Capitolo IX

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[N/A] Desculpem pela demora, mas aqui vai outro capítulo cheio de adrenalina. Me deixem saber se vocês gostaram e me digam de vocês querem um capítulo narrado pelo Morrone.

Eu quero chorar, quero gritar. Phillip não pode ter feito algo tão horrível assim comigo, ele não seria capaz disso. É isso que eu continuo repetindo para mim mesma.
Michele e Etorre mal olham para mim, acham que sou uma traidora agora, que eu planejei isso. Me sinto perdida, não sei o que pensar ou o que fazer.
A mansão de Morrone já não é mais um lugar seguro, Phillip e seus homens sabem onde estamos e por isso estamos indo embora, um lugar seguro disseram, onde ninguém vai encontrar a mim ou Michele. Sou tratada como uma prisioneira, após o episódio no jardim, Morrone mandou que um de seus homens me trancassen no seu quarto, um dos lugares mais seguros da casa pelo que disse. Ouvi tiros, gritos, carros, vi o pôr-do-sol e também o vi desaparecendo no horizonte até tudo ficar silencioso. Em algum ponto adormeci, cansada e assustada e só acordei quando já era noite com alguém abrindo a porta.
Levanto em um pulo da cama king size de Morrone, é Etorre que está na porta me observando.
- Etorre? - Chamo confusa, meus olhos estão pesados pelo choro e sono.
- Estamos indo, só faltava buscar você. - Ele não tem mais o sorriso no rosto nem olha com aquele jeito carinhoso para mim, meu coração se aperta. - Já pegamos as suas coisas, Morrone está te esperando no carro. - Ele se vira para sair do quarto, mas eu corro e seguro seu braço, desesperada.
- Não fui eu, eu não chamei eles. - Tento me explicar, talvez Etorre pare para me ouvir e me entenda, diferente do seu primo.
- Eu vi o histórico de chamadas, você ligou para o Phillip. Porque? - Etorre tira minha mão do seu braço com desdém.
- Eu estava assustada e com medo depois da noite passada, eu só queria ir embora. - Digo e assim que me lembro as lágrimas vem a tona, chorei mais nós últimos dias do que nos últimos 10 anos.
- Você podia ter falado isso para o meu primo antes de começar uma maldita guerra entre mafiosos. - Eu estremeço pensando nas consequências que causei a Morrone e sua família.
- Ele nunca falou comigo, eu vim para a Itália para ser sua acompanhante e não namorada e confidente. - A raiva me consome, não pelo motivo que vim, mas sim por acharem que sou uma traidora quando caí no meio disso de paraquedas. - Eu não sabia que Phillip era a porra de um mafioso, há pouco tempo eu não desconfiava nem do Morrone. - Grito exasperada, Etorre está parado me ouvindo, pensando.
- Morrone acha que você o traiu, que armou isso. - Etorre fala pensativo.
- Eu não armei nada, nunca me meteria algo assim. Você precisa acreditar em mim. - Imploro aos prantos. Etorre é a minha última chance.
- Não importa se eu acredito ou não, a última palavra não é minha. - Engulo o choro, meu coração se aperta e dói.
Limpo as lágrimas e tento pensar em algo, preciso achar uma saída. Não consigo nem imaginar o que Morrone fará comigo se eu não conseguir o convencer de que não sou uma traidora.
- Não temos a noite toda, Margot. - Etorre me apressa, está visivelmente cansado.
- Eu preciso falar com Phillip. - Digo exasperada, a idéia me vem de repente, mas faz todo sentido. Como não pensei nisso antes?
- Você está louca? - Etorre fica nervoso, seus olhos arregalam. - Estamos no meio de uma guerra com ele!
- Ele não sabe que eu estou nessa guerra. - Digo convicta, meu peito se enche de confiança. - É a única forma, Etorre. Confie em mim. - Peço, olho no olho. Etorre suspira e passa as mãos nervosamente pelo cabelo e rosto.
