Capítulo 14

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Jimin acordou se sentindo estranho, na verdade, mal havia pregado os olhos. O encontro com Namjoon na noite passada havia mexido consigo. Afinal, poderia chamar aquilo de encontro? Não sabia e não saber estava o deixando louco. Nunca foi alguém romântico, se dedicara a vida toda a sua dança e isso sempre lhe foi de bom tamanho, mas desde que o Kim apareceu na sua vida, sentia que faltava algo ou melhor, alguém. Quão piegas estava parecendo? Não queria se iludir, mas o outro sempre se mostrou tão confiante e Jimin percebia, por mais que tentasse fingir que não, as conversas deles sempre acabavam indo para o lado do flerte. Seria isso um sinal ou apenas o jeitinho natural de Namjoon?

Foi tirado de sua confusão mental com batidas na porta, logo, a cabeça de sua mãe apareceu.

— Estava dormindo? Está sentindo alguma coisa? — perguntou a mulher, levemente preocupada.

— Estou bem, omma, só estava arrumando coragem para levantar.

— Acho bom mesmo, daqui a pouco dá a hora de sua consulta e você aí de preguiça.

— Eu sei, eu sei, já estou indo me cuidar. — respondeu enquanto se levantava e se dirigia ao banheiro da suite.

A mulher, então, fechou a porta, deixando o filho sozinho. Jimin cuidou de toda sua higiene e vestiu uma roupa confortável, logo descendo para tomar seu café da manhã.

— Tem certeza de que não quer que eu vá com você? — a senhora Park perguntou enquanto via o filho comer.

— Tenho, o Taetae vai comigo. A senhora pode ir resolver suas coisas, já me acompanhou durante todo o tratamento, não quero te ocupar mais.

Park Hyejin era a única provedora da casa desde a morte de seu marido, mas teve que largar o emprego de secretária em uma grande empresa para se dedicar ao filho no tratamento. Jimin se culpava bastante por isso, então desde que recebeu alta, tentava dar o mínimo de trabalho possível para a progenitora.

— Você sabe que não gosto quando fala assim. Já te disse que você não me ocupa em nada. Tudo que eu faço é porque sou sua mãe e te amo.

— Tudo bem, eu sei, me desculpe. Mas realmente não preciso que venha, já combinei com o Taehyung, depois vamos sair também, então não se preocupe.

— Certo, então estou indo, combinei de encontrar uma amiga, ela disse que iria me indicar para uma vaga de emprego. Torça para sua mãe, pois é quase impossível conseguir um trabalho estando na casa dos cinquenta. Será que eles acham que a gente está morto nessa idade? — reclamou a mulher. Jimin riu e a desejou boa sorte.

(...)

Jimin e Taehyung já tinham saído da consulta e se encontravam na sorveteria perto da clínica. Eles tinham esse ritual de toda vez que saíssem do local, tinham que tomar um milkshake. Foi a forma que o mais novo encontrou de animar o amigo na época que ele estava doente e, agora, mesmo depois da recuperação, continuavam indo ali.

— Finalmente consegui um tempinho com meu amigo. — falou Taehyung com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso debochado na cara.

— Você não desgruda de mim desde que tínhamos 8 anos de idade, acho que precisávamos de um espaço nessa relação, não? — o Park provocou de volta.

— Ouch, sua indiferença a minha pessoa dói, sabia?

— Você é ridículo, pergunta logo o que quer saber e deixa de drama.

— Já que você insiste... — deu de ombros. — Como está sendo com o outro Kim?

— O Namjoon? — perguntou, sentindo suas bochechas corarem levemente só com a menção do nome do outro.

— E por acaso tem outro Kim na sua vida? Além de mim, óbvio.

— Não tem ninguém na minha vida, não, você tá' louco?

— Ué, está esquivo porque?

Jimin bufou. Ficou encarando o colo enquanto brincava com seus dedos até ter coragem de voltar a olhar pro amigo.

— Ok, estava precisando mesmo falar com alguém sobre isso.

— Sou todo ouvidos.

— Então.... achoqueestougostandodele.

— O quê?

— Acho que posso estar gostando do Namjoon. — respondeu, dessa vez mais devagar.

— Eu já tinha entendido da primeira vez, só queria te ouvir repetir. — respondeu Taehyung enquanto ria, se divertindo com a vergonha do amigo. Jimin jogou o canudo do seu milkshake nele, sujando sua roupa. — Ei, essa camiseta vale um salário!

— Bem feito, isso é pra você aprender a não me fazer de idiota.

— Tudo bem, me desculpe, mas qual é, não te vejo gostando de ninguém desde aquela sua namoradinha do ensino médio.

— Você sabe que eu não tinha tempo para essas coisas.

— Você estava ocupado demais tentando entrar naquela companhia de dança e blá blá blá.

— Pois é, mas agora, acho que relaxei. Dizem que mente vazia é oficina do diabo, né? Ultimamente não tenho feito nada de produtivo, então é provável que minha mente esteja só se divertindo com minha cara e eu esteja confundindo tudo.

— É uma possibilidade, mas talvez não.

— O que você quer dizer?

— Que você poderia tentar alguma coisa, o que tem a perder?

— A amizade dele? Ou pior, acabar me envolvendo de verdade e ver ele indo embora?

— Ok, você está com todas as respostas na ponta da língua, andou pensando muito nisso?

— Desde a hora que eu acordei. — respondeu num muxoxo.

— Você tem um ponto, mas sinceramente? Não acho que ele seria o tipo de pessoa que se afastaria por descobrir que alguém tá afim, ele me parece muito politicamente correto para isso. E sobre a segunda opção, se eu fosse você, não perderia a oportunidade de dar uns beijos, por uma possibilidade.

— Pra você é fácil falar, tem o coração de pedra.

— Não tenho, só sou prático, você que sofre atoa.

— Então acha que devo tentar?

— Primeiro, veja se tem chances dele te corresponder, assim você não perde tempo atoa. Se a resposta for sim, vá em frente e saia desse deserto.

— Acho que já tenho a resposta pra isso... — Taehyung arqueou as sobrancelhas — É que, às vezes, parece que ele flerta comigo, mas não sei se é só coisa da minha cabeça.

— Vai continuar sem saber se não tomar uma atitude.

— Ok, prometo que vou tentar, se tudo der errado, você vai me aguentar chorando no seu ouvido, está me entendendo? — Jimin respondeu, enquanto apontava o dedo para o amigo em uma expressão engraçada de falsa raiva.

— Já vou comprar os sorvetes e deixar em casa.

— Assim parece que você está torcendo contra mim! — exclamou exasperado.

— É por precaução, se tudo der certo, a gente come para comemorar.

— As vezes eu esqueço o porquê de você ser meu melhor amigo.

— Por que eu sou a melhor pessoa que você conhece. — respondeu o Kim, enquanto piscava divertido para o amigo, que o chutou em baixo da mesa.

Mas era verdade, Taehyung era definitivamente, a melhor pessoa que Jimin conhecia, mas nunca se atreveria em falar em voz alta, pois a auto estima do mais novo era insuportavelmente elevada. 

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