Pela mão de Park Jimin - {Jikook Abo}

Vinte e nove

Jungkook saíra da casa assim que conferiu que o esposo dormira. Em silêncio, assistia a pouca luz que vinha da aldeia sendo apagada aos poucos, logo após o toque de recolher. Sabia que o sogro estava no escritório e seus cunhados e a sogra, já tinham se retirado para dormir, então estava só, ao menos era o no que acreditava.
Um suspiro longo saiu dos lábios finos assim que assimilava melhor o que tinha acontecido naquele dia. Jimin estava mais recluso desde a transformação, dormia mais que o habitual, raramente tomaram o café da manhã juntos naquelas três semanas.

No fundo, sabia que algo estava acontecendo, porém a empolgação com a caça naquele dia sequer o fizera notar que o ômega iria lhe dizer algo realmente importante. E agora, se sentia estranho. Estava feliz, seria pai, teria um filhote com o ômega que mais desejara por anos e no entanto, se sentia culpado e sequer sabia o porquê.

— Jungkook? O que está fazendo aqui fora? Jimin te expulsou do quarto?

Encarava as estrelas da varanda de entrada da casa, quando notou a presença do cunhado mais velho. Ele era um bom alfa, apesar de se manter calado na maior parte do tempo.

— Na verdade não... Estou sem saber o que fazer... Eu nunca fui pai, entende?

— Ah meu amigo... Imagine a mim que terei gêmeos logo de primeira? — riram, enquanto Namjoon acendia um cigarro atenciosamente.

— Mas Jin hyung não ficou tão estressado quanto Jimin...

— Quem disse que não?! Jin quase me bateu porque eu escondi aqueles biscoitinhos de nata dele... Ele está viciado nisso desde que engravidou — Suspirou para logo em seguida tragar o cigarro.

— Aigoo, aqueles biscoitinhos são os melhores, eu o entendo perfeitamente — riu quando viu o outro negar com a cabeça.

— O que vocês estão fazendo aqui fora?

Chanyeol dizia baixo enquanto fechava a porta atrás de sí. Havia acabado de deixar MinHo no berço tão adormecido quanto seu esposo. Estava orgulhoso de sí mesmo, e insistia em sorrir enquanto procurava os cunhados para conversar, sabia que estes deveriam estar por aí, ainda acordados, como normalmente acontecia.

— Ah, oi Chan

— E aí Jungukk... Fumando de novo Namjoon?! Isso faz mal, principalmente se o Jin souber — riu junto a Jungkook quando viram os olhos arregalados do moreno.

— Deus queira que ele não me bata dessa vez — murmurou enquanto tragava do cigarro mais uma vez para logo após soltar a fumaça pelos lábios e nariz.

— Preparado paizão? — ditou, dando-lhe um tapa forte nas costas, o fazendo grunhir dolorido.

— Não — disse, arrancando uma risada de Namjoon, ao seu lado.

— Bebês são ótimos, você vai ver — sorriu, em sua face as olheiras eram evidentes, contradizendo suas próprias palavras.

— A sua cara cansada me anima muito hyung — suspirou, se apoiando no batente da varanda.

— Jungkook, quando você estiver com seu filho no colo você vai me entender. Não importa a dificuldade, você sempre vai amar seu filhote.

— Acho que entendi hyung... — sorriu fraco — mas, eu ainda estou com medo disso...

— Olha pra' mim... Eu tô' cansado não tô? — o outro assentiu devagar, esperando o que viria a seguir, geralmente Chanyeol não era um bom conselheiro — mas eu estou muito feliz, mesmo cansado.

— Cara, essas foram as suas melhores palavras que você já disse em toda a sua vida — ditou Namjoon, rindo quando viu a feição indignada do cunhado.

— E você o melhor piadista... Aprendeu com o Jin?

— Uh, pegou pesado... Eu não deixava — Jungkook colocou a mão na boca assim que atiçara os alfas.

O alfa mais novo ria descontroladamente enquanto assistia os mais velhos terem uma "briguinha", com ofensas que iam desde "Caipora" até "Dumbo".

— Porque vocês são tão barulhentos?!

— Hoseok?! — disseram em coro, assim que viram o alfa ruivo passar pelo portal.

