A Cauda do Cometa

Capítulo 17

Mel

Você já teve a sensação de ver a sua vida, ou o que você acha ser sua vida, desmoronar na sua frente ? Como um castelo de cartas que se desfaz com o vento, ou como um pequeno galho que é arrastado pela correnteza.

Já sentiu o desgosto de viver ao lado de uma pessoa e achar que você a conhece, a ponto de ter confiado sua vida a ela, e no final, ela vem e te dá um tapa de realidade bem no meio da cara. É assim que estou me sentindo vendo o lobisomem à minha frente. Como eu não notei antes?

Do mesmo modo que não notei que tudo ao meu redor indica perigo quando eu mesma não consigo me entender. Apenas fechei meus olhos pro mundo. Mas pro meu azar, eu andei de olhos fechados em direção à um precipício chamado Realidade e agora, estou caindo em direção ao oceano Futuro, sem nem uma esperança de sobreviver.

Thomas Foxter, um lobisomem e meu ex namorado. Como a vida gosta de me pregar peças.

- O que você está fazendo aqui? Como nos encontrou?

Desvio meu olhar para minha direita, onde uma sombra se faz presente. Grande e forte, postura firme e defensiva. Cauan. Pude ver que me olhou pelo canto dos olhos antes de prestar novamente atenção em Thomas.

Este que parecia preocupado e talvez até arrependido. Mas não sei dizer se por ter se exilado ou pelo que fez à muito tempo atrás.

- Eu quero falar com Melissa. À sós!

- Mas nem morto eu vou...

Estendo minha mão e toco o ombro de Cauan. Quando me olha posso notar a confusão misturada a raiva em seus olhos. Faço uma careta para que não interfira, o  que o faz suspirar em decepção e rendimento. Agradeço mentalmente por isso.

Olho para trás, avistando Matheu e Diego não muito distante de nós dois. Sussurraram algo entre si, mas a distância, mesmo pequena, não me permitiu ouvir.

- Meninos, nos dêem alguns minutos. Pelo visto parece ser importante.

Diego é o primeiro a falar, enquanto os outros dois me encaram nervosos.

- Tudo bem Mel. Vamos vasculhar o perímetro enquanto isso.

Sorri agradecendo, logo sendo retribuída pelo mesmo. Sinto uma mão em meu ombro direito, fazendo meu coração acelerar na hora.

Me viro e encontro um lindo par de olhos verdes em meio a escuridão. Cauan se aproxima do meu rosto e cochicha em minha orelha, me causando um arrepio em todo o meu corpo.

- Não chegue muito perto da barreira. Vou estar por perto caso precise de ajuda.

Sua voz aveludada e um pouco rouca me fez mais estragos do que eu pudesse imaginar. Senti minha respiração elevar e meu rosto queimar. Me afasto um pouco para assentir com a cabeça e o olhar, antes de abaixar minha cabeça e encarar as nossas botas de caça. Desde quando eu fico tímida?  Calma Mel, aqui não é lugar e nem hora pra isso. FOCO!

Com os meninos longe, começo a andar em direção a Thomas. Paro a alguns metros da barreira como recomendado, e espero alguns segundos antes de falar.

- Só espero que seja importante, pois como acabou de notar eu estou meio ocupada.

- Eu só preciso de alguns minutos, e você vai saber de tudo.

- Será? Eu passei boa parte da minha vida do seu lado e não havia nem passado pela minha cabeça que meu pai não morreu, que meus poderes fazem parte de algo maior e, no meio dessa bagunça para piorar, você e um lobisomem e a sua irma também.

- Bruxa.

- O que você disse?

- A Ingrid é uma bruxa, uma feiticeira igual minha mãe.

- E você um lobisomem igual seu pai.

- Igual meu avô na verdade, meu pai e completamente normal. E uma longa historia Mel, por isso eu preciso encurtar e chegar direto no ponto que te diz respeito.

- Entao seja breve.

- Bom, pra começar a morte da sua mae foi um erro já que o alvo principal era você. E por causa desse erro eu resolvi sair do meu bando e vir ajudar, mas nao posso fazer isso.

- Por que você e um lobisomem?

- Porque eles vao machucar minha irma se eu nao voltar para o bando. Vao usar ela para me atingir Mel, por esse motivo eu vim aqui.

- Você quer a minha ajuda?

- Eu quero fazer uma aliança com você e os Caçadores.

- E como seria essa aliança?

ele olha ao redor como se procurasse por alguém, faço o mesmo pra ver se não estamos sendo observados, e consigo ver os rapazes voltarem de sua caminhada. Volto a olhar para a mata densa, e encontro um par de olhos caramelos brilhantes me encarando no meio da escuridão.

- Eu serei os seus olhos dentro da sede de Metahumanos, serei seus ouvidos quando não estiver por perto e quando minha irmã estiver a salvo, eu lutarei ao seu lado.

- E porque você faria isso.

- Pelo simples fato de que eu não quero ter que te matar, e que eu reconheço um inimigo poderoso quando vejo um. E porque eu não quero que a Ingrid entre nesse mundo sombrio, ela não suportaria uma coisa dessas.

- Acho que ela suporta mais coisas do que aparenta, mas eu concordo. Ela não merece entrar nesse mesmo inferno que nos estamos vivendo.

Mesmo estando no escuro, consigo ver o momento exato em que ele acena com a cabeça. Antes mesmo de dizer mais alguma coisa, Diego aparece do meu lado esquerdo parece farejar o ar, como se estivesse buscando por algo.

- O que aconteceu aqui?

- Eu te mantenho informada. Qualquer coisa, sabe meu numero.

- Tudo bem.

Sem dizer mais nada, ele apenas se vira e corre em direção a mata, sumindo da minha vista em questão de segundos.

- Pode me dizer o que foi isso?

- Não ficou muito claro a intenção dele, mas pelo visto ele esta no mesmo lado que a gente.

- Como assim do nosso lado?

Olho para minha direita notando os olhares de Matheu e Cauan  em minha direção.

- Vamos, eu explico no caminho.

Oi galera

A quanto tempo einhkkkk

prometo não sumir mais.

bjs