I just wanna take you anywhere that you would like

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Quando chegamos do clube, Harry vai para o quarto de Scooter e eu volto para o nosso. Sem nada para fazer e me sentindo um pouquinho bêbado, decido ficar tocando violão até sentir sono o suficiente para me deitar no colchão e dormir de imediato, mas, o sono não vem. Sabendo que posso estar incomodando as pessoas do meu andar, decido parar de tocar e simplesmente ficar vendo séries e programas bobos de culinárias no tablet de Harry. Eu tenho miopia e quando meu colega de quarto ficou sabendo disso, ele disse que eu poderia usar o tablet dele para assistir vídeos, filmes e séries porque fica mais confortável para minha visão. E porque Harry é esse doce de pessoa.

Não sei se tem a ver, mas, todas as noites conversamos até de madrugada. Ele provavelmente sabe tudo sobre minha família e sobre Niall e como é difícil para mim estar sozinho na cidade pela primeira vez. Harry se sente totalmente ao contrário, ele ama estar aqui porque de certa forma é o único lugar em que ele realmente se sente livre. Os pais de Harry são artistas bastante consagrados na Europa e apesar de isso inspirar Harry à também seguir esse caminho, também pode ser meio sufocante e intimidante para ele. Anne Cox trabalha com escultura e o Robin é pintor como ele. Aqui na Academia, Harry se sente como um estudante qualquer, que é livre para se expressar como quiser, sem julgamentos ou expectativas. Esse costume de conversar até realmente sentir sono é algo que eu tinha muito em casa, então, eu gosto da familiaridade, talvez não ter isso tenha me deixado com um pouco de insônia, o que é meio bobo, eu sei.

Fico de lado para me concentrar no episódio de Friends que eu estou assistindo pela milésima vez e quando sinto que finalmente vou conseguir cochilar, Harry entra de fininho, como sempre, tentando não fazer barulho. Me viro em sua direção e percebo que ele vai direto para a cama. Sei que ele não está bêbado, então, não faz muito sentido. Também não faz sentido o fato de ele estar aqui depois de dizer que passaria no quarto de Scooter, bem, eu deduzi que ele dormiria por lá. Escuto o miado do Senhor Bigodinhos perto da minha cama e acendo a lanterna do celular para procurá-lo e pegá-lo no colo. Ele geralmente fica quietinho no canto dele, só observando o caos universitário que Harry e eu somos, mas, acho que esse gato tem algum tipo de radar para quando as coisas não estão muito bem, porque foi só Harry entrar no quarto cabisbaixo que ele deu sinal de vida.

— Harry — Chamo baixinho, ouvindo um "oi?" em resposta no mesmo tom — Acho que o Senhor Bigodinhos quer dormir ai com você — Harry não me responde, o que é estranho, então eu me levanto com o gatinho todo enrolado nos meus braços e levo até a cama dele — Aqui...

— Obrigado, Lou — Ele vira para pegar o gatinho e ameaça retornar à posição anterior, virado para a parede, mas, eu o impeço.

— Você tá bem?

— Terminei com o Scooter....

— Quer conversar sobre isso?

— Talvez amanhã — Tenta sorrir — Boa noite, Lou.

— Boa noite, Haz. — Fico meio preocupado, mas, me concentro em dormir embaixo dos meus cobertores quentinhos e deixar Harry ter o momento dele.

Acho que o fato de Harry ter terminado com Scooter contribui imediatamente com a qualidade do meu sono. Meu subconsciente entende que não há possibilidade de qualquer interrupção e entra num total estado de plenitude. Acordo no final da manhã e enquanto estou fazendo um café na cozinha, uma colega de classe já está preparando o almoço. Depois de comer minhas torradas com ovo mexido e tomar duas grandes canecas de café, vou para o banheiro do andar, que tem chuveiros e é definitivamente muito maior do que um lavabo.

Não me orgulho em dizer que passo mais de uma hora lá, mas, domingo é o sagrado dia de fazer hidratação no cabelo e skincare e eu prometi para minha irmã que não deixaria de fazer todo o cronograma que ela me deu e continuaria sua mais bela obra de arte da área estética. Sempre fui o cobaia oficial da minha irmã, ela quer ser esteticista e abrir uma clínica futuramente, falta um ano para que ela termine o ensino médio e vá para a faculdade. Provavelmente, se ela vier para Londres, vamos dar um jeito de começar a morar juntos. É muito louco, mas, nunca tive uma relação conturbada com Lottie, sempre fomos melhores amigos. Como os dois mais velhos, tínhamos que dar conta dos menores para que meu padrasto e minha mãe pudessem trabalhar, crescemos com as mesmas responsabilidades, acho que essa foi a melhor forma de união que poderíamos ter. Mando uma foto para ela da máscara verde deixando todos os músculos da minha cara paralisados e saio discretamente — ou o máximo possível — de volta para o meu quarto.

My kind of art || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora