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POV JOSH

Chego no condomínio de Any e antes que eu desse meu nome o porteiro me deixou entrar. Estaciono meu carro em uma das vagas do prédio da Any e desço do mesmo indo em direção ao seu apartamento. Chego na frente de seu apartamento e abro a porta. Ao entrar escuto ela conversando com alguém que logo percebo que se trata de sua mãe. Como não vejo ela em momentos assim com sua mãe, eu decido não atrapalhar.

Fico lá no meu canto observando ela conversar com a mãe, até que escuto ela falando sobre seu pai. Quem era Russo e por qual motivo ele estaria vigiando esse homem? Ela também fala de um tal de Leon. Quem é ele que ela nunca me falou e o que ele fez para que ela saísse da cidade dela? Até que a mãe dela pergunta de mim e meu coração acelera. Mas todo o nervosismo se transforma em raiva quando eu escuto o que ela fala.

Ela é uma mafiosa, e não só isso. Ela mentiu para mim sobre quem ela realmente é. Ela fez eu me apaixonar por uma mentira, uma farsa. Minha raiva é tanta que eu não consigo me controlar.

-E quando você pretendia me contar que é uma mafiosa? Ia continuar mentindo pra mim por quanto tempo?- Eu digo percebendo que a sustei. Ela se vira para mim com um olhar assustado.

- Josh, quanto tempo você está aí?- Ela pergunta ainda assustada.

- Tempo o suficiente para saber que você vem mentindo para mim durante todo esse tempo. Quando pretendia me contar Any? Ou se é que eu ainda posso te chamar assim?- Eu pergunto com um tom elevado enquanto me aproximo dela.

- Josh, por favor me deixe explicar.- Ela pergunta com um olhar de tristeza e arrependimento.

- Eu só estou aqui ainda pois preciso de uma explicação. Por mais que eu ache que nenhuma vá compensar o que você fez.- Eu digo tentando manter a calma, mas já estava difícil.

-Mãe, eu ligo para a senhora depois! Diga ao meu pai que eu o amo.- Ela diz para a mãe que ainda estava escutando tudo, porém ainda olhando em meus olhos.

- Estou esperando!- Eu digo me encostando no batente da porta.

-Eu ia te contar, só não sabia como. Agora que você já sabe, eu vou contar tudo do começo. Não quero que aja mais segredos entre nós dois.- Aquilo me deixou mais tranquilo.

-Nunca precisou haver segredos entre nós dois. Você fez isso por vontade própria.- Eu disse olhando em seus olhos, com um tom de voz baixo porém ainda assim rígido.

-Eu sei, e agora estou vendo que fiz besteira. Por favor senta que a história é longa.- Ela diz suspirando e passando a mão em seus cabelos, enquanto passa por mim para se sentar no sofá, me fazendo ir atrás dela.

-Pronto, já pode começar.- Eu digo me sentando no sofá de frente para ela, ainda a encarando. Porém agora já mais calmo.

-Bom, tudo começou quando minha mãe conheceu Ron e Úrsula na escola. Eles se tornaram melhores amigos e minha mãe descobriu que eles faziam parte da maior máfia do país. Minha mãe de cara botou na cabeça que queria fazer parte daquilo, mas meus avós eram das antigas. Então eles não apoiaram a decisão da minha mãe, e para empedi-la eles forçaram ela a se casar com meu pai. Eles pensavam que meu pai faria ela mudar de ideia, mas ao contrário disso, ele também quis entrar na máfia. - Eu observo atentamente tudo o que ela diz.

-Eles entraram e viraram os braços direitos de Ron e Úrsula, que agora já eram os chefes da máfia. Depois de alguns anos Úrsula descobriu que estava grávida. Ron não queria a criança, mas Úrsula não iria abortar. Então eles tiveram a criança, mas mesmo ainda pequeno apanhava de Ron. Vendo isso, minha mãe decidiu tirar a criança de lá. Mas quando ela estava chegando no lugar onde ia deixá-lo, ela percebeu que meu pai estava seguindo ela.- Agora eu entendo o motivo dela esconder tudo. Isso é realmente bem pesado.

-Ela sabia que ele não iria concordar com aquilo, então ela escondeu a criança em um lugar e voltou para a sede com meu pai. Quando ela voltou para buscar a criança, ele já não estava mais lá. Úrsula entrou em depressão quando soube que o filho tinha sumido, fazendo com que Ron mandasse seus homens atrás da criança. Em uma dessas procurar, meu pai acabou morrendo após ter sido reconhecido por alguns policiais.- Ela diz isso e eu percebo que aquilo mexeu com ela, mas eu apenas continuou no meu lugar esperando que ela terminasse.

-Eles não acharam a criança; e com a dor, Úrsula acabou se suicidando. Depois disso minha mãe teve que cuidar da máfia e de Ron, já que o mesmo estava muito abalado. Eles acabaram se aproximando e depois de um tempo, minha mãe descobriu que estava grávida de mim. Ron quando soube, decidiu que iria cuidar de nós e se casou com minha mãe, mesmo sabendo que eu não era filha dele.- Ela diz olhando para baixo.

- Eu me chamo Any Gabrielly Rolim Soares, e sou filha de Carlos Soares e Priscila Rolim Soares. E além disso eu sou entiada de Ron Beauchamp, o maior mafioso do país.- Após falar seu nome, ela levanta a cabeça que até então estava abaixada.

-Você é filha dos Soares e entiada de Ron Beauchamp?- Eu pergunto realmente surpreso com o que ela acabou de me falar.

-Sim, e era por isso que eu não queria te contar. Eu sou uma pessoa perigosa, e não posso te envolver nisso.- Ela diz olhando em meus olhos. Seu olhar transmite sinceridade, me deixando um pouco feliz por saber que ela só estava querendo me proteger. Mas nada disso muda o que ela fez.

-Qual era o nome da criança?- eu pergunto mudando de assunto. Meu maior desejo era abraça-la, mas ela me magoou muito e vai demorar um pouco para tudo voltar ao normal.

-Era Jo...- Ela para de falar e me olha assustada.- Quando você nasceu?- Ela pergunta nervosa.

-26 de abril, qual o motivo da pergunta? - Eu pergunto agora com medo do que ela vai falar.

-Não é nada. É que o nome da criança é Joshua, mas as datas de nascimento não coincidem- Ela diz me fazendo ficar surpreso com a coincidência.

-Joshua? Você tem foto dessa criança?- Eu pergunto intrigado com isso.

-Tenho, minha mãe sempre me faz andar com ela.- Ela diz e pega seu celular me mostrando a foto.

Eu pego o celular para ver a foto. Aquela criança não me é estranha. Eu conheço essa criança de algum lugar, eu tenho certeza de que conhe... Não pode ser.

-Não pode ser. Eles não fariam isso comigo!- Eu digo e em questão de segundos eu estou fora do apartamento indo em direção ao meu carro.

Por qual motivo eles não me contaram que eu sou adotado? Por que não me contaram que eu não sou filho deles, e sim do maior mafioso do país? Por que essas coisas só acontecem comigo? O que eu fiz de errado?

O filho do pastor Onde histórias criam vida. Descubra agora