— Ainda me encontro a processar. — O companheiro de balneário do brasileiro Alex Telles confessou, empregando a integralidade dos seus esforços, com o propósito de camuflar o atípico frenesi que, dele, se apoderara aquando do reencontro com Maria. A última vez que havia sido abraçado por semelhante sentimento fora naquele verão onde desfrutara, exatamente, quase diaria e intimamente, da companhia daquela mesma menina mulher. — Se a tua intenção for voltar para casa, posso levar-te. — Sugeriu, ainda que o seu efectivo desejo residisse em permanecer naquele contacto próximo com a finalista do curso de enfermagem.
Era, precisamente, idêntico o intento da irmã de Francisco que, diante da possibilidade de desfruir de um momento de lazer e recreio com o antigo colega de turma, e amante, jamais ousaria recusar a sua consumação. E, por essa mesma razão, não o fez.
— Por acaso, preferia comer qualquer coisa antes de regressar. — Inapta a mascarar a sua timidez, face à exteriorização do seu propósito, a universitária proferiu, enquanto observava o ambiente ao seu redor, de modo a, custosamente, evitar o contacto visual que ela possuía a, perfeita, consciência ser, silenciosamente, solicitado por Diogo, cujo brilhante, e encantador, verde já se encontrava fixo nela e na sua figura.
— Concordo contigo. Também já tenho fome pois, afinal, todo o propósito deste, suposto, encontro às cegas foi, exatamente, convivermos enquanto jantávamos. — Constatou, enfim, conquistando a, total, atenção da rapariga que, ainda inábil a ocultar o seu embaraço, lhe presenteou com o seu bonito sorriso. — Entrego-te a responsabilidade de escolher o nosso próximo destino, Maria. — Aditou, nunca movendo as suas íris num sentido diferente, senão o cativante rosto da futura enfermeira, completamente, enrubescido — o que o recreou.
— Assim, colocas-me num posição difícil, Leite. — Retorquiu, evocando-o de forma semelhante àquela de quando partilharam a carteira da sala de aula, provocando no jogador uma fraca risada, que a contagiou.
— Qualquer que seja a tua sugestão, eu concordo, Miguel. — O futebolista português compactuou com as intenções da do sexo feminino, que, novamente, apreciou as redondezas, no entanto, não se sentindo seduzida por qualquer daqueles restaurantes. Pelo menos, não naquela noite.
— Bowling? — Aquando da sugestão da irmã de Francisco — no local onde ambos, durante aquele tão apaixonante verão, haviam desfrutado de inúmeros momentos —, o defesa central não refreou uma gargalhada, que provocou a amplificação da inibição da moça.
— Há coisas que, verdadeiramente, nunca mudam, Maria Miguel. — Com humor, o camisola quatro proclamou. A de loiros e lisos fios não conhecia se o portuense se referia ao seu gosto pelo jogo — embora não fosse a melhor jogadora —, à constante ruborização do seu rosto quando na companhia dele, ou aos sentimentos mas, na realidade, a resposta revelava-se a mesma para qualquer uma das hipóteses. E fora suficiente voltar a encontrar Diogo para Maria compreender que, independentemente do tempo, haviam coisas que não mudavam com ele. — Aceitas a minha boleia ou preferes que recorramos aos serviços dos transportes públicos ou de um UBER? — Interrogou-a, mais uma vez, confiando à estudante do ensino superior a decisão definitiva.
— Se concordares, e não te importares, em conduzir... — Num baixo volume, a descendente de Susana e César retorquiu, não desejando envolver-se na azáfama noturna, ainda que em menor intensidade do que a diária, da rede metropolitana.
— Não me importo em nada e, até, acordo que vamos de automóvel, o que viabilizará uma viagem mais cómoda e célere. — O colega de balneário de Danilo Pereira harmonizou, iniciando a sua caminhada em direção ao seu veículo, num tácito pedido para que Maria o acompanhasse e, de imediato, acatado pela mesma.
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Maria | Diogo Leite
FanfictionCom a tempestade que da vida de Diogo se viera apoderar, Maria chegou para lhe mostrar que ele a podia ultrapassar, desde que na chuva aprendesse a dançar.