Tudo Ou Nada - Concluído

V O C Ê F O I M E U C O M E Ç O E M E U F I M?

Último capítulo oficial, logo mais o epílogo

Está uma tempestade, a vejo cair desesperadamente pela janela logo que o dia amanhece, não há nada mais meu nesse quarto, tudo empacotado para minha ia ao EUA, ajusto minha blusa de gola alta fitando meu reflexo no espelho, combina perfeitamente com a calça justa e o par de botas, parece que esse é meu novo estilo, ergo meus ombros porque agora sou essa pessoa que não baixa a cabeça para nada com mais convicção. Declan aparece atrás de mim com meu sobretudo também preto, ele me ajuda a me vestir enquanto compartilhamos um momento silencioso que contém muitos agradecimentos e confidências. Então as mãos deles param em meus cotovelos me segurando logo que olhamos os dois para nossa imagem juntos.

— Ela usou o dinheiro das ilhas fiscais escondidas, montou uma equipe dela, ela tentará acabar com você antes que chegue ao aeroporto.  — me informa de forma que sempre fizemos em todo esse tempo, não me surpreendo, aceito a caricia dele em meu pescoço enquanto penso sobre isso. Sempre tenho que prever o próximo passo, que bom que dessa vez Aaron estará ao meu lado.

— Quantos ficaram? — dos meus homens, quantos quiseram me ajudar, preciso ter noção.

— Todos, eles se sentem culpados pelo que fizeram a você, em dez minutos sairemos. — me avisa então sua despedida é um soprar em minha orelha, um contato que ele custa parar, então quando estou sozinha e vou para o andar de baixo sem Aaron a vista olho para aquele lugar, para cada detalhe dele, me lembro o que nunca tive aqui, sinto alivio por finalmente poder ser livre, o custo é só uma parte, a recompensa é o que me faz ficar feliz. Meus olhos se enchem de lágrimas, mas não são de tristeza, estou finalmente superando recordações de não me sentir parte de um lugar sendo que sempre estive aqui, meu coração se enche de amor. Finalmente choro, não me importo se alguém pode ver, porque eu fiz isso, porque eu superei. Fito o anel de Sophie em minha mão e penso nela, porque eu finalmente tirei Charlezie de sua casa, eu finalmente fiz o que devia ter feito.

Não fito a casa atrás de mim nem mesmo uma vez enquanto saio para o jardim sendo seguida por mais de vinte seguranças, Aaron me falou que o perigo não é daqui até o carro, não há prédios em volta da mansão, nenhum lugar que atiradores de elite possam estar para me machucarem, o risco é quando passarmos para a cidade, há vários deles no curto percurso dos veículos até a entrada do aeroporto, é ai que os guarda costas entrarão com seu trabalho e o plano brilhante que Aaron criou.

Abrem a porta do carro preto para mim, entro acostumada a toda essa cerimônia, coloco o cinto e baixo as janelas a medida que observo mais dez iguais a ele aceleram pela percurso extenso a nossa frente, no caminho trocarão essa ordem para aqueles que Charlezie contratou e que já podem estar me seguindo não possam identificar de cara onde estou. Ajustando o seu comunicador Aaron se senta no banco do carona e indica que o motorista já pode nos tirar daqui. Me encontrando perdida em pensamentos sobre os próximos instantes sinto Aaron discretamente levar sua mão para trás e dar um jeito de entrelaçá-la a minha ao mesmo tempo que dá ordens. Aperto aceitando seu apoio e me lembro da conversa que tivemos ontem, nunca pensei que ele pudesse se arriscar tanto por minha causa, mas ele o fez, me contou tudo e me deu esse tudo para usar e ganhar, deixando Charlezie com nada.

Estamos correndo pelas rodovias da Espanha e eu não me dou ao trabalho de pensar que estou fugindo de um ataque da pessoa que me colocou nesse mundo, é assustador. Injustiça esse é o nome, ela devia me amar, ela devia tantas coisas mas aqui vivemos do que de fato acontece não do que talvez.

Nos aproximamos do nosso destino as palmas de Aaron estão suando, porque ele me ama, porque esse é um momento que posso me machucar, sorrio para ele quando se vira porque tenho certeza de que vai cuidar de mim, porque confio nele e em seu talento.