- Como eu vou confiar em você? - Ele pergunta e sei que é porque comecei isso, fui eu que nos botei no meio de uma guerra onde podemos morrer a qualquer momento.
- Porque eu me importo, Etorre. - Meu peito se aperta e as lágrimas ameaçam a cair. - Não sei dizer como ou porquê, mas eu me importo com o Morrone... - Respiro fundo, tentando não chorar. - Eu realmente gosto dele. - É a primeira vez que admito isso para mim mesma e isso me apavora, nunca senti isso antes.
- Porra, Margot! - Etorre se dá por vencido, suspirando. - Como você vai chegar até o Phillip? - Eu sorrio em meio aos caos de sentimentos dentro de mim.
- Eu tenho um plano e você vai me ajudar.

A casa de Morrone está um caos, irreconhecível. Há sangue, vidros e móveis destruídos por todos os lados e não consigo evitar me sentir culpada. Etorre me guia até o carro blindado onde Morrone me espera e me dá um último olhar significativo ao abrir a porta do carro para mim.
Morrone está no banco traseiro, ao meu lado, e há dois de seus homens nos bancos da frente, ambos armados. Ele sequer me olha, finge que não estou ali e isso de alguma forma me machuca. Eu não entendo o que sinto por ele ou porquê sinto, mas é forte e confuso. E doloroso.
A viagem é longa e cansativa, passamos horas dentro de um carro em total silêncio, às vezes olho para trás para ver se o carro onde Etorre e seu pai estão ainda está nos seguindo. Não consigo dormir por mais cansada que esteja, minha mente não descansa nem por um segundo.
Após mais de quatro horas de viagem chegamos a uma casa, é uma mansão como a de Morrone, mas rústica e parece perdida no meio da natureza. Avisto seguranças rondando a casa com lanternas e as portas do carro se abrem para descermos. Etorre e seu pai descem do carro de trás logo depois. Morrone entra na casa em silêncio e Etorre vem até mim.
- Esteja pronta às 4h. - É tudo que ele me diz.
Um dos seguranças me leva até meu quarto, fica de frente para o de Morrone, é claro, ele quer ficar de olho em mim. Quando entro no quarto o segurança fecha e chaveia a porta, eu suspiro e me feito na cama sentindo meu corpo inteiro rígido e dolorido. Há um relógio ao lado da cama e ele avisa que já são 2h, não tenho muito tempo. Minhas malas estão aqui, mas não recebo meu celular, tenho certeza de que está com Morrone.
Tomo um banho quente e demorado e sinto meus músculos relaxarem, visto um roupão e me feito na cama, não demoro a adormecer. Acordo assustada e já são 3h40, levanto em um pulo, corro para o banheiro para escovar os dentes, lavar o rosto e fazer um rabo de cavalo rápido. Visto uma calça jeans, uma blusa simples, jaqueta de couro e botas. Ouço duas batidas na porta quando o relógio aponta 4h em ponto e a porta se abre, é Etorre.
- Vamos. - Ele sussurra e eu assinto rapidamente. Não sei onde meu segurança foi parar, mas também não pergunto.
Descemos silenciosamente para o primeiro andar e saímos pela porta dos fundos, caminhamos até achar um carro blindado parado em outra rua. Entro no carro e me sento no banco de trás, mas paraliso quando vejo quem está no banco do carona.
- Espero que saiba o que está fazendo. - O pai de Etorre avisa, me lança um olhar matador e vira para frente.
Fico nervosa, não sei até onde Etorre contou meu plano para ele, mas espero que Morrone não saiba de nada.
- Morrone sabe de alguma coisa? - Pergunto aflita, minhas mãos suam gelado.
- Quando ele acordar alguém vai contar que levamos você para fazer documentos novos. - Etorre responde no volante. - É tudo que ele precisa saber por ora.
Viajamos duas horas até chegarmos em uma rua deserta onde há outro carro blindado parado, Etorre para o carro e me entrega meu celular por fim.
