Heterocromáticos

Constantes tormentos

Olá! Estão todos bem?

Demorei mais um pouco dessa vez porque acabei me enrolando com algumas tarefas e tudo mais, mas estamos de volta, finalmente.

Enfim , tenham uma boa leitura!

...

Para não ter a viagem como totalmente perdida, o mago decidiu levar o grupo até uma biblioteca pública — afinal seu amor pelo conhecimento era notável — a qual um dia já foi ocupada pela prefeitura. O que explicava o formato de sua estrutura de prédio antigo e que ainda conservava a sala de reuniões e o gabinete do prefeito, mas os outros não viam com bons olhos perderem tempo visitando pontos turísticos enquanto havia aqueles cães farejadores atrás deles.

Por mais que estivessem usando os disfarces produzidos pelo mago, em que até o próprio utilizava de roupas sociais comuns, era muito incômoda a sensação de andar de dia ao ar livre, onde pessoas comuns iam para distrair as mentes de um dia estressante, passear com a família ou simplesmente alimentar um passatempo.

Hoseok, no entanto, tinha um outro objetivo visitando o lugar e não demorou a se embrenhar entre as estantes atrás de um livro específico, deixando o restante do grupo com tempo para sentar nas escadarias onde outras pessoas se espalhavam para lerem as mais diversas obras.

Depois de terem passado por tanta gente não havia mais tanta tensão em estarem expostos ao público, ainda que não baixassem a guarda para qualquer movimento estranho. Olivia, entediada com a demora, pegou um livro infantil e começou a folheá-lo, divertindo-se com a história leve contada, já Yoongi olhava intimidado para todas aquelas palavras e o original pareceu perceber os vincos em sua testa, junto com o rosto confuso ao tentar entender a história através apenas dos desenhos coloridos.

— Você sabe ler? — indicou uma das páginas do livro nas mãos da adolescente e ele negou.

— Não essa língua — referiu-se às palavras em hangul, que o lembravam vagamente da forma de escrever de seus criadores. — Os feiticeiros não utilizam idiomas atuais em seus rituais e os outros criados se comunicam mais por sons grotescos do que por palavras em si. — Seu nariz franze ao lembrar dos ruídos estranhos que fazem. — Eu aprendi a falar como os humanos por causa de Hongbin, mas acho que agora sabendo que fui um humano antes pode ser que tenha sido um fator que ajudou também — disse, trazendo as pernas dobradas para perto e as abraçando como se fosse um conforto diante da confusão que toda aquela história fazia em sua cabeça.

— Acha que ele pode ter substituído suas memórias? Já que tem lembranças de sua infância vivendo com eles? — A possibilidade não era de todo absurda, mas o marcado tinha muita certeza de suas memórias para saber que elas não haviam sido implantadas.

— Talvez eu tenha sido levado quando ainda era muito novo — palpitou. O que também não fazia sentido em sua mente.

Uma criança traria que benefícios para um feiticeiro?

Antes que Taehyung pudesse pensar nas intenções que poderiam ter incentivado Hongbin a fazer o que fez, Hoseok apareceu correndo afobado, quase atropelando as pessoas sentadas nos degraus. Em uma das mãos carregava um livro grosso e gasto e, pela sua expressão, algo estava muito errado.

— Corram, corram! — gritou, tropeçando em um dos degraus quando o chão tremeu sob seus pés.

As pessoas em volta já estavam dispersas, correndo em várias direções atrás da saída mais próxima. Taehyung logo se ergueu, puxando Olivia e Yoongi com cada uma das mãos, fazendo com que o livro que a menina lia fosse lançado para longe pelo impulso, e só teve tempo de vislumbrar os pelos mesclados de preto com marrom de um cão farejador antes de começarem a fugir também.