Meu coração para por alguns segundos, demoro para processar o que acabei de ouvir, é inacreditável.
- Um mês inteiro… Na Itália? - Murmuro mais para mim do que para Phillip.
- Exatamente. Morrone pediu exclusividade com você nesse mês e você será muito bem recompensada. - Eu abro e fecho a boca algumas vezes desacreditada.
- Eu nem tenho um passaporte... Vou ficar um mês inteiro em um quarto de hotel? - Minha cabeça está confusa, nada faz muito sentido para mim naquele momento.
- Vamos providenciar isso, fique tranquila, Angel. Você vai ficar na casa dele na Itália. - Phillip tenta me tranquilizar, mas só surto ainda mais.
- Quando? - Tudo na minha cabeça se resume a isso. Tenho outros clientes, tenho uma vida, não posso largar tudo assim, de repente.
- Em uma semana. Sugiro que você comece a ajeitar as coisas por aí, vai ser uma viagem longa. - Porra.
- Ele disse quanto vai pagar dessa vez? - É melhor que seja uma grande quantia, é bem mais que um fim de semana agora e eu terei que abandonar minha vida aqui nos EUA.
- Cerca de 600 mil, ele não foi muito específico, mas é um homem de palavra. - Eu recosto minhas costas no banco do carro, boquiaberta.
Nunca ganhei tanto dinheiro de uma vez só. Isso mudaria minha vida, seria o suficiente para me tirar dessa vida, para ajudar Noah e minha avó. O suficiente para recomeçar.
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Uma semana passa voando, encontro com os clientes marcados e desmarco com todos os outros, mando mais dinheiro para minha avó, pago minhas contas, arrumo minhas malas e quando o dia chega, Phillip vem me buscar de carro em casa para me levar até o aeroporto.
- Pronta? - Phillip pergunta com um sorriso torto, sua marca registrada, eu sorrio.
Phillip tem seus 50 anos, pés de galinha nos olhos e testa franzida, seus cabelos são curtos e cinzas assim como seu paletó.
- Pronta, eu acho. - Estou nervosa, muito nervosa, não é um cliente qualquer em um hotel qualquer, é Michele Morrone, é um mês inteiro com ele na Itália.
- Você precisa lembrar do que está indo fazer lá, ele é só mais um cliente. - Phill aperta minha mão de leve, seus olhos azuis cansados me fitam intensamente, como se soubesse mais do que eu mesma sei.
- Eu sei, Phillip. - E eu repito isso o caminho inteiro até o aeroporto.
Quando o carro para na frente do aeroporto Phillip me entrega meu passaporte e minha passagem.
- Primeira classe para minha Angel. - Ele sorri e me dá um beijo na testa. - Alguém vai te esperar no aeroporto e te levar até a casa do Morrone.
- Obrigada, Phillip. Por tudo. - Dou um beijo em sua bochecha e fito seus olhos azuis antes de sair.
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A viagem na primeira classe é incrível, tomo champanhe o caminho inteiro, como petiscos e durmo confortavelmente, mas o tempo demora a passar. São mais de nove horas de vôo e alterno entre cochilar, ler e ver alguma série, mas não consigo me manter concentrada.
Estou nervosa, ansiosa, pensando demais em como vai ser estar cara a cara com ele de novo, o Deus Grego mandão, dessa vez na sua casa, seu território, por um mês inteiro. Cada vez que penso nisso, fico mais ansiosa ainda e com raiva de mim mesma, afinal, estou agindo como uma adolescente idiota imatura. Michele Morrone é apenas um cliente, nada mais que isso, ele me quer apenas para o seu próprio prazer, devo ser o novo brinquedinho interessante dele.
A verdade é que já fazem três semanas desde aquele fim de semana inesquecível no hotel Santino, onde tive a melhor foda da minha vida, e estou prestes a ficar um mês com ele em sua própria casa. Sei como as coisas devem funcionar, ele é um muito ocupado, não estará em casa na maior parte do tempo, quer apenas alguém disponível para ele fuder nas horas vagas e dormir tranquilo. Devo ser uma boa garota, obediente, estar preparada sempre esperando por ele e quando tudo isso acabar terei cerca de 600 mil a mais na minha conta e não precisarei ser uma bonequinha de luxo para homens ricos nunca mais.
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Quando enfim pousamos, estou exausta, não dormi direito e estou mais nervosa que no começo da viagem. Tenho que pegar minhas três malas pesadas mais duas malas de mão para procurar a pessoa que foi designada a me encontrar e me levar para a casa de Morrone. Encontro um homem de pele escura, paletó e camisa social preta, óculos escuros e fone em um dos ouvidos, o homem sério e parado feito uma estátua segura uma placa branca com "Angel" rabiscado em caneta preta.
Assim que aceno para o homem ele vem na minha direção em silêncio e pega minhas três malas grandes com facilidade e caminha para fora do aeroporto, em silêncio e desconcertada o sigo. Há um carro de porte grande, preto e blindado nos aguardando com outro cara na direção. O homem sério guarda minhas malas no porta malas e abre a porta do carro para mim, sento quieta e espero tortuosamente para que cheguemos logo, mas o caminho é longo e adormeço metade dele.
Acordo assustada quando o homem sacode meu braço, o mesmo rapidamente se afasta e vai para a traseira do carro pegar minhas malas. Só quando desço do carro que percebo onde realmente estou e fico paralisada, boquiaberta contemplando tudo aquilo. Morrone não tem uma casa, tem uma mansão luxuosa que mais parece um shopping, de frente para um lago. A vista é estonteante, nunca havia visto algo tão perfeito, tão belo. Há outras casas ao redor do lago, mas bem distantes uma das outras e o lago é imenso, tanto que há várias casas com lanchas no lago.
- Andiamo. - O homem chama minha atenção, está segurando minhas malas junto do outro cara que estava dirigindo o carro.
Seguimos para a luxuosa mansão de Morrone, imagino que um mês não seria suficiente para conhecer todos os cômodos daquela casa. A porta principal é o dobro do meu tamanho e assim que ela se abre fico ainda mais boquiaberta, o interior da casa é surpreendente, há tons escuros por todos os lados e contrastes brancos nos móveis. Sou rapidamente recebida por uma empregada, uma mulher que aparenta ter seus 50 anos pelos cabelos esbranquiçados presos em um coque firme, com um sorriso gentil e simpático no rosto.
- Sii benvenuto. - Ela diz, mas não entendo muita coisa e ela percebe pelo meu rosto. - Americana? - Pergunta curiosa.
- Na verdade Inglesa. - Sorrio e estendo minha mão para ela, surpresa ela devolve o aperto.
- Vou levá-la até seu quarto. - Seu inglês é bom, mas seu sotaque italiano carregado a entrega. - Sr. Morrone disponibilizou uma bela suíte para a Senhorita. - Imagino que a suíte seja maior que o meu apartamento e garagem juntos.
Sigo a senhora até o segundo andar, por uma das grandes escadas de madeira que há no hall de entrada e depois de passarmos muitos cômodos, finalmente chegamos ao meu quarto. A empregada abre a porta com uma chama que tira do seu bolso.
- Sinta-se a vontade. Há toalhas limpas no banheiro, todo quarto foi limpo por mim mesma para a sua chegada. - Ela parece realmente animada com a minha chegada e imagino porque. Será que Morrone é um homem de poucas visitas?
O quarto é todo escuro, paredes pretas, móveis de madeira escura, mas é perfeito, não mudaria nada. Ficarei mais que satisfeita em dormir aqui.
- O Sr. Morrone está em casa? - Pergunto curiosa.
- Ele é um homem muito ocupado, geralmente só aparece para jantar ou dormir. - Assinto e agradeço por tudo antes de desfrutar do meu mais novo quarto.
Há uma cama king size com lençóis de seda apenas para mim e assim que deito solto um gemido em contentamento. Minhas malas chegam logo depois, mas não me atrevo a levantar da cama. Já passam das 18h quando verifico meu celular, há uma mensagem de Phillip perguntando se cheguei bem, rapidamente o respondo. Enquanto Morrone não chega, tomo um demorado banho na minha nova hidromassagem enquanto escuto música no fone de ouvido. Passo uma maquiagem leve, marco mais os olhos e visto um vestido preto colado e generosamente decotado para o jantar.
Desço as escadas vagarosamente, ouço vozes masculinas fervorosas falando em italiano, mas não reconheço nenhuma. Sigo as vozes até estar no jardim, de frente para a casa, e em meio a alguns homens meus olhos encontram os seus. Lá está ele, Michele Morrone, vestindo calças sociais pretas e uma camisa social branca remangada e com alguns botões abertos no peito, seu cabelo levemente bagunçado. Morrone fala algo mais baixo, de forma que eu não possa ouvir, e um homem mais velho se vira para mim, me examina da cabeça aos pés e eles trocam algumas palavras. Morrone vem a minha direção, seus olhos me fitando durante todo trajeto.
- Me espere dentro do quarto. - É tudo que ele tem para me dizer depois de três semanas, depois de me trazer para ficar com ele na Itália. - Adesso. - Contrariada viro as costas de uma vez só e retorno para sua mansão.
Quem esse homem acha que é? Devo ficar um mês trancada naquele maldito quarto a espera dele feito a bela adormecida? É assim que ele recebe seus convidados? Irritada, desisto de subir para o meu quarto, caminho até os fundos da casa onde há uma enorme piscina e um bar muito bem equipado, e é lá onde fico pelas próximas horas. Bebo whisky suficiente para ficar com calor, excitada e com mais raiva ainda, tiro meu vestido e meus saltos e mergulho na piscina aquecida apenas com uma calcinha de renda preta.
Não sei quanto tempo se passou desde o episódio na frente da casa, mas estou bem mais bêbada e tive tempo suficiente para remoer toda história na minha cabeça algumas vezes, quando vou nadar para sair da piscina percebo sua presença. Seus olhos negros me fitam intensamente, seu maxilar está tenso e ele segura um copo de whisky pela metade.
- Vieni qui. - Sua voz rouca manda e mesmo contrariada obedeço.
Saio da piscina e caminho lentamente em sua direção, meu corpo inteiro queima com seu olhar. Paro na sua frente, perto demais dele, que fica difícil de raciocinar. Minhas mãos rapidamente caminham para sua camisa social e eu abro mais alguns botões até seu peitoral estar exposto, o toco vagarosamente como se ele pudesse quebrar e fito seus olhos. Não sei o que ele está pensando, esse homem é impenetrável, é como um cofre de banco ambulate, mas com uma aparência irresistível. Sem pensar passo a ponta da minha língua no seu pescoço, passo pelo seu gogo e desço pelo seu peito, desço até chegar a barra da sua calça social quando estou de joelhos na sua frente, seus olhos mal piscam e quando estou prestes a abrir sua calça e começar ali mesmo, ele me para.
- Não vamos fazer isso agora. - Morrone me diz com seu sotaque carregado, seus olhos penetrando minha alma. Fico desconcertada, sem saber o que fazer a seguir, como reagir.
Fico de pé na sua frente e tiro minhas mãos do seu corpo, mal sei como olhar nos olhos agora, mas ele parece vidrado em mim.
- Estou aqui para o quê então? - Consigo dizer com a língua enrolada pela bebida alcoólica.
Não entendo porque ele me quer aqui, na sua casa na Itália, se não for para isso. É isso que os homens querem, não é? Uma mulher a sua mercê, esperando pelos seus comandos e pronta para matar todo seu desejo.
- Voglio te. - Morrone diz lentamente, seu dedos indicador passa pela minha mandíbula e para no meu queixo. - Eu quero você, mas não assim nem agora. - Eu fico mais confusa ainda, minha cabeça gira e dá voltas e continuo sem entender nada.
- O que você quer de mim? - As palavras voam para fora da minha boca e quando percebi já é tarde demais, não posso pegá-las de volta.
- Quero você inteira, Margot.

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La Prostituta
RomanceQuando a prostituição era tudo que sempre conheceu, Angel recorreu a ela como sua profissão. Com anos de profissão, era muito profissional na sua área, sabia como lidar com cada um de seus clientes e até onde se envolver, até que Michele Morrone vir...