomodou enquanto eu tratei de gritar Gerard do andar de baixo, alto o suficiente para que ele pudesse ouvir de seu quarto.
Este não demora a aparecer na sala de jantar, usando a mesma gola polo branca de antes, e agora com com calças azuis de tecido fino em baixo, do avesso. Elas estavam do avesso pra valer. Era adorável e hilário na mesma proporção.
– Caralho, mas que gostoso. – Bert deixa escapar por entre os lábios finos, descaradamente e audível o suficiente para que Gerard pigarreasse desconfortável.
Sibilo o seu nome repreendendo-o silenciosamente, e ele apenas formula uma careta num pedido mudo de desculpas.
Gerard se acomoda em seu mesmo lugar de sempre, e eu me sento ao lado de Bert, que o observava de cima a baixo, encantado por seus traços realmente delicados.
Gerard busca o pegador de macarrão tateando a mesa, e eu o empurro para mais perto de sua mão que logo sente metal gélido em seu tato. Me certifiquei de fazer isso em silêncio absoluto para que ele soubesse que encontrou sozinho.
Ele se serve da massa, derrubando um pouco pela mesa, mas ainda sim colocando uma ótima quantia em seu prato. Após servir-se, passa a segurar um garfo em uma mão, tendo na outra uma colher, a qual ele inclina fazendo de anteparo para enrolar o macarrão no garfo, evitando assim uma grande sujeirada e acabando por comer com a maior elegância do mundo.
Eu pensava que assim como eu, Bert também observava Gerard servindo-se sozinho, mas ao me dar conta, noto o olhar de Bert pesar em mim, mantendo um enorme sorriso maníaco nos lábios; aquele mesmo de quando ele estava prestes a me matar de vergonha na frente de alguém.
– O quê? – Pergunto intrigado.
– Você tava olhando pra ele. – Bert faz o possível para sussurrar, sem sucesso. Havia soado audível o bastante.
– Não, não estava. – Sussurro de volta.
– Estava sim. – Ele retruca.
– Não estava. E cala essa maldita boca. – Artículo asperamente.
– Qual é, ele nem pode ouvir a gente.
– Posso sim. – Gerard sussurra em zombaria. – Eu sou cegueira não é o mesmo que surdez.
– Ah, é... Oi, eu sou o Bert. – Bert o cumprimenta descaradamente, estendendo a mão para Gerard esperando que ele o cumprimentasse de volta, esquecendo completamente que Gerard não estava vendo seu gesto. – Você é...?
– Gerard. – Ele responde friamente enquanto leva uma garfada de macarrão até a boca.
Um silêncio desconfortável entre nós três se forma, e somente o tilintar dos talheres era audível.
Após alguns poucos minutos que mais pareciam horas, Gerard é o primeiro a terminar sua refeição extremamente rápido, levando sozinho o prato até a pia da cozinha e retornando tateando o chão com sua bengala, sumindo em direção às escadas.
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Behind Your Eyes
FanfictionO luto trouxe a Gerard não só a dor da perda como também a ausência de visão, o prendendo em uma cegueira psicológica como mecanismo de autodefesa. Sofrendo de uma doença psicossomática e lidando com cuidados excessivos, tendo toda a sua independên...