Jimin acordou se sentindo estranho, na verdade, mal havia pregado os olhos. O encontro com Namjoon na noite passada havia mexido consigo. Afinal, poderia chamar aquilo de encontro? Não sabia e não saber estava o deixando louco. Nunca foi alguém romântico, se dedicara a vida toda a sua dança e isso sempre lhe foi de bom tamanho, mas desde que o Kim apareceu na sua vida, sentia que faltava algo ou melhor, alguém. Quão piegas estava parecendo? Não queria se iludir, mas o outro sempre se mostrou tão confiante e Jimin percebia, por mais que tentasse fingir que não, as conversas deles sempre acabavam indo para o lado do flerte. Seria isso um sinal ou apenas o jeitinho natural de Namjoon?
Foi tirado de sua confusão mental com batidas na porta, logo, a cabeça de sua mãe apareceu.
— Estava dormindo? Está sentindo alguma coisa? — perguntou a mulher, levemente preocupada.
— Estou bem, omma, só estava arrumando coragem para levantar.
— Acho bom mesmo, daqui a pouco dá a hora de sua consulta e você aí de preguiça.
— Eu sei, eu sei, já estou indo me cuidar. — respondeu enquanto se levantava e se dirigia ao banheiro da suite.
A mulher, então, fechou a porta, deixando o filho sozinho. Jimin cuidou de toda sua higiene e vestiu uma roupa confortável, logo descendo para tomar seu café da manhã.
— Tem certeza de que não quer que eu vá com você? — a senhora Park perguntou enquanto via o filho comer.
— Tenho, o Taetae vai comigo. A senhora pode ir resolver suas coisas, já me acompanhou durante todo o tratamento, não quero te ocupar mais.
Park Hyejin era a única provedora da casa desde a morte de seu marido, mas teve que largar o emprego de secretária em uma grande empresa para se dedicar ao filho no tratamento. Jimin se culpava bastante por isso, então desde que recebeu alta, tentava dar o mínimo de trabalho possível para a progenitora.
— Você sabe que não gosto quando fala assim. Já te disse que você não me ocupa em nada. Tudo que eu faço é porque sou sua mãe e te amo.
— Tudo bem, eu sei, me desculpe. Mas realmente não preciso que venha, já combinei com o Taehyung, depois vamos sair também, então não se preocupe.
— Certo, então estou indo, combinei de encontrar uma amiga, ela disse que iria me indicar para uma vaga de emprego. Torça para sua mãe, pois é quase impossível conseguir um trabalho estando na casa dos cinquenta. Será que eles acham que a gente está morto nessa idade? — reclamou a mulher. Jimin riu e a desejou boa sorte.
(...)
Jimin e Taehyung já tinham saído da consulta e se encontravam na sorveteria perto da clínica. Eles tinham esse ritual de toda vez que saíssem do local, tinham que tomar um milkshake. Foi a forma que o mais novo encontrou de animar o amigo na época que ele estava doente e, agora, mesmo depois da recuperação, continuavam indo ali.
— Finalmente consegui um tempinho com meu amigo. — falou Taehyung com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso debochado na cara.
— Você não desgruda de mim desde que tínhamos 8 anos de idade, acho que precisávamos de um espaço nessa relação, não? — o Park provocou de volta.
— Ouch, sua indiferença a minha pessoa dói, sabia?
— Você é ridículo, pergunta logo o que quer saber e deixa de drama.
— Já que você insiste... — deu de ombros. — Como está sendo com o outro Kim?
— O Namjoon? — perguntou, sentindo suas bochechas corarem levemente só com a menção do nome do outro.
— E por acaso tem outro Kim na sua vida? Além de mim, óbvio.
— Não tem ninguém na minha vida, não, você tá' louco?
— Ué, está esquivo porque?
Jimin bufou. Ficou encarando o colo enquanto brincava com seus dedos até ter coragem de voltar a olhar pro amigo.
— Ok, estava precisando mesmo falar com alguém sobre isso.
— Sou todo ouvidos.
— Então.... achoqueestougostandodele.
— O quê?
— Acho que posso estar gostando do Namjoon. — respondeu, dessa vez mais devagar.
— Eu já tinha entendido da primeira vez, só queria te ouvir repetir. — respondeu Taehyung enquanto ria, se divertindo com a vergonha do amigo. Jimin jogou o canudo do seu milkshake nele, sujando sua roupa. — Ei, essa camiseta vale um salário!
— Bem feito, isso é pra você aprender a não me fazer de idiota.
— Tudo bem, me desculpe, mas qual é, não te vejo gostando de ninguém desde aquela sua namoradinha do ensino médio.
— Você sabe que eu não tinha tempo para essas coisas.
— Você estava ocupado demais tentando entrar naquela companhia de dança e blá blá blá.
— Pois é, mas agora, acho que relaxei. Dizem que mente vazia é oficina do diabo, né? Ultimamente não tenho feito nada de produtivo, então é provável que minha mente esteja só se divertindo com minha cara e eu esteja confundindo tudo.
— É uma possibilidade, mas talvez não.
— O que você quer dizer?
— Que você poderia tentar alguma coisa, o que tem a perder?
— A amizade dele? Ou pior, acabar me envolvendo de verdade e ver ele indo embora?
— Ok, você está com todas as respostas na ponta da língua, andou pensando muito nisso?
— Desde a hora que eu acordei. — respondeu num muxoxo.
— Você tem um ponto, mas sinceramente? Não acho que ele seria o tipo de pessoa que se afastaria por descobrir que alguém tá afim, ele me parece muito politicamente correto para isso. E sobre a segunda opção, se eu fosse você, não perderia a oportunidade de dar uns beijos, por uma possibilidade.
— Pra você é fácil falar, tem o coração de pedra.
— Não tenho, só sou prático, você que sofre atoa.
— Então acha que devo tentar?
— Primeiro, veja se tem chances dele te corresponder, assim você não perde tempo atoa. Se a resposta for sim, vá em frente e saia desse deserto.
— Acho que já tenho a resposta pra isso... — Taehyung arqueou as sobrancelhas — É que, às vezes, parece que ele flerta comigo, mas não sei se é só coisa da minha cabeça.
— Vai continuar sem saber se não tomar uma atitude.
— Ok, prometo que vou tentar, se tudo der errado, você vai me aguentar chorando no seu ouvido, está me entendendo? — Jimin respondeu, enquanto apontava o dedo para o amigo em uma expressão engraçada de falsa raiva.
— Já vou comprar os sorvetes e deixar em casa.
— Assim parece que você está torcendo contra mim! — exclamou exasperado.
— É por precaução, se tudo der certo, a gente come para comemorar.
— As vezes eu esqueço o porquê de você ser meu melhor amigo.
— Por que eu sou a melhor pessoa que você conhece. — respondeu o Kim, enquanto piscava divertido para o amigo, que o chutou em baixo da mesa.
Mas era verdade, Taehyung era definitivamente, a melhor pessoa que Jimin conhecia, mas nunca se atreveria em falar em voz alta, pois a auto estima do mais novo era insuportavelmente elevada.
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Reviver
RomansaPark Jimin era um promissor dançarino clássico que viu seus sonhos serem interrompidos ao receber o diagnóstico de que tinha leucemia. Kim Namjoon era um poeta desesperançoso que procurava por motivos para continuar vivendo. Jimin vivia na França. N...