I find your lips, so kissable

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Não é novidade para ninguém o fato de eu acordar atrasado para a primeira aula da sexta-feira. Mas, é impressionante que eu esteja tão atrasado a ponto de não conseguir assistir nem ao menos uma parte. Como temos o segundo horário vago nesse dia, isso significa que agora ficarei esperando por mais de uma hora até finalmente poder fazer alguma aula. Decido caminhar até um dos auditórios porque a turma de música sempre está fazendo alguma coisa por lá, algo sobre a privacidade e a acústica, é claro. Eu costumo usar a sala de artes plásticas para pintar com melhor conforto fora dos horários de uso, geralmente quando não consigo dormir de madrugada. Felizmente, quando vou para os auditórios, ninguém costuma ligar muito porque me sento em uma cadeira alta e distante com meu caderno de desenho e nem presto tanta atenção assim no que eles estão fazendo, só o suficiente para não ser sufocado por silêncio ou muito pensamentos. São os calouros que estão no auditório hoje, vejo Liam, Zayn e Louis sentados no palco e discutindo ideias, certamente alguma letra de música genial como eu sei que os três são capazes de fazer. Não vou até eles para não atrapalhar e também porque não me sinto muito a fim de conversar.

Para falar a verdade, desde que Louis se transformou na minha maior inspiração para pintar, fico meio receoso de que qualquer coisa possa me entregar. Não sou muito bom em esconder as coisas e sei que tenho agido de forma estranha, então, meu primeiro pensamento do dia sempre é: “meu deus, eu preciso evitar o constrangimento”. Mas, é tão difícil porque eu gosto de Louis, ele me faz bem, ele é divertido, honesto e gentil, tem sido o melhor amigo que eu poderia pedir, só que essa situação toda é confusa para mim. Eu nunca me senti dessa forma antes. Tudo sobre Louis é tão fascinante para mim, o que ele faz, o que ele diz, como ele age… Tem tanta paixão e amor nele, tão nítido que chega a ser meio assustador.  Sua autenticidade me inspira e todo o meu trabalho tem sido para ele, sobre ele, inspirado nele ou algo que eu sei que ele gostaria de ver. Os meus colegas e professores definitivamente estão percebendo que há algo diferente no que eu venho fazendo. Eu sempre tive esse toque erótico na minha pintura, mas, nunca foi tão pessoal. Sempre foram beijos e toques distantes, amantes sem rosto, realidade distantes, cenas de sonhos e filmes e histórias de outras pessoas. Acho que a paixão presente na minha arte sempre foi desconhecida. E de repente, já não era mais.

Scooter me olha com absoluto ódio sempre que eu me coloco na frente da turma para apresentar meus conceitos, o que me faz acreditar que ele vê muito mais do que eu gostaria. Minha arte nunca foi sobre ele e isso deve machucá-lo, mas, se tem algo que eu não sou é mentiroso. E eu gostava de Scooter, mas, não me apaixonei por ele, não me apaixonei por nós dois. De certa forma, isso me machuca também porque eu fiquei quase um ano com ele e eu deveria saber melhor, tenho tanto medo do quanto o magoei com a minha rápida resolução de que na verdade nós dois nunca deveríamos ter ficado juntos para começo de conversa. Eu gostava da nossa amizade, mas, Scooter queria mais e eu estava tão obcecado pela ideia de ter alguém que eu fui me deixando levar até notar que eu não estava indo para onde deveria. Eu queria amor e Scooter, de certa forma, queria o título, o compromisso e a propriedade.

Louis nem mesmo sabe sobre os meus sentimentos e eu já me entreguei completamente. É exatamente como Zayn me disse naquele dia no clube: “você só sabe”. Eu senti alívio naquele dia, porque se você só sabe quando é certo, você definitivamente sabe quando algo está errado. Foi aí que eu decidi que deveria terminar com Scooter. E Louis só… Eu só sei. Ele me desperta completamente. Me sinto tão vivo quando estou com ele. Não é a toa como isso se reflete na pintura, é o reflexo da realidade, a paixão de verdade.

— Vamos tomar um café, se eu não pegar um expresso agora com certeza vou dormir na próxima aula — Zayn fala, deitando no ombro de Liam que o puxa para se levantar — Tomlinson, você vem?

— Vou ficar mais um pouquinho, encontro vocês aula.

— Louis, não fica muito louco com essa música, já está perfeita — Ouço Liam aconselhar — Você deveria tocar para ver.

My kind of art || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora