halloween - noart (parte 1)

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18:00 ~ 16 de Dezembro de 2018

Noah's POV

Cada palavra de Simon durante a reunião, dilacera um pouco de mim. Engulo várias vezes o choro que insisti em se formar na minha garganta.

Seguro a mão de Sina tão forte, que acho que ela vai reclamar. Mas penso que assim como eu, ela está anestesiada. E não é de uma forma boa.

Assim que Simon desliga, antes que Yonta possa nos liberar, tento falar algo com Sina, mas seu olhar completamente perdido entrega que ela não está bem e a confirmação vem logo depois, quando ela sai correndo da sala.

- Eu vou falar com ela. - profiro, avisando mais a Heyoon do que aos outros e saio correndo também.

Eu não posso acreditar no que acabou de acontecer. Quando me envolvi com Sina, nós sabíamos dos riscos. Mas nunca pensamos que eles viriam nos atormentar tão rapidamente e de forma tão... cruel.

As palavras de Simon correm em minha mente. Minha vontade é de ligar aquela chamada de vídeo de novo e gritar com ele. Mas que caralho. Ele é quem para achar que manda no coração de outra pessoa?

Não se manda no coração de ninguém.
Não se manda nos sentimentos, porra.

O choro que eu fiquei a reunião toda segurando em minha garganta vem antes mesmo de eu chegar ao quarto. Mas assim que abro a porta, ele se intensifica, ao ver Sina sentada na cama, encolhida perto da cabeceira, chorando, em seu estado mais vulnerável. Mais ainda do que o dia do Canadá. E essa cena me quebra pedacinho por pedacinho.

- Sina... - fecho a porta correndo e vou ao encontro dela, que se joga em meus braços e se permiti chorar cada vez mais forte. Eu tento acalma-la em vão passando as mãos em seus cabelos, mas seu choro se intensifica.

Resolvo deixá-la com seus próprios sentimentos e apenas a conforto. Ela aninhada em meu abraço da maneira que eu posso deixá-la o mais segura possível.

Bons minutos se passam, até que seu choro vai se acalmando. E o meu também. Minhas lágrimas silenciosas, que ela não pode ver. Mas eu tenho certeza que pode sentir. O que nós dois sentimos aqui, é tudo compartilhado.

- Eu sinto muito. - falo quando ela se afasta, tentando limpar suas lágrimas, mesmo que em vão.

- Noah... - ela abaixa o olhar.

- Nós podemos dar um jeito... nós vamos dar um jeito. - tento argumentar, antes de que sua fala mais dolorosa venha. E eu sei que vem.

- Não, Noah. Não podemos. - ela funga. - É impossível. Precisamos... terminar isso. - ela fala em um fio de voz e eu a abraço de novo.

- Sina... eu te amo tanto.

- Eu também te amo, Noah.

- Nós podemos tentar... - tento novamente, mas ela se afasta.

- Não, Noah. Você não entende... não posso. Você sabe o que aconteceria se ele descobrisse de fato?

- Seríamos expulsos?

- Não. Eu seria. - sua voz é embargada por um choro que vai e vem.

- Mas...

- Noah... - ela respira fundo - Olha para Any e Josh - ela inicia e eu faço uma expressão de confusão. Certo que o caso deles é parecido, mas o que tem a ver nesse momento? - Se Simon descobrir sobre eles, eles não vão sofrer nada com isso. Talvez uma multa e só. - ela dá de ombros - A Any é uma das melhores cantoras do grupo... e o Josh... é capitão de dança. Agora olha pra você. Você canta, você dança. As fãs são apaixonadas por você. Agora, olha pra mim...

- Sina... não. - seguro seu rosto, para que ela não continue. Doí cada pedaço de mim vê-la se sentir assim. Quero poder arrancar a dor dela e dar toda para mim.

- Noah... eu sou descartável. E além disso... você lembra quando Yonta deu a entender que Simon começaria a substituir os que forem ficando velhos para o grupo? Eu já entrei no grupo com mais de 18 anos, Noah. Eu não posso...

- Sina... - colo nossas testas - Não fala assim... você é incrível e é essencial nesse grupo. Eu tenho certeza que você não seria... - eu não consigo completar a frase.

- Independente, Noah - suas lágrimas voltam a cair - Eu não posso fazer isso comigo. E muito menos com você. Eu te amo tão profundamente, que eu estarei te esperando quando isso acabar. - ela completa e eu a abraço de novo.

- Essa é a pior dor que já senti em toda minha vida. - comento.

- Eu sei. Dói em mim também.

- Eu te amo. Muito. - falo por mim e sinto sua cabeça balançar em afirmação.

Passamos alguns minutos abraçados, em silêncio. Depois deitamos juntos na cama esperando, em vão, que essa dor passe. Mas ela não vai passar. Nem tão cedo. Mais tarde, dou a Sina um último beijo. Um beijo de despedida. Ao contrário de todos os outros, que eu sempre aproveitava cada centímetro da boca dela, mesmo sabendo que teria mais depois. Mas nesse beijo, todo meu anseio dá lugar a tristeza de sentir pela última vez seu gosto. O seu beijo e o seu abraço, são as melhores coisas do mundo. E elas simplesmente vão embora, caem da minha mão e eu não consigo segurar de volta.

Decido ir embora de seu quarto quando Heyoon avisa que sairemos para o aeroporto em algumas horas e eu nem arrumei a mala. Será a volta pra casa mais triste de todas as viagens.

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