Inúteis

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Olá de novo!

Como estou apenas revisando e ajustando alguns detalhes pode ser que os capítulos saiam rapidinho, a não ser que eu acabe por decidir mexer em algo.

Bem, espero que tenham uma boa leitura!

...

Cansado. Taehyung nunca se sentiu tão cansado em tão pouco tempo.

Apesar de não possuir grande resistência como alguns Originais que tinha conhecido, ainda tinha a capacidade de resistir muito mais do que um humano normal. Porém seu cansaço ia muito além do físico, era mais mental mesmo. Vinha nos últimos dias tentando expandir sua habilidade, tentando descobrir do que poderia ser capaz além de dizer algumas graças para alguém sem que qualquer outra pessoa ouvisse.

Foram várias tentativas, todas elas frustradas.

— Se eu não achar uma utilidade melhor do que fingir ser um fantasma transmitindo minha voz na cabeça das pessoas, não vou fazer nada além de atrasá-los — resmungava consigo mesmo, sabendo que seu amigo estava próximo, tentando manter a geladeira ligada com descargas de energia enquanto a luz do bairro não retornava.

– Taehyung, você sabe que as habilidades dos Originais são bem inferiores comparadas às dos Marcados. Não precisa ficar se remoendo por não possuir grandes poderes. Além do mais, nós não recorremos a armas à toa. Vê como a Olivia se sai bem com as correntes?

A carranca que se forma no rosto de seu amigo faz uma memória antiga se avivar na mente de Namjoon, quando ainda eram crianças perdidas perseguidas por todos os lados e tiradas de suas famílias.

Não fosse pelo outro Original era bem capaz de que agora ele ao menos se reconhecesse, isso se ainda estivesse vivo. Ele nunca mais tinha visto nenhum dos que haviam sido levados por aquele exército com máscaras de respiração que lhes davam a aparência de ratos macabros dentro de roupas completamente fechadas.

Ainda se assustava ao sair nas ruas de dia — quando podia colocar óculos de sol para esconder a íris de círculos cinza e azul claro vibrante — e deparava-se com todas aquelas pessoas usando a mesma máscara, mesmo depois de quase trinta anos desde o ocorrido. As pessoas haviam ficado tão traumatizadas com tudo o que ocorrera naquele tempo que até hoje carregam o medo em seus olhos e nas mãos trêmulas. A natalidade havia reduzido de modo brusco, pois todos tinham pavor das crianças poderosas que surgiam, isso quando em seus lugares não vinham deformidades que sobreviviam por poucas horas antes de virem a falecer por não terem um organismo completo ou funcional.

Muitas pessoas atingidas tiveram suas células afetadas e desenvolveram câncer ou sofreram queimaduras e hemorragias dependendo do local em que estavam quando a tragédia aconteceu. Os cientistas não sabiam dizer a extensão do problema na época, mas hoje havia cidades fantasmas próximas às usinas destruídas e muitos turistas nem ousavam ir para o país, temendo serem afetados de alguma forma.

Todas aquelas consequências, somadas agora aos frequentes ataques de bestas que lembravam humanos, mas ninguém sabia dizer se um dia já o foram, mudaram completamente o estilo de vida coreano a um cenário quase que pós-apocalíptico.

A risada incrédula de Taehyung preenchendo o ambiente faz Namjoon retornar ao presente, vendo os cabelos claros serem jogados em um gesto irritado.

— Esse exemplo seria até plausível, caso a Olivia não conseguisse emitir fogo através de qualquer coisa. O que é bem mais útil do que ficar falando a senha errada na cabeça de alguém até ela trancar a própria conta – bufou, levantando do chão onde estava sentado até então para seguir até a saída do pequeno e escondido apartamento onde viviam.

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