Capítulo 10

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 Eu já estou até me acostumando a acordar com gente no meu quarto, corrigindo, com Lis me sacudindo.

 -¡Buenos dias!- ela me fala com esse maravilhoso sotaque.

 Abro os olhos e a vejo parada ao meu lado com a caixinha em mãos.

 -Bom dia! -respondo com um sorriso e me sento- Como está a Alissa? -pergunto esfregando os olhos.

 -Ainda no tiene nenhuma melhora... -ela fala com os olhinhos tristes e se senta- Vamos ler? -agora sim, me sorri.

 De novo sinto aquele mesmo aperto no peito e, por extinto, levo a mão na direção do coração e deixo escapar uma careta.

 -¿Qué tiene? -a mesma me questiona preocupada.

 Respiro fundo e fecho os olhos, então sinto a dor deixando meu corpo aos poucos.

 -Um aperto no peito -vou abrindo os olhos.- Ainda não li as cartas por conta disso...

 A espanhola me olha em dúvida e mira a carta, procurando um sinal de algo que, aparentemente, não existe.

 -Estranho... -fala por fim.

 Pego a carta com as duas mãos e a retiro novamente do envelope, a dor surge de novo e, com ela, uma certa angústia.

 -Não dá! -a largo sobre o lençol como se fosse uma rosa cheia de espinhos e abraço meus joelhos.

 Lis a guarda no envelope, se levanta e a põe sobre minha penteadeira, depois guarda a caixinha em seu lugar e vai em direção a porta.

 -Algo está acontecendo... -fala antes de sair com um ar misterioso- Só espero que no seja algo ruim -ela dá de ombros.- O café está na mesa, pero -me informa- só nós duas, Alissa e Jade estamos em casa.

 Como assim? Durante três anos ninguém nunca foi além da porteira, será que algo aconteceu?

 -Leona, Ethan e Ohana foram alimentar el gado e dar una vistoria en la fazenda -ela parece ler minha mente e responde minhas perguntas.

 -Ah sim -respiro aliviada e me levanto.- Eu já vou descer.

 A morena me sorri e sai do quarto escorando a porta. Calço as pantufas e vou em direção ao meu armário já tendo em mente minha velha e boa roupa de trabalho, um macacão jeans e uma blusa amarela. Acho que depois do café, vou ajudar o pessoal com o gado.

 Me troco rapidamente e calço minhas botinas, faço uma trança raiz e ponho meu chapéu, já pronta, desço para o café.

 Como Lis falou, só ela e eu estamos tomando café na mesa, nos sentimos mais à vontade, sei que posso conversar livremente com ela sobre Arthur e ela sobre o Ethan. Então começo:

 -E você e o Ethan? -me inclino para pegar a geléia de morango.

 -Ah... -dá de ombros- nós no conversamos mais sobre o beso -ela morde o pão.- Nós mal conversamos por cuenta de todo o que está acontecendo. Ah é! -ela se lembra de algo- Su hermana ontem ficou conversando com usted, vocês estão bem?

 Me viro mais para ela largando a torrada que estou comendo, está me fazendo muito bem desabafar com essa mocinha.

 -Ela ainda gosta do Arthur -falo ao tempo que arregala os olhinhos.- Sim, ela sempre gostou dele e ainda gosta... -começo a gesticular- Mas, tenho certeza, ela suspeita de que eu gosto dele.

 -Como? Eu nunca hablé disso com ninguém -ela se defende sem eu, ao menos, acusá-la.

 -Eu sei -rio.- Ela sempre desconfiou disso e sei que agora não é diferente.

Cartas para o Verão e para o Inverno.Onde histórias criam vida. Descubra agora