A M E R I E E H Y U N

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Amanhece de modo calmo, uma prévia contrária ao que planejo para hoje. De camisola deixo que os maquiadores e profissionais deem um jeito em meu visual. O casamento acontecerá as dez da manhã com a maioria dos acionistas presentes. Todos estão a postos para executarem suas ações, Hyun pensa que já trocou os papeis, se preocupa que Charlezie possa perceber antes de todo mundo, Declan já fez o que pedi e colocou na verdade os papeis que eu decidi que eram necessários na mão do juiz de paz, afinal foi para isso que precisei da ajuda do escritório Gilbert e Aaron já está pronto para comunicar a imprensa sobre quem sou.

Enquanto retocam a base do meu rosto fito a caixinha de joias que revela os brincos de diamantes que usarei hoje. Tantas coisas que poucos podem pagar, tantas coisas conquistadas com mentiras, não acredito que isso é o mais próximo do fim que chegaremos.

A estilista e sua equipe entra, me ajudam para que o vestido fique perfeito, e enquanto o observo sendo fechado através do espelho não consigo não sorrir. É perfeito. Uma releitura de modelos as quais rainhas antigas usavam. Trata-se de uma peça com decote discreto, e saia esvoaçante, com mangas longas tem pequenas ombreiras e todo ele é adornado por pedrinhas brilhantes, raras e caras. Brilharei, me destacarei com o degradê que vai do cinza até o branco, a cintura marcada e os saltos altos. Meus cabelos estão presos por um coroa de tranças, meu rosto com um aparência leve.

Ninguém ousou vir além de quem devia vir, nenhuma tradição ou conversa poética, porque isso de fato não era o que casamento deveria ser. 

É o que acho, mas me surpreendo quando a funcionária que uma vez foi minha cúmplice surge, ao me ver ela fica chocada por um tempo, parece encantada com o estilo tão fora do que normalmente sou. A fito curiosa.

— Não foi tola, mesmo tendo o quadro ainda não saiu daqui, não quis levantar suspeitas. — noto que ela pensou nessa parte, então observo a caixinha que ela carrega a qual ela me ergue. Sem perguntar a abro e dou de cara com um anel de safira.

— No EUA eles tem a tradição de presentear com algo azul para dar sorte, aqui nós espanhóis não temos isso, mas achei que fosse querer. — fala com um sorriso. Não se rende as minhas provocações.

— Comprou para mim com seu dinheiro? Não precisava. — me divirto pronta para devolver a funcionária.

— É da senhora Sophie, achei quando mexia nas coisas antigas dela, ela deve ter deixado para trás, achei que gostaria de ter isso dela. — seguro a joia com certa devoção, meus olhos lacrimejam com aquele item tão pequeno, algo dela, como se ela estivesse aqui e pudesse observar o que vou fazer. Aperto com minha mão, tomo a determinação que ela tinha e fito a mulher que me forneceu esse presente.

— Saia agora, vá embora. — ela compreende que não é só do quarto que quero que ela faça isso, é hora de todos nós abandonarmos esse barco, chegou o momento de entregar a mansão as chamas.

Chega minha vez de dar meu show, a estilista ajuda para que meu vestido não se amasse a medida que vou para as escadas. Cada degrau que desço é um que subo para reinar, vou governar um reino tomado de alguém mas que sempre pertenceu a mim, chega de ser a princesa presa na torre, sou agora quem determina quem irá para as masmorras. Do topo sou observada por aqueles que estão abaixo, Charlezie é a primeira, ela me olha um tanto estática com tanta elegância, Renee pareceu quase feliz, mas é a reação de Aaron que me importa, ele não parece acreditar que sou de verdade, como se eu tivesse atingindo um nível de beleza que ele nunca achou possível.

Ninguém me levará ao altar, tanto por não saberem que Renee é meu pai quanto pela vontade de Charlezie, mas não me importo, nunca fui de alguém para ser dada a outra pessoa. 

Tudo Ou Nada - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora