Capitolo IV

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Algumas bebidas depois, descubro que seu nome é Etorre Macerata e que ele é rico, e isso é tudo que eu preciso saber para ficar ligeiramente interessada.
- Cosa fai qui? - Seu sotaque e o biquinho que faz é uma gracinha, ele é mais para simpático e fofo, diferente de Morrone.
- Estou a trabalho. - Sorrio maliciosamente, pois sei que ele está interessado e clientes nunca são demais.
- Eu também, tenho que voltar logo para a Itália. - Ele se aproxima sugestivamente, tocando minha coxa. - Quer me fazer companhia na suíte? - Sua sobrancelha se arqueia e eu mordo os lábios.
  Macerata com certeza é um cliente em potencial, muito potencial, mas Morrone deixou bem claro que eu seria dele esse fim de semana, não posso continuar com isso, não seria ético.
- Eu tenho que ir, mas você pode ficar com o meu número. - Sorrio quando ele faz uma careta descontente.
- Posso começar com isso. - Rapidamente ele pega o celular no seu bolso e digita meu número. - Ci vediamo. - Macerata deposita um beijo na minha bochecha, perto demais da minha boca e sai. Maldito Morrone possessivo.

  Depois de uma tarde de sol e um banho de piscina para refrescar, dou meu número para mais dois caras, não tão bonitos quanto os italianos, mas aparentemente ricos. Subo para a Suíte Presidencial e tomo uma ducha quente e demorada, aproveitando cada segundo, mas para minha surpresa uma mão segura meu cabelo e outra meu pescoço, de repente estou presa e assustada.
- Não mandei você ficar aqui? - Reconheço automaticamente sua voz rouca e grossa, mas consigo ouvir a irritação nela. - É tão difícil receber uma ordem? - Ele puxa um pouco mais o meu cabelo e eu solto um murmúrio.
- Não. - É tudo que consigo dizer naquele momento, mas não parece agradá-lo.
  - Eu vou te dar uma lição. Qui e ora. - Morrone solta meu cabelo e meu pescoço, enfim consigo respirar direito, mas parece que ele tem alguns planos comigo.
  Pelo canto dos olhos vejo-o tirando suas roupas sociais rapidamente, ensopado pela água do chuveiro e sexy como nunca. Em um movimento rápido ele me pressiona na parede do banheiro, uma de suas mãos na minha cintura e a outra no pescoço, mal consigo processar o que está acontecendo, mas quando dou por mim ele está me preenchendo. Reclamo nas primeiras estocadas, mas logo estou gemendo baixinho e fechando os olhos, como sempre, Morrone vai forte e fundo dentro de mim, me fazendo sentir arrepios e borboletas no estômago, eu perco os sentidos quando ele me fode assim.
- Enquanto você estiver aqui… Sei mio. - Sua voz grossa, forte e arrastada me faz gemer mais ainda, uma onda de eletricidade percorre meu corpo e eu tombo a cabeça para trás, sentindo meu corpo entrar em combustão. - Inteso? - Morrone afunda mais forte dentro de mim e eu só tenho forças pra gemer e tentar me agarrar nas paredes molhadas.
  Começo a perder o ar e meu coração bate rápido demais no peito, sinto que vou explodir a qualquer momento até que tudo para tão rápido quanto começou, segundos depois eu associo o que acabou de acontecer.
- Porque você parou? - Consigo dizer confusa, sentindo minhas pernas tremendo e louca para sentir ele dentro de mim de novo.
- Sei mio? - Ele puxa meu cabelo com força e de uma vez só afunda dentro de mim novamente, eu gemo alto o suficiente pro hotel inteiro ouvir.
- S-sim. - Consigo dizer enquanto ele me fode forte, fundo e rápido.
  Sinto sua mão afundando no meu quadril, sei que vai ficar a marca dela depois, mas só consigo me concentrar em sentir ele dentro de mim daquele jeito intenso que me faz perder todos os sentidos. Em uma estocada final, nós dois gozamos, nossos gemidos reverberam pelo banheiro e logo depois estou sozinha de novo. Quando me recupero do orgasmo, termino meu banho e me seco em uma das toalhas felpudas pretas com o nome do hotel, volto nua para o quarto e lá está ele de costas, completamente nu e molhado, posso ver todos os músculos das suas costas e a sua perfeita bunda. O que esse homem tinha de feio ou normal, afinal?
  Michele vira para mim quando nota minha presença e eu tenho que morder os lábios quando o vejo daquele jeito, completamente exposto na minha frente e sexy como o inferno. Ele me analisa da cabeça aos pés como se fosse sua presa e ele estivesse pronto para atacar a qualquer momento, mas ele não o faz.
- Não quero você perto do Macerata. - Morrone manda, curto e frio. Como ele sabe do cara da piscina? - Inteso? - Ele arqueia a sobrancelha, a voz mais intensa.
- É o meu trabalho. - Assim que termino seus olhos queimam minha pele. - Você me pagou para ser só sua durante o fim de semana, não a vida inteira. - Morrone podia ser mandão e durão demais, mas eu sabia como me defender também, mesmo que ele tivesse quase o dobro do meu tamanho. Fui ensinada a nunca levar desaforo para casa.
- Você é minha enquanto eu quiser que seja. - Michele diz entre dentes acabando com o espaço que há entre nós, segura meu queixo enquanto me fulmina com os olhos negros. - De quatro na cama. Adesso. - Manda e vejo seus olhos borbulhando antes de obedecer.
  Subo na cama de quatro, em silêncio e nua, me sinto completamente exposta nessa posição, mas o faço mesmo assim. Pelo canto dos olhos vejo Morrone andando até uma porta do quarto que eu não havia notado, parecia camuflada na parede, como um esconderijo secreto, de lá ele trás algemas de couro e um chicote de couro preto.
  Mordo os lábios em excitação assim que o vejo segurando aquelas peças, não será o meu primeiro contato com BDSM, meu primeiro cliente era um dominador e me fez de sua sua submissa por dois anos, eu sabia algumas coisas. Morrone para ao lado da cama sem me olhar, apenas prende meus pulsos nas algemas de couro e vai para trás de mim, na ponta da cama. Fico tensa, esperando e esperando até que a primeira chicotada vem, forte e firme, arrancando todo o ar dos meus pulmões, ele continua uma, duas, três vezes seguidas, mas eu permaneço imóvel.
- Você é minha. - Morrone diz entre as chicotadas, eu mordo os lábios para não gemer alto e ele continua avidamente. - Dillo. - Ele bate mais forte e mais rápido, mordo tanto a boca que sinto o gosto de ferro do meu sangue. Minhas nádegas latejam, tenho certeza de que estão em um vermelho carmim agora, não aguento muito tempo.
- Sua. Eu sou sua. - Digo no intervalo entre as chicotadas, sentindo-me cansada e dolorida, mas muito excitada ainda.
  Michele me vira de uma vez só, fazendo-me ficar sentada na cama de frente para ele, seu rosto sério e tenso se dissolve um pouco enquanto me fita, o chicote cai no chão e sem dizer nada, ele me beija com puro desejo e luxúria. Suas mãos grandes percorrem pelo meu corpo; pescoço, peitos, cintura, coxas, como se estivesse desesperado para me sentir inteira de uma vez só. Quero desesperadamente tocá-lo, sentir sua pele sob meus dedos, mas estou algemada e isso me frusta, não me frustrava quando eu era apenas uma submissa, mas aqui, nesse momento, já não sei mais o que estamos fazendo.
- Quero te tocar. - Peço em um sopro, nosso olhar conectado a todo momento.
  Morrone suspira, mas o faz, pega uma chave e abre minhas algemas, as joga no chão junto do chicote e no mesmo segundo o puxo para mim porque estou desesperada, já não raciocínio direito se aquilo é certo ou errado, o tesão do momento me deixa inebriada e só consigo fazer o que o meu corpo pede. Junto nossas boca em um beijo cheio de luxúria, sinto nossas línguas se enroscando, dançando juntas até que o ar nos falta e vejo aqueles olhos negros me fitando intensamente, é como se ele lesse a minha menre, soubesse exatamente o que eu quero e como eu quero.
  Michele me deita na cama quase que gentilmente, sua língua passa pelo meu pescoço e desce direto pelos meus seios, ele me beija ali com fervor e eu prendo seu quadril com minhas pernas. Empino meus peitos para que ele os chupe mais, gemendo baixinho enquanto vejo aquela cena fudidamente excitante, penso que posso morrer de prazer só daquele jeito até que sinto sua mão me tocando lá, me estimulando tortuosamente. Ele aumenta a frequência dos toques, meus peitos estão ainda mais sensíveis agora e estou molhada, escorrendo pelos dedos dele enquanto ele me toca incessantemente até que estou perto demais de gozar.
  Levanto seu rosto para mim e ele rapidamente entende e sem rodeios afunda dentro de mim, duro e forte como sempre e solto um grande e longo gemido, não são necessárias muitas estocadas para que eu esteja gozando de olhos fechados, apertando minhas pernas em volta do seu quadril para senti-lo ainda mais fundo e afundando minhas unhas nos ombros dele. Fico um tempo daquele jeito, sentindo meu corpo inteiro pulsar e relaxar, melhor que qualquer entorpecente e melhor que muitas fodas por aí também. Morrone sai de dentro de mim e gemo em protesto, finalmente abrindo os olhos para encontrar os seus e ele está sorrindo relaxado. Deus, devia ser um crime um homem ser assim.
  Só depois que Morrone foi para o banheiro que percebo que não usamos camisinha hoje, sempre usei fielmente com todos meus clientes e ficantes, mas dessa vez esqueci. Quebrei algumas regras nesse fim de semana, regras que fiz e me impus a cumpri-las para facilitar meu trabalho e minha vida. Maldito italiano gostoso!
  - Peça algo para você jantar. - Morrone fala do banheiro, mas estou com preguiça demais para soltar algo mais que "hum".
  Me deito de lado na cama, me sentindo relaxada e exausta, jurando para mim mesma que não iria dormir, mas adormeço assim que termino o pensamento.

  Acordo sozinha na cama de hotel, sol entrando pelas janelas e procuro por Morrone no quarto, mas ele não está mais lá. Há um bilhete no criado mudo "Está livre agora. Ci vediamo", curto e grosso como sempre. Pego meu celular no criado-mudo também e há um lerta de depósito feito na minha conta bancária "120 mil dólares foram depositados", 20 a mais que o combinado. Eu sorrio, não só pela minha carreira estar alavancando, mas pelo fim de semana ótimo que tive. Morrone com certeza foi o meu melhor cliente.

  A casa parece menor e mais velha agora, a tinta descascando das paredes e algumas janelas com vidros quebrados, era pior do que eu lembrava ou talvez fizesse tempo demais desde a última vez. Era doloroso estar ali, de volta as minhas raízes, um filme se passava pela minha cabeça e não havia um momento feliz.
  Bato na porta de madeira duas vezes e ela range, espero nervosamente, batendo com o salto no chão até que a porta finalmente se abre e lá está ela. Seus cabelos são brancos e estão presos em um coque firme, está com um vestido puído da época em que eu morava aqui e há ainda mais marcas de rugas no seu rosto. Meu peito se aperta e minha garganta trava.
- Margot? - Ela aperta seus olhos pequenos para tentar me ver melhor e bota seu óculos, enfim, me reconhecendo. Ela me avalia da cabeça aos pés e nada fala.
- Posso entrar, vó? - Pergunto tentando manter a voz firme, ela pensa um pouco então me dá espaço para entrar.
  A sala é pequena, há apenas o mesmo sofá velho e esburacado nela, o chão de madeira está rangendo e quebrado em alguns lugares.
- O que você faz aqui? - Minha avó pergunta por fim quando me sento na ponta do sofá.
- Vim ver como vocês estão. - Ela abana o ar, como se não acreditasse.
- Estou bem, levando. O garoto é forte, me ajuda na casa, mas come demais, dá prejuízo. - Curta e grossa como sempre, ela diz, não há emoção na sua voz além de desdém.
- Noah está aqui? - Pergunto ansiosa, olhando para os lados, mas não há resquícios dele. Faz cerca de um ano que não o vejo, foi doloroso, lembro de ter chorado o caminho inteiro de volta para casa.
- Está no quarto fazendo dever. É bem estudioso, não puxou a você. - Eu assinto, mordendo o lábio para tentar conter o nervosismo.
- Posso vê-lo? - Pergunto me levantando rapidamente do sofá, novamente ela abana a mão no ar e vira as costas para mim. Entendo como um sim.
  Sigo até o quarto de Noah, que um dia foi meu quarto também, e bato na porta antes de entrar.
- Entra. - Sua voz de criança, mas mais grossa do que costumava ser soa e eu quase exito.
  Engulo a seco e empurro a porta, revelando seu pequeno interior, há uma cama encostada no canto da janela, um criado mudo, alguns brinquedos velhos e livros. Eu lembro desses livros, desde que soube que Noah gostava de ler há alguns anos atrás, os mandei para cá, são mais de 50 livros e estão todos debaixo de sua cama de madeira. Em cima da cama está ele, Noah, com seus cachos loiros escuros, seus olhos verdes escuros, suas covinhas e pele branca alva, exatamente como eu me lembro, mas mais velho. Seus olhos curiosos encontram os meus e me fitam intensamente, sou uma estranha para ele.
- Oi, Noah. - Digo constrangida, entrando no quarto e fechando a porta atrás de mim. - Como você está?
- Bem. - Noah diz tímido, abaixando o olhar para seu caderno.
- Como anda a escola? Você era bom da última vez que eu vim aqui. - Puxo assunto, sentando ao seu lado na cama.
- É muito fácil, eu só tiro A. - Ele dá de ombros como se não fosse nada demais.
- Você é muito inteligente, sempre foi. - Toco seu cabelo cacheado instintivamente, ele se contrai. Meu coração se aperta no peito, ele não me conhece, sou uma estranha que vem aqui uma vez por ano, faz algumas perguntas idiotas e da uns livros. - Como anda a vovó? - Tento mudar de assunto de novo, não quero deixá-lo mais constrangido.
- Como sempre, ela me pede muita coisa. - Noah dá de ombros enquanto rabisca no caderno. - Sempre diz que está cansada e com dor. - Mordo os lábios ao ouvir, sabia que seu quadro se agravaria logo.
- A vovó está velha, cansada. Você tem o meu número, certo? - Noah assente. - Me ligue sempre que quiser ou se algo acontecer. - Sei que o dia está mais próximo, não vai ser fácil para nenhum de nós dois, mas vamos dar um jeito. - Agora me conte sobre os livros que você leu.
  Passamos cerca de uma hora conversando sobre livros, Noah me conta sobre seus personagens e histórias favoritas com um brilho no olhar, ele até ri de uma piada boba que faço e esses momentos aquecem meu coração. É doloroso vê-lo, tê-lo tão perto de mim, mas ao mesmo tempo me sinto completa, é tão natural rir e conversar com ele. É estranho como ele se parece com ela, com a nossa mãe, é uma perfeita cópia masculina dela, até a cadência da voz, as covinhas nas bochechas, os brilhos nos olhos. Queria ter puxado mais dela, as qualidades, os trejeitos.
  Antes de ir lhe entrego um livro de fantasia, Harry Potter, sei que Noah vai devorá-lo em dias e espero que ele me ligue para contar o que achou. Deixo um beijo na sua testa e bagunço seus cachos antes de ir falar com a nossa vó.
- Já está indo? - Ela pergunta com desdém.
- Trouxe dinheiro para vocês. - Pego na minha bolsa um envelope cheio e deixo em cima da mesa, sei que se deixar na sua mão ela recusaria veementemente.
Curiosamente ela pega o envelope e conta o dinheiro, seus olhos surpresos encontram os meus.
- Como você conseguiu todo esse dinheiro? - Posso ouvir a surpresa e curiosidade na sua voz.
- Tenho investido dinheiro há algum tempo. - Dou de ombros, ela não engole muito bem, mas também não recusa. - Tenho que ir. Qualquer coisa que você e o Noah precisarem é só me ligar. - Pego minha bolsa e saio com o coração mais leve de lá.
  Quando estou ligando o carro meu celular toca, Phillip apita na tela e eu rapidamente atendo.
- Angel, querida? - Seu sotaque forte soa do outro lado. - Está ocupada?
- Olá, Phillip. Pode falar. - Suspiro.
- Parece que você encantou o magnata italiano, ele quer ver você na próxima semana. - Meu coração da um pulo.
- No fim de semana? - Pergunto curiosa e animada.
- Querida, ele quer ter você por um mês inteiro na Itália.

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