Eu já estou até me acostumando a acordar com gente no meu quarto, corrigindo, com Lis me sacudindo.
-¡Buenos dias!- ela me fala com esse maravilhoso sotaque.
Abro os olhos e a vejo parada ao meu lado com a caixinha em mãos.
-Bom dia! -respondo com um sorriso e me sento- Como está a Alissa? -pergunto esfregando os olhos.
-Ainda no tiene nenhuma melhora... -ela fala com os olhinhos tristes e se senta- Vamos ler? -agora sim, me sorri.
De novo sinto aquele mesmo aperto no peito e, por extinto, levo a mão na direção do coração e deixo escapar uma careta.
-¿Qué tiene? -a mesma me questiona preocupada.
Respiro fundo e fecho os olhos, então sinto a dor deixando meu corpo aos poucos.
-Um aperto no peito -vou abrindo os olhos.- Ainda não li as cartas por conta disso...
A espanhola me olha em dúvida e mira a carta, procurando um sinal de algo que, aparentemente, não existe.
-Estranho... -fala por fim.
Pego a carta com as duas mãos e a retiro novamente do envelope, a dor surge de novo e, com ela, uma certa angústia.
-Não dá! -a largo sobre o lençol como se fosse uma rosa cheia de espinhos e abraço meus joelhos.
Lis a guarda no envelope, se levanta e a põe sobre minha penteadeira, depois guarda a caixinha em seu lugar e vai em direção a porta.
-Algo está acontecendo... -fala antes de sair com um ar misterioso- Só espero que no seja algo ruim -ela dá de ombros.- O café está na mesa, pero -me informa- só nós duas, Alissa e Jade estamos em casa.
Como assim? Durante três anos ninguém nunca foi além da porteira, será que algo aconteceu?
-Leona, Ethan e Ohana foram alimentar el gado e dar una vistoria en la fazenda -ela parece ler minha mente e responde minhas perguntas.
-Ah sim -respiro aliviada e me levanto.- Eu já vou descer.
A morena me sorri e sai do quarto escorando a porta. Calço as pantufas e vou em direção ao meu armário já tendo em mente minha velha e boa roupa de trabalho, um macacão jeans e uma blusa amarela. Acho que depois do café, vou ajudar o pessoal com o gado.
Me troco rapidamente e calço minhas botinas, faço uma trança raiz e ponho meu chapéu, já pronta, desço para o café.
Como Lis falou, só ela e eu estamos tomando café na mesa, nos sentimos mais à vontade, sei que posso conversar livremente com ela sobre Arthur e ela sobre o Ethan. Então começo:
-E você e o Ethan? -me inclino para pegar a geléia de morango.
-Ah... -dá de ombros- nós no conversamos mais sobre o beso -ela morde o pão.- Nós mal conversamos por cuenta de todo o que está acontecendo. Ah é! -ela se lembra de algo- Su hermana ontem ficou conversando com usted, vocês estão bem?
Me viro mais para ela largando a torrada que estou comendo, está me fazendo muito bem desabafar com essa mocinha.
-Ela ainda gosta do Arthur -falo ao tempo que arregala os olhinhos.- Sim, ela sempre gostou dele e ainda gosta... -começo a gesticular- Mas, tenho certeza, ela suspeita de que eu gosto dele.
-Como? Eu nunca hablé disso com ninguém -ela se defende sem eu, ao menos, acusá-la.
-Eu sei -rio.- Ela sempre desconfiou disso e sei que agora não é diferente.
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Cartas para o Verão e para o Inverno.
Ficción históricaO amor pode florecer em qualquer estação, independente do ano ou dos acontecimentos que o acompanham. Para provar, em plena Segunda Guerra Mundial, um amor que todos pensavam ser esquecido, renasce, na verdade, ele nunca morreu, apenas se escondeu...