— Desci para evitar que Taehyung mate vocês — disse com cenho franzido, fechando a porta com calma.

— Já é madrugada — pronunciou após alguns segundos de silêncio.

— E está frio... — prosseguiu Jungkook.

— Deveríamos caçar... — se entreolharam cúmplices quando Hoseok voltara a se pronunciar.

— Porque não? Chamem o Appa, eu vou avisar Baek que saíremos...

[...]

Já era de manhã quando Jimin acordara a procura do alfa moreno. Havia se deitado primeiro na noite anterior e sequer sabia se o alfa havia ido para a cama. Sabia que ele deveria estar cansado tanto quanto a si mesmo devido a caça, porém, se sentiu idiota quando notara que estava sozinho no quarto.
Uma parte de sí se sentia culpada, por ao menos ter sido mais delicado ao contar ao alfa sobre o filhote, já a outra tratava de lhe dizer que era tarde demais para pedir desculpas.

Desceu as escadas depressa, procurava o alfa mas ao sentir o cheiro de biscoitos de queijo no ar, mudou sua rota para a cozinha.

E assim que saíra da cozinha, depois de uma alimentação reforçada, decidira tomar um bom banho, relaxante, de banheira. Fazia tempo que não tinha um tempinho apenas para sí, e agora queria gastá-lo ao lado do seu filhotinho em seu ventre.
Encheu a banheira de água quente e mergulhara logo em seguida, e aconchegando-se passando as mãos sobre o pouco volume de seu ventre, este que estava um tanto durinho.
Fechou os olhos amendoados para relaxar, porém mal notara quando havia ficado um tanto sonolento. Saiu da água meia hora depois, antes que adormecesse de vez.

Suspirou pesadamente de saudades enquanto olhava pela janela, os cinco alfas chegarem aos arredores da casa. Era instinto, quando levara as mãos a barriga e o alfa lhe olhava nos olhos, lá de baixo.
Jimin aos menos percebeu quando já descia as escadas, passara pela porta da casa empurrando Chanyeol, Hoseok e até o próprio pai e quem se metesse em seu caminho até Jungkook.

Se jogou nos braços fortes do esposo assim que conseguiu chegar ao mesmo. Seu peito parecia ter se acelerado instantâneamente enquanto sentia o cheiro amadeirado do alfa ao seu redor.

— Jiminie?! — perguntou receoso. As mãos grandes passando a acariciar os fios ruivos do ômega.

— Jun... Não fala nada, por favor — pediu, o rosto delicado totalmente inerte, apoiado no peito forte do marido.

— Está bem... Quer ir para o jardim?

Após Jimin assentir por várias vezes, Jungkook guiou-lhe para o jardim da casa, sentou-se no banco trazendo o esposo para o próprio colo. Pela marca, sentia que o esposo estivera com tanta saudade quanto a si mesmo
Tivera que aguentar seu lobo choramingando durante toda a caça que fizeram naquela madrugada.

— Como se sente? — perguntou, as mãos grandes e ansiosos tocando-lhe a barriga pela primeira vez desde a descoberta da gravidez.

— E-eu não sei explicar — respondeu após algum tempo em silêncio, sentindo a mão do outro acariciando-lhe com carinho.

— Nem acredito que teremos o primeiro de nossos filhos — murmurou.

A face afundada nos cabelos ruivos do ômega, enquanto fungava seu cheiro adocicado, como se fosse o melhor do mundo, e pra si, era.

— Ahn... Como assim o primeiro?! Jungkook, nós mal descobrimos o bebê... — ditou revoltando-se, embora uma parte de sí se sentia ansiosa para fazer a idéia do alfa se tornar verdade o quanto antes.

— Aigoo Jiminie... Eu quero muitos filhotes com você... — beijou-lhe a bochecha cheinha e rosada — e esse, é apenas o primeiro... — ditou sorridente enquanto repousava a mão sobre a pequena protuberância na barriga do esposo.

— Acho que também tenho os mesmos planos — murmurou enquanto brincava com uma linha solta da camisa frouxa que usava, mal notando o olhar admirado e apaixonado do alfa.

— Então vamos realizá-los juntos