- Ele vai te levar até o endereço combinado. - Etorre avisa, segura meus ombros e olha nos meus olhos. - Assim que você ligar o celular ele vai ser rastreado por Phillip e ele vai te encontrar. - Eu assinto nervosa, meu corpo inteiro treme. - Não podemos cuidar de você de longe, então tente continuar viva e não improvise, por favor. - Etorre pega uma pistola da sua cintura e me entrega. - Isso é para uma emergência, tente não usá-la de novo. - Ele me dá dois tapinhas no ombro e volta para o carro.
Escondo a arma na minhas costas, dentro da calça e entro no outro carro onde há um homem barbudo no volante. Ele me olha e sem dizer nada arranca o carro. Ficamos na estrada por mais 30 minutos até chegarmos em uma casa abandonada, no meio do nada. Eu desço do carro e ligo o celular, mando uma mensagem para Phillip dizendo que consegui fugir e preciso de ajuda e tudo que eu tenho que fazer agora é esperar. Eu espero e espero por mais de duas horas até que um carro caro pare na frente da casa e Phillip desça dele.
É doloroso ver Phillip e não sentir mais a afeição que eu costumava sentir, ele me usou, me vendeu. Engulo a seco ao descer ao seu encontro.
- Minha Angel! - Phillip me abraça apertado e meu estômago revira, meu coração bate acelerado. - Você está bem? Está ferida? - Eu nego com um sorriso forçado no rosto.
- Estou bem, Phillip. - Tento tranquilizá-lo. - Só quero sair daqui o mais rápido possível.
- Vou levá-la de volta para os EUA, você está segura comigo. - Ele sorri e eu sorrio da forma mais falsa que consigo.
Enquanto caminhamos até seu carro meu celular vibra e eu rapidamente vejo uma mensagem que imagino ser do motorista que me trouxe "estou perto". Merda. Preciso entreter Phillip até ele chegar.
- Phillip. - Digo, ele se vira para mim rapidamente.
- Sim, querida?
- Eu preciso perguntar algo para você. - É a primeira coisa que vem a cabeça.
- Qualquer coisa para você. - Ele sorri. Engulo a seco, nervosa.
- Morrone mencionou que você me negociou por dois milhões. Isso é verdade? - Pergunto por fim, preciso ouvir a verdade, preciso que ele me diga. Eu torço internamente para que seja mentira de Morrone, mesmo sabendo que não é.
- Angel, eu negociei o seu trabalho apenas. Você nunca conheceria alguém como Morrone se não fosse por mim e isso também faz parte do meu trabalho. - Meu peito afunda e a raiva sobe a minha cabeça.
- Você lucrou um milhão e meio comigo. Que tipo de negócio é esse? - Pergunto irritada, não consigo esconder minha indignação.
- Querida, esse é um negócio mais que justo. - Phillip sorri e passa a mão carinhosamente sob o meu braço. - Eu te apresentei um milionário e vários outros homens ricos. Se não fosse por mim você estaria trabalhando com os mesmos mortos de fome que a sua mãe. - Eu paraliso, assustada, magoada e chocada. O que? Nunca contei isso para Phillip, ele nunca falou dessa forma comigo. Meus olhos se enchem de lágrimas e eu me seguro para não desmoronar ali mesmo.
- O que? - Eu consigo perguntar com a voz embargada, tenho a esperança de ter ouvido errado o que Phillip disse, quero desesperadamente que seja mentira.
- Vamos, Angel, você já é bem crescida para chorar. Deve ter ouvido coisas piores dos seus clientes. - Meu peito bate forte, tão forte que cada batida dói mais e mais.
- Seu... - Consigo dizer, estou cheia de ódio, mas a mágoa agora fala mais alto. - Eu confiei em você todos esses anos. Você era como um pai para mim. - Phillip me observa e sorri.
- Eu gerenciei você, você devia me agradecer. - Ele aponta para mim. - Eu nunca seria pai de uma prostituta. - Meu coração se despedaça, eu tenho vontade de vomitar, de chorar, de gritar, mas eu fico parada olhando-o.
