𝙋𝙧𝙤́𝙡𝙤𝙜𝙤

721 48 2
                                    

   Sua visão estava turva, seu peito e ombro ardiam como fogo enquanto o líquido quente escorria e encharcava suas roupas. O cheiro de sangue enfestava o ar e começava a se estender por quilômetros à frente. Com o pouco de consciência que lhe restava, o garoto virou para a árvore onde havia escondido a pequena recém-nascida que tentava proteger da tentativa de assassinato de seus irmãos.

O menino caminhou até ela em passos lentos e pesados, com a mão sobre o ombro na tentativa de aliviar a dor. Ele respirava com devagar e fazia um grande esforço para manter seus olhos abertos e o corpo de pé. Ele estendeu a mão na direção da árvore que se abriu, dando visão para o pequeno ser que dormia serenamente enrolado no pano branco. O garoto sorriu ao ver a adorável cena e se sentiu orgulhoso por tê-la mantido segura.

— Oi, pequenina. — sussurrou com sua voz frágil e cansada. — É bom ver que conseguiu relaxar um pouco. Eu... — Ele respirou com dificuldade. — Eu tive alguns probleminhas aqui para te manter a salvo, mas já consegui resolver. Agora, eu só...— O garoto tossiu algumas vezes, seus pulmões queimavam a cada respirada que dava. — Só preciso te levar para um lugar seguro e esperar a poeira abaixar.

Na esperança de pegar a garotinha, tentou levantar os braços e esticá-los na direção dela, fazendo seu ombro direito arder ainda mais e seu corpo estremecer. Em agonia, ele olhou para suas mãos, uma delas estava completamente ensanguentada, contudo as duas tremiam de forma anormal. De repente, suas pernas perderam as forças e ficaram bambas acompanhando a tremedeira de suas mãos. Sem conseguir suportar mais, seus joelhos cederam, ele até tentou se apoiar no tronco da árvore, porém tudo o que conseguiu foi espalhar uma grossa linha de sangue na madeira.

Ainda assim, ele precisava se levantar, ele tinha que se levantar, continuar a proteger a menina e levá-la para um lugar seguro, como havia prometido a Rosalie que faria, entretanto, ele não tinha mais forças para isso. Seu corpo já não aguentava mais e sua mente estava por fio de se perder, ele estava ferido e cansado, a luta com Jacob havia exigido demais dele, sem contar o sangue que estava perdendo por conta dos ferimentos.

Sem conseguir mais resistir, seu corpo caiu bem em frente à árvore, fraco do jeito que estava, tudo o que conseguiu fazer foi virar-se para cima e estender o braço esquerdo como se tentasse alcançar a menina na árvore. O que aconteceria agora, ele se perguntava. Será que ele morreria ali? Como ficaria a promessa que fez a Rosalie de proteger a criança? Ou a promessa que fez a Emily de ficar segura e voltar para casa vivo? E os jogos e apostas com Emmett? Ele nunca comeria a comida de Esme de novo ou ouviria as histórias de Carlisle.

Eram tantos pontos a considerar caso ele morresse, ainda assim ele conseguia tirar um lado bom de tudo isso. Pelo menos, ele veria seu pai de novo e quem sabe eles pudessem ficar juntos outra vez, poderia ouvir suas histórias de novo, suas canções, as piadas, comer suas panquecas duvidosas no café da manhã de novo, isso é claro se o outro lado fosse como ele imaginava que seria afinal ele nem sabia se realmente existia outro lado, mas do fundo do coração ele torcia para que existisse. Ele queria paz no final das contas...

Não!

Ele não podia morrer, não aqui, não agora. Precisava fazer alguma coisa, qualquer coisa! Foi quando algo veio em sua mente, talvez ele ainda tivesse forças para tentar uma última coisa: usar um de seus poderes e transmitir seus pensamentos para seus irmãos e os Cullen. Talvez isso funcionasse, talvez parasse o confronto entre eles e os unissem para salvar algo em comum ou talvez isso fosse ser otimista demais, isso realmente não importava no momento. Ele precisava tentar.

Em um último fio de esperança, Nate fechou os olhos e respirou o mais fundo que conseguiu, pensou em todos que estavam se enfrentando naquele momento Edward, Sam, Carlisle, Rosalie, Quil, Leah, todos eles e em uma última tentativa de salvação transmitiu rapidamente todas as suas memórias e sensações sentidas desde que deixou a casa dos Cullen com Renesmee nos braços, passando pela luta com Jacob, os ferimentos que ele havia deixado nele, a criança segura na árvore, o sangue, a queda e uma mensagem final para todos que estivessem ouvindo antes de perder totalmente a consciência.

"Alguém... Por favor... Me ajuda..."

ℕ𝕒𝕥𝕖 - 𝕆 ℙ𝕖𝕢𝕦𝕖𝕟𝕠 𝔼𝕤𝕡𝕚́𝕣𝕚𝕥𝕠 𝔾𝕦𝕖𝕣𝕣𝕖𝕚𝕣𝕠Onde histórias criam vida. Descubra agora