Capítulo 19

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Cacau escalou atravessando as escadas de ferro até a mureta. Quando já estava sentada e em segurança olhou para baixo encontrando os olhos do príncipe a olhando com o familiar sorriso torto.

_Eu vou te esperar, prometo- ele sussurrou antes de voltar a descer até a varanda do quarto.

A menina voltou para dentro, e mal conseguia se manter de pé totalmente abalada pelos eventos da noite. Cacau caiu na cama e teve que abafar as risadas para não acordar ninguém do palácio. Quando a euforia passou a brasileira seguiu para o banheiro, aprontando-se para dormir.

Já vestida no pijama de inverno e coberta pelos edredons Cacau fechou os olhos porém com um pulo sobressaltado  levantou empurrando  tudo com os pés e calçando as pantufas lisas. O celular marcava 4:30 da manhã e o recado da vidente quanto a uma surpresa na cozinha a atingiu em cheio.

_Não acredito que estou fazendo isso- Cacau resmungou em meio a bocejos.

Poucas luzes vindas  de arandelas antigas presas a parede iluminaram o caminho. Nenhum funcionário transitava aquele horário e os que estavam ainda em trabalho ignoraram a presença da menina. Cacau alcançou as portas de madeira escura da cozinha, e apenas as reconheceu pelo cheiro de pães frescos indo para o forno na preparação do café da manhã.

Uma luz fraca vinha de um canto da despensa de temperos. Cacau pensou em se anunciar ou dizer algo, porém como uma boa medrosa se manteve quieta e caminhou em passos leves.

Com os dedos pairados sobre a maçaneta repensou a ideia, já que podia encontrar literalmente qualquer coisa li atrás. Contudo talvez não estivesse realmente preparada para o que os olhos cansados vislumbraram.

_Agnes?-murmurou sem saber se ria ou mantinha séria.

_Cacau!- a menina gritou desesperada ao deixar de beijar os lábios do garoto. - O que está fazendo aqui?

_Isso aqui é uma cozinha-respondeu como se fosse óbvio visando encobrir a real explicação.

Agnes em pânico ficou parada encarando a menina. Pouco atrás o rapaz, que Cacau reconheceu ser o ajudante do jardineiro do palácio conseguia estar mais apavorado que a condessa. De início a brasileira pensou em talvez rir ou questionar a Agnes, porém notou que a pouco se encontrava na mesma posição da outra, beijando um cara e alimentando uma paixão proibida.

_ Relaxa, eu não vi nada, eu nem estive aqui- Cacau murmurou começando a fechar a porta e sair sinceramente decidida a esquecer isso.

_Senhorita Assunção-a condessa chamou envergonhada- Por favor não conte nada a ninguém, é que...

_Não precisa me explicar -Cacau antecipou - e pode ficar tranquila, eu prometo não contar a ninguém!  - passou os dois dedos sobre os lábios selando a promessa - Eu vou indo, tô morta de cansaço.

Quando a manhã do último dia em Copenhage chegou Cacau teve uma real dimensão de tudo que a aguardava. Estava a um passo de talvez nunca mais ver Élliot, nunca mais se sentir abraçada por um estranho que tomou seu coração.

Os acontecimentos da madrugada perduraram enquanto a menina escovava os dentes totalmente cansada e cheia de sono. Após muito pensar entendeu que a decisão de não contar a ninguém sobre o caso da condessa com o jardineiro foi a melhor escolha.

 Num lapso de um hábito tóxico e maldoso a menina pensou nas consequências boas provenientes de contar o segredo; porventura poderia ficar com o príncipe e talvez até permanecer no palácio. Porém todo o prazer de continuar na presença de Élliot custaria caro, não apenas a integridade de Cacau mas também a da condessa.

Dedurar Agnes lhe concederia um passe livre a Élliot, sequencialmente a vida da condessa se tornaria um inferno. Por outro lado caso se mantivesse em silêncio Agnes e o príncipe se casariam e Cacau aguentaria ver sua primeira paixão escapar de seus dedos.

O Sequestro De Um Príncipe [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora