Capítulo 6

6 2 0
                                    

 Durante a noite anterior, acordei inúmeras vezes com aquele sonho só que, dessa vez, Arthur atirava em mim. Esse tiro batia direto no meu coração porém, ao invés de sangue, saiam uma espécie de flores brancas. Isso é muito estranho. Depois disso, o sonho se repetiu várias vezes até eu não conseguir pregar mais os olhos.

 Antes de dormirmos ontem, Jade nos liberou das tarefas de hoje. Graças às perspectivas de Leona, o que nós fizemos no sábado (que foram muitas coisas) deve nos fazer tirar um, ou talvez dois, dias de folga.

 Certa de que hoje todos vão dormir até tarde, desço as escadas devagar, para não acordá-los, e vou até a geladeira. Depois de tomar meio litro de água, volto a subir.

 Agora estou eu encarando essa caixinha de madeira novamente, por que é tão difícil? Não sei se devo ler a próxima ou esperar por Lis. Se bem que, quando ela acordar eu conto para ela...

 Me inclino, a abro e reviro as cartas até a primeira daquele natal. Me debruço sobre a cama com cheirinho de rosas e começo a lê-la em pensamento:

 "Querida Serena, finalmente você chegou! Você sempre chega dois dias antes do Natal então, isso é o bastante para que eu conte as horas e os minutos até lá.

 Preciso comentar sobre suas sardas... Eu adorava elas! Não sei porque sumiram, penso que é mais uma questão da idade. Ah é! Agora você já tem dezessete, finalmente. Mesmo assim, eu sou mais velho.

 Agora, mais do que nunca, eu tenho a CERTEZA de que estou completamente e inteiramente apaixonado por você.

 A partir da hora em que você chegou e correu para me abraçar eu soube disso. E quero que saiba que eu vou sempre te amar, mesmo em segredo.

Com amor, Arthur."

 Ahhh... que saudades, meu Arthur. Aperto a carta contra meu peito e me levanto num pulo. Vou até o guarda-roupas e escolho um vestidinho simples com uma sapatilha.

 Eu sei que eu não deveria acordar os outros nesse horário, mas é que eu estou tão ansiosa para falar com Lis sobre isso. Finalmente é bom ter alguém para conversar sobre o meu Arthur.

 Depois de pronta, vou andando pelo corredor até um dos últimos quartos, o de Lis que é de frente para o de Ethan.

 Paro na frente, ainda estou meio hesitante mas, tomo coragem e bato.

 Na mesma hora, a morena abre a porta, ela já está trocada, o que é estranho.

 -¡Buenos días! -ela fala super empolgada.

 -Bom dia, Lis -também abro um sorriso, ela tem esse poder de me fazer sorrir.

 -Entra... -ela me puxa para dentro e escora a porta.

 A moça se senta em uma poltrona e me puxa para a outra a sua frente, também me sento e quando vou falar algo ela começa:

 -Usted leu, não foi? -ela arregala os olhinhos brilhantes.

 Nessa hora, eu travo. Como ela sabe?

 -Como você sabe? -a questiono preocupada.

 Ela sorri e deita a cabeça no braço da poltrona.

 -Eu solamente sei... -ela continua sorrindo e isso, de certo modo, me assusta.

 Olho a mesma ela séria e arregalo os olhos, ela ri mais ainda.

 -E o que estava escrita nela? -me questiona se arrumando na poltrona e pondo os pés encima da mesma.

 -Ah... E você não é a sabe tudo? -brinco e também ponho os pés encima da poltrona, nós duas rimos.

Cartas para o Verão e para o Inverno.Onde histórias criam vida. Descubra agora