O filho do pastor

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                            POV ANY

Acordo com uma dor no corpo insuportável, tento levantar, mas falho miseravelmente. Minhas pernas não tem muita força pra se manter firmes e meus braços não conseguiam aguentar meu peso para me levantar.

Decido tentar novamente e consigo depois de muito esforço me levantar. Mas antes de me mover decido pegar meu celular, pode acontecer de eu cair ou acontecer algo.

Vou devagar até o banheiro, a fim de tomar um banho. Mas quando chego lá, me deparo com a pior cena que eu já vi na vida.

Eu tinha cortes nos lábios inferiores, superiores e em minha sobrancelha esquerda, embaixo do olho esquerdo, meu olho direto estava roxo, assim como minha bochecha direita. Tinha também algumas manchas esverdiadas na testa, nos braços, costelas, costas e pernas. Assim como também tinha manchas roxas e pretas por esses locais.

Ao ver meu estado, eu comecei a chorar. Eu estava acabada, a noite de ontem foi muito pior do que a da primeira vez que isso aconteceu e me deixou com mais marcas, já que dessa vez León me bateu, coisa que ele não tinha feito antes.

Ao lembrar de tudo o que aconteceu ontem, eu começo a me sentir suja de novo. Por que coisas boas nunca se repetem em nossas vidas, só as coisas ruins?

Decido lavar meu cabelo para me livrar dessa imundice que ainda me consumia, mas antes pego um banquinho que tinha em meu quarto para eu poder sentar. Eu poderia ir para a banheira, mas não sei se conseguiria levantar depois.

Minha cabeça dói e lateja só de encostar, devido aos puxões que León me deu. Após algum tempo e com muita dificuldade, eu consigo terminar meu banho. Levanto com certa dificuldade e vou me esgueirando pelos móveis até o meu closet.

Eu não tenho mais vontade nenhuma de me arrumar, de ficar bonita já que nada vai ficar bom nesse corpo marcado. Então aproveito que hoje está mais frio e pelo um conjunto de moleton cinza largo para usar.

Volto para o banheiro e vejo que não dá pra descer nesse estado, eu preciso disfarçar isso. Pego meu estojo de maquiagem e tento passar um corretivo para cobrir as marcas e machucados, mas isso só faz tudo doer mais. Eu não consigo, então desisto de me maquiar.

O que eu vou fazer??

Num ato descuidado, eu deixo minha cabeça tombar para trás fazendo a mesma bater na parede. A dor foi tão grande que eu caí no chão, fazendo meu corpo doer mais ainda.

Tudo começou a girar e ficar escuro por uns instantes, eu comecei a ouvir um "pii" nos dois ouvidos, aquele barulho é agoniante. Quando minha visão começa a voltar, eu começo a me arrastar até meu celular. Preciso ligar para alguém!

Eu queria ligar para as meninas, mas elas iriam fazer muitas perguntas, então decido ligar para um dos meninos. Bailey é muito impulsivo, Noah vai me encher de perguntas também, Josh não está falando comigo, então.... LAMAR. É, é isso!

Me levanto com muita dificuldade até conseguir alcançar meu celular que estava na pia do banheiro. Sento novamente e começo a discar, minha cabeça dói mais a cada vez que eu tenho me concentrar nos números.

Ligo uma, duas, três vezes e Lamar não atende. Começo a chorar de desespero, eu não consigo me movimentar direito e se eu tentar é bem capaz de eu cair por ficar tonta. Tento ligar mais uma vez, essa seria a última vez que eu tentaria.

Ligo de novo e chama, chama e nada. Já estava quase desistindo quando escuto uma voz.

- Oi moana, me desculpe. Eu estou com os garotos aqui no refeitório, não ouvi meu celular. Falar nisso, cadê você??- Ele pergunta com preocupação na voz.

- Me ajuda, por favor.- Eu digo chorando e fraca de tanta dor.

- Any. O que aconteceu? Onde você está!- Ele estava realmente preocupado, seu tom de voz está mais elevado.

- No meu quarto.- Eu digo e ele desliga o celular.

Graças a Deus. Ele está vindo! Eu estava muito fraca e minha cabeça estava latejando muito, então me deito devagar no chão do banheiro e fecho os meus olhos para ver se vai passar.

Algum tempo depois, o que eu presumo que tenham sido uns 2 ou 3 minutos eu ouço alguém bater na porta do meu quarto e chamar meu nome, era Lamar. Eu tento falar algo ou levantar mas não consigo.

Ele bate de novo e para, até que eu escuto outras vozes.

- Nós vamos ter que entrar.- Ouço Bailey dizer.

- Mas e se ela estiver pelada. Eu não quero ver minha melhor amiga pelada não gente, pelo amor de Deus.- Noah diz.

- Ela precisa na nossa ajuda Noah.- Eu conheço essa voz. É a voz dele.

Mas afinal o que eles estão fazendo aqui?

- Não tem outro jeito, vamos entrar de uma vez!- Lamar diz.

"Any, nós estamos entrando!" Lamar grita do lado de fora para que eu ouça. Eu escuto a porta se abrir e passos começarem a ser dados. Eu só queria gritar que estava no banheiro para eles virem mais depressa.

"Vamos nos separar, esse quarto é muito grande.", Bailey diz. Ouço alguns passos ficarem distantes e outros de aproximarem, alguém está chegando. Começo a chorar de felicidade, achei que iria morrer aqui sozinha.

A porta do banheiro é aberta, eu tento abrir os olhos mas eles estão pesados e doem. Até que eu escuto sua voz.

- Eu achei, está no banheiro!- Ele grita para os meninos.

- Meu Deus. O que houve com você minha pequena?- Ele pergunta e eu sinto que o mesmo está abaixado ao meu lado.

- Meu Deus! O que aconteceu aqui? - Noah pergunta desesperado.

- Eu também não sei, mas vejam. Tem sangue na parede.- Josh diz para os meninos.

- Ela bateu a cabeça.- Lamar diz

- Como você sabe?- Bailey pergunta.

- Tem sangue no chão, onde a cabeça dela estava! - Lamar diz depois de Josh me pegar no colo. Era por isso que doeu tanto, minha cabeça está mesmo sensível.

-Leve ele para a cama Josh, ela está fraca. Noah, procure algum pano com água lá embaixo. Nós precisamos limpar esse sangue!- Bailey diz.

Percebo que Noah ia se afastar, então junto todas as minhas forças e falo.

- Não conte para as meninas!

- Pode deixar, só descanse.- Ele diz vindo até mim e beijando minha testa.

Josh me coloca em minha cama, mas meu corpo dói me fazendo gemer de dor.

- Você vai ficar bem meu amor, só descanse.- Ele diz mechendo em alguns fios do meu cabelo.

Não sei que horas e nem como, mas eu acabei dormindo com seus carinhos.

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