- Filho da puta. - Digo, mas não com raiva, apenas mágoa e dor. Como ele pôde?
- Ao contrário querida, até onde eu sei a sua mãe que foi uma puta. Estou errado? - Eu estremeço e por um segundo eu não sinto mais nada, estou inerte. - É o que dizem "tal mãe tal filha".
Eu respiro calmamente, vejo de longe o motorista chegando, está a pé, armado, esperando meu sinal para capturar Phillip. Ele acena para que eu dê o sinal, mas eu o ignoro, mantenho meus olhos sob o sorriso irônico de Phillip.
- Vamos, Angel, não tenho todo o tempo do mundo. - Phillip avisa e ameaça entrar no carro.
- Espera. Eu tenho mais uma coisa para te perguntar. - Digo friamente embora a adrenalina esteja correndo nas minhas veias. Phillip se vira para mim com a sobrancelha arqueada.
- Seja breve, estamos atrasados para o vôo. - Phillip diz com desdém.
- Eu serei breve. - Sorrio friamente, pego a arma que está nas minhas costas e aponto rapidamente para Phillip. Ele ri, como nunca vi antes.
- Abaixe isso, Angel. O seu negócio é abrir as pernas, deixe as armas para mim. - Eu sorrio sarcástica, a confiança e a adrenalina me fazem sentir bem de novo, como morfina.
- Agora as armas meio que são o meu negócio. - Puxo o gatilho da arma e parece que finalmente Phillip me leva a sério, seus olhos arregalam e seu sorriso some. - Últimas palavras? - Pergunto decidida, quase com um sorriso no rosto.
- Angel... - Phillip diz assustado, com medo eu diria.
- Ótima escolha. - Respiro fundo e aperto o gatilho, o barulho é alto, pássaros saem voando de cima das árvores e ouço um zumbido nos meus ouvidos, mas a sensação é boa, libertadora.
Solta a respiração, abaixo a arma e vejo Phillip caído, encostado em seu carro caro, os olhos arregalados me olhando. Ele ainda está vivo, atirei no seu peito e o sangue agora saí pela sua boca enquanto ele parece se engasgar.
- Isso foi por você ter me usado, ter me vendido e, acima de tudo, por ter chamado a minha mãe de puta. Espero que você apodreça no inferno, filho da puta. - E dessa vez miro bem no meio da sua cabeça e atiro sem exitar.
- O que você fez? - O motorista pergunta assustado.
- Acabei com o problema. Me leve de volta, por favor.

O motorista me olha durante todo o trajeto pelo espelho do motorista, não sei dizer o que ele pensa de mim, só sei que não me importo. Chegamos a casa nova de Morrone, onde o mesmo está parado, parecia a minha espera. Desço do carro calmamente, confiante, fiz o que tinha que fazer. Tiro a arma da calça e entrego na sua mão antes de dizer qualquer coisa.
- Agora você confia em mim? - Morrone olha para a arma e olha para mim, parece catatônico.
- O que você fez? - Ele pergunta sério, seus olhos negros parecem ler a minha mente.
- Acabei com o problema. Ele não vai mais vir atrás de mim. - Morrone me encara, sequer pisca. Eu sorrio confiante. - Aposto que isso não estava escrito na minha ficha. - Me aproximo de Morrone, a adrenalina ainda está ali e o medo não existe mais, eu encosto minha boca na sua, afundo minha mão nos seus cabelos negros. Ele me beija de volta, me agarra com vontade e puxa meu cabelo, só paramos quando o ar nos falta.
- O que você quer? - Morrone pergunta, seus olhos podem ver através de mim, duro e quente.
- Eu quero isso, eu quero você. - Eu digo sem exitar como se sempre soubesse a resposta para aquela pergunta.
- Você tem certeza? - Ele pergunta, como se não estivesse acostumado com nada disso.
- Nunca tive tanta certeza antes. - Sorrio e volto a grudar nossas bocas.

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