Não posso acreditar!

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POV JULIA

Estou exausta, essa é a palavra quem me define no momento. Essa viagem me esgotou legal, só pensava em chegar em casa e me jogar na minha banheira e só sair de lá depois de estar enrugada de frio. Meu retorno foi silencio total, nem Fernanda e nem eu tínhamos falado um palavra e foi até bom, pois na noite anterior eu tinha passado ela em claro depois de mais uma vez discutir com Luíza. Meu casamento está péssimo, minha esposa e eu só temos brigado, e em partes Fernanda até tinha razão em se afastar, mas logico que não precisava ser dessa maneira que ela quis. Mas já que ela queria assim eu aceitei e não voltaria atrás, Fernanda terá o mesmo tratamento quem os demais funcionários e associados tem.

Cheguei em casa e coloquei a banheira pra encher e fui buscar um vinho, estava sem fome e detesto comer sozinha. Meu telefone estava cheio de mensagens e uma delas era de Luíza dizendo que já tinha embarcado pra Portugal, desejei boa viagem e desliguei o aparelho, não quero ser incomodada por ninguém, quero curtir minha solidão e um bom vinho. A água estava em uma temperatura maravilhosa, me despi e entrei com o pensamento lá em Fernanda. Me odiava por não conseguir parar de pensar nela, ficar imaginando se não tivesse aceitado Sarah em minha casa será que hoje estaríamos juntas? Eu estava apaixonada por ela, isso era certeza, era algo que eu nunca senti antes e creio que não vou sentir mais, nem mesmo por Luíza. Nunca assumi isso nem mesmo pra mim, mas Fernanda era a pessoa que eu amava de verdade, não que eu não amasse Luíza, mas eram amores diferentes e isso me deixava louca. Eu amava a pose de brava que ela faz quando quer falar serio, amo como ela cuida da família e amigos, amo ela ser justa com as pessoas, amo a leveza que ela passa, eu a amo e ponto, mas esse sentimento vai ter que ficar adormecido novamente e eu terei que conviver com isso. Eu não quero ser uma filha da puta com minha esposa, mas eu não a amo do mesmo jeito que eu amo Fernanda. Senti que tinha ficado mais que o necessário dentro da banheira, me enrolei no roupão e terminei meu vinho, a garrafa inteira na verdade. Deitei e fiquei encarando o teto, minha vontade era de ir lá bater na porta de Fernanda e fazê-la minha, e com esses pensamentos acebei dormindo profundamente.

Acordei péssima, olheiras enormes e meu corpo pedia pra ficar mais na cama, mas hoje eu tinha que ir ao escritório, e a tarde eu queria dar uma passada no orfanato. Me arrumei passei uma maquiagem pra cobrir minha cara, hoje era dia da Lucinda vir arrumar a casa e com certeza ela deve ter preparado um café reforçado.

-Bom dia Ju, como você tem passado? – A senhora já de meia idade veio cordialmente me abraçar.

-Bom dia Luci, estou levando né? E você como está? E os netinhos? – Sentei me servindo uma xicara de café.

-Estão enormes, passa rápido demais menina. – Ela se sentou a mesa com o pano de prato nos ombros. – Quando você e Luíza tiverem os seus vocês vão ver, mas é uma delicia que só.

-Ai Luci eu já nem estou com tanta expectativa assim. – Suspirei e a mulher percebeu que eu não estava bem.

-Você brigaram de novo né? Olha eu e meu velho temos muitos anos de casados, e pode ter certeza que a gente já brigou muito, mas nunca deixamos de nos amar.

-Agora é diferente, envolve outras pessoas. – Ela me olhou confusa e eu continuei. – Não é traição antes que você pergunte.

-Vocês jovens são complexos demais, misericórdia. – Tomamos nosso café e conversamos mais um pouco, me despedi dela e parti rumo ao escritório.

Estava entrando na garagem do prédio quando olhei na calçada e vi Fernanda chegando seguida pela irmã de Marcos, as duas tinham uma intimidade grande e nem viu quando eu passei. Pra minha má sorte elas entraram no elevador junto comigo, as duas me deram bom dia e eu apenas acenei com a cabeça. Elis segura Fernanda pela cintura e aquilo estava me deixando extremamente irritada. O elevador se abriu e eu sai de lá mais rápido que eu pude.

-Bom dia Julia! – Helen me recepcionou com um belo sorriso, mas estava com tanta raiva que nem fui incapaz de responder.

-Helen não quero ser incomodada, não estou pra ninguém e também não transfira nenhuma ligação a não ser que seja algo de vida ou morte. – Não esperei ela responder e entrei pra minha sala batendo a porta.

Agora as coisas faziam sentido, Fernanda já estava de rolo com a irmã de Marcos, por isso ela veio com aquele papo de que não acha certo a nossa aproximação. Que ódio eu tinha de Fernanda nesse momento, as duas juntas até que formam um belo casal.

-Droga! – Xinguei me sentido uma pessoa péssima.

O dia passou rápido não sai nem pra almoçar, não queria ver a cara de ninguém. Me afundei no trabalho sem ao menos parar pra beber água, nem sei por quantas horas fiquei lendo processos. Ouvi leves batidas na porta e autorizei a entrada.

-Me desculpe Julia, sei que não queria ser incomodada, mas fiquei preocupada com você. – Helen entrou meio receosa com uma bandeja nas mãos. – Trouxe um café pra você.

-Não precisava se incomodar Helen, mas obrigada. –Ela se aproximou e me serviu.

-Já ia me esquecendo, Drª Luíza pediu pra você ligar pra ela com urgência. – Tinha me esquecido que meu celular estava desligado desde ontem.

-Obrigada Helen, pode ir. – Ela se retirou e eu fui em busca do meu telefone.

Tinha trocentas mensagens de Luíza, e varias ligações perdidas. Retornei imediatamente e quem atendeu não era minha esposa.

-Alô? Luíza?

-Alô? Aqui é a Silvia, Luíza está no banho. – Meu coração até deu uma travada nessa hora. – Quer deixar recado?

Não respondi nada e arremessei o celular contra a parede, não posso acreditar que Luíza estava fazendo isso comigo.

Você partiu! (Concluída)- (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora