Chego na casinha me odiando por ter que voltar para ela. Eu vivi meus melhores momentos aqui e agora estou vivendo o meu pior. Como se não bastasse, ainda dou de cara com Ohana assim que abro a porta da sala.
Sentada no sofá com os olhos vermelhos, ela conversa com Alissa que está na poltrona ao lado e a adverte em relação a algo.
-Eiii, Serena! -se levanta em um pulo assim que me vê.
-Você está bem?! -um sorriso sincero se abre em meu rosto ao ver a outra mocinha mais corada e com suas energias revigoradas, a abraço, de certa forma, ela é mais minha irmã do que Ohana.
-Estou sim, mas e você? O que aconteceu? Não consegui arrancar nada dela -e aponta para Ohana sem olhá-la.- Está tudo bem? -ela insiste.
-Vamos conversar lá em cima -a puxo pela mão não ligando para Ohana e subimos direto para meu quarto.
Chegando lá, fecho a porta com chave, ela se senta em uma ponta da cama e eu na outra já agarrando um travesseiro.
-Você provavelmente não sabe mas Arthur e eu já... -qual palavra eu uso?- Já nos beijamos e juramos amor um ao outro -ela arregala os olhinhos.- Ele foi para a guerra e quando voltou, esse amor bateu mais forte... Então, hoje de manhã, eu o vi junto a Ohana aos beijos -ela franze as sobrancelhas.
-Ok... E por quê você disse que eu já sabia do que aconteceu entre vocês? -se atenta para o que eu disse anteriormente.
-Ohana não te contou? -a questiono me endireitando.
-Não, ela estava falando que fez uma coisa muito ruim e eu...
Uma coisa muito ruim? E desde quando ela se arrepende de algo? Isso o que ela fez não tem desculpas, eu nunca faria isso com ela, qualquer pessoa que tenha senso não faria isso.
-Serena! -a morena à minha frente chama-me a atenção.- Ela deve estar arrependida, não sei.
-Isso não muda nada, Alissa, eles se beijaram, ambos contribuíram e eu não posso fazer nada quanto a isso -me levanto e vou em direção ao baú com as cartas.
-Isso? -repete se virando para mim.
-Se eles se amam, eu não vou ficar no caminho -consegui! Alcanço o baú no guarda-roupas e o ponho sobre a cama.- Vou embora daqui, ir para a cidade ou para outro país mas antes, quero me livrar disso.
Viro a caixa derrubando as cartas sobre a cama e antes de dar o destino das mesmas, Lis bate à porta me chamando.
A abro e deixo a mocinha entrar, não tenho segredos com ela. A mesma se senta ao lado de Alissa e me olha intrigada.
-O que usted vai fazer?
-Eu vou embora, mas vou queimar todas essas bobagens antes -pronto, está aí a solução.
-Queimar?! -as duas falam em uníssono.
-Sim, queimar, não quero nada que me lembre ele na minha "nova vida".
Junto os envelopes, a maioria nunca aberto, e os ponho sobre a cesta de roupas, não posso levar tudo isso na mão.
-Usted vai mesmo salir daqui? -a espanhola se levanta.
Concordo com a cabeça firme em minha decisão.
-Eu vou junto -também é firme.
-Não, Lis. Você não pode, seu irm...
-Mi hermano não vai se importar se eu volver a minha casa -como? A olho intrigada.- Adoraríamos ter una convidada -ela sorri.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cartas para o Verão e para o Inverno.
Narrativa StoricaO amor pode florecer em qualquer estação, independente do ano ou dos acontecimentos que o acompanham. Para provar, em plena Segunda Guerra Mundial, um amor que todos pensavam ser esquecido, renasce, na verdade, ele nunca morreu, apenas se escondeu...