He's got 27 tattoos!

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Mal cheguei ao dormitório e já sinto falta da minha casa. Tudo bem que as garotas estavam sempre fazendo barulho, que minha mãe era completamente obcecada em deixar a casa perfeitamente limpa nos finais de semana, que por acaso eram os únicos dois dias em que eu podia dormir até tarde, que os gatos adoravam usar meu telhado de motel e que o meu padrastro me arrastava para pescar todo domingo, mas, agora que eu estou longe eu não faço ideia como sobreviverei sem tudo isso. Dormi na minha cama do lado esquerdo do quarto e deixei tudo arrumado para o colega de quarto chegar e se instalar, mas, ele ainda não apareceu por aqui, então, a noite que eu achava que passaria conhecendo meu novo colega, na verdade foi passada jogando UNO online com a minha irmã. Quando acordei de manhã, nada do colega ainda;

É tão estranho estar sozinho porque eu venho de uma família enorme: minha mãe, meu padrastro, minhas seis irmãs mais novas, meu irmão mais novo e quatro gatos. Dificilmente eu passava um tempo sozinho em casa, nada era muito silencioso ou calmo. E agora estou há milhas e mais milhas de distância deles e me sinto meio perdido, meu primeiro instinto ao me ver assim, foi fazer uma vídeo chamada e garantir que eles estão lá, estão barulhentos e felizes como sempre, esperando que eu volte para casa.

Ganhei uma bolsa de estudos em uma conceituada escola de artes em Londres, ou seja, eu estou exagerando, Doncaster nem fica tão longe daqui e aparentemente eu sou inteligente para estar aqui no meio desses gênios e artistas e ganho um bônus por ser uma pessoa aberta para caralho (às vezes até demais!), nada disso deveria ser tão assustador. Infelizmente, continua sendo. De certa forma, me sinto como se eu fosse uma criança solta no mundo adulto.

— Gato desgraçado, onde você está? — Entra gritando dentro do meu quarto um brutamontes com corte militar em seu cabelo castanho claro, braços enormes, incontáveis tatuagens (mais de vinte, com certeza!) e uma ridícula e fininha regata cavada. Eu quase caio com as costas contra o chão.

— Ei, cara, qual é a sua? — Eu grito em resposta, vendo o cara grandão se abaixar e começar a arrastar a mão embaixo da minha cama.

— A merda do gato do meu namorado correu pra cá e agora ele não para de reclamar, então, eu vim procurar — Ele ameaça abrir as portas da minha cômoda e eu levanto e estalo os dedos para chamar a atenção dele.

— Não, você invadiu meu quarto, seu sem educação — Esse homem três vezes mais alto que eu, com cara de quem provavelmente estralhaça esquilinhos por pura diversão, poderia facilmente me dar um soco, mas, ele não vai simplesmente invadir a minha privacidade sem que eu diga nada. Eu estou uma pilha de emoções. — Eu vou procurar o gato, se eu achar, eu te aviso.

— Escuta-

— Escuta nada — Eu o corto e em seguida empurro-o para fora do quarto e bato a porta — Tchau.

Antes de voltar para o colchão, as reflexões olhando para o teto do meu novo lar e minha playlist cheia de letras de homesick, percebo uma bolinha de pelos encolhida no pé da cama do meu futuro colega de quarto. Um gato preto pequeno está dormindo tranquilamente nesse cômodo há sabe-se-lá quanto tempo e eu só percebi agora. Nem sabia que era permitido que tivéssemos animais de estimação em nossos dormitórios, mas, talvez o desespero do brutamontes venha do fato de que as pessoas não podem descobrir. Independente disso, que postura de bosta: "vim procurar o gato porque meu namorado está me enchendo o saco". Sinto muito pelo namorado desse cara.

Pego com cuidado o gatinho, que parece dócil e tranquilo, coloco chinelos nos pés e saio do quarto. Dessa vez eu tranco a porta, afinal, uma invasão é o suficiente para o dia de hoje. Ando pelo corredor e imediatamente me arrependo de não ter perguntado o nome do invasor e seu namorado. Felizmente, não preciso sair por aí batendo de porta em porta, porque um rapaz todo preocupado arregala seus olhos vendo o bichano em meus braços ali no meio do corredor.

My kind of art || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora