Prólogo (Final)

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"Querida Cacau/Caetana,

As coisas estão uma loucura por aqui. Eu queria que você tivesse me dito sobre o livro, eu não ficaria bravo, pelo contrário. Foi legal ver como você me enxerga e sua versão de como tudo aconteceu, eu pareço muito mais descolado e bonito no livro do que na vida real.

Eu pensei que minha avó fosse ficar com muita raiva ao descobrir tudo, mas a peguei lendo noite passada na biblioteca, e em certo momento ela até sorriu. Bom, nem preciso dizer como a marquesa e Agnes ficaram irritadas, principalmente após o grande sucesso do livro e quando todos passaram a falar mal delas indiretamente.

Eu estive bem esses meses aqui sem você, as vezes ainda vou até a varanda esperando vê-la descendo ao meu encontro. E porventura um dia ou outro consigo sentir o cheiro doce dos seus cachos pelos corredores do palácio.

Astrid fechou a passagem, e quase tive um infarto quando ela veio até o meu quarto procurar pelos cigarros. E acredite, foi apenas nesse momento que percebi que você os pegou, mas agradeço por isso. Não sei o que faria caso ela ou um dos guardas encontrassem o maço nas gavetas de desenhos.

Acho que seu livro deu uma nova visão a minha vó, ela afrouxou um pouco a rotina e agora eu até posso usar o computador da biblioteca por mais horas e não somente para estudos, como era antes. 

Aliás eu finalmente descobri quem são Damon, Stefan e Peeta. Acho que agora tenho conhecimento suficiente para agradecer pelo elogio que me fez aquela noite no telhado, e caso esteja curiosa acredito que Peeta seja mais parecido comigo. Ainda que Damon seja uma ótima opção para minha dupla personalidade.

Acho que reli umas quinze vezes nos últimos dias a frase do livro onde Caetana admite amar Henril, e consigo reviver aquele momento.

Quando os dias passaram, tudo voltou a ficar chato e entediante. Minha mãe tenta me animar, mas eu daria qualquer coisa para poder te ter aqui apenas por alguns minutos.

Eu tinha algo para te dizer quando fosse nos despedirmos, eu planejei a noite inteira as palavras que te diria mas com toda aquela confusão a última coisa que me lembro é  de te ver sendo imersa no meio dos seus funcionários e desaparecendo para sempre.

Obrigada por tudo, por ver quem eu realmente sou e mesmo assim gostar de mim.  O fato de ter te conhecido, faz valer toda a minha existência.

Eu a amo, por toda a eternidade, e até que a morte me alivie do peso de não te ter ao meu lado, como minha rainha!

Ass , seu Peeta/Damon/Élliot/Henrik"


 [onze anos depois]


"Eu nem sei porque estou te enviando isto, já que minhas esperanças morreram, há muitos anos.

Eu pensei que nada seria pior que sua partida, mas agora me encontro no real inferno. Meu casamento com Agnes é um completo pandemônio, e eu pensei que ser rei fosse legal mas estou a ponto de me jogar da varanda só de acordar todos os dias e ter que enfrentar tudo de novo.

A única coisa boa dos meus dias são minhas filhas, Margarida tem só 8 anos mas já é muito esperta e curiosa. Agnes quase morre toda vez que minha filha fala de você. Acredite ou não mas desde que te viu na Tv a pequena mal fala de outro assunto...acho que ela puxou ao pai.

A mais nova Alba, completou 6 anos semana passada. As duas são a melhor coisa da minha vida, eu apenas odeio o fato de que elas vivam sobre um teto como esse, onde os pais mal se falam e brigam a maior parte do dia.

Minha avó está doente, acredito que seja uma gripe leve mas pela idade avançada estou preocupado com ela. Ontem Astrid surtou e berrou a todos que expulsassem Agnes de casa, elas não se dão muito bem, principalmente depois que a lucidez aos poucos vem deixando minha avó.

Todo dia, me pergunto porque você não voltou. Mas agora, com 28 anos eu entendo, eu também não voltaria para cá. O inferno parece algo agradável perto do palácio. Mas mesmo assim, eu queria que tivesse voltado.

Entendo que deva estar magoada, eu não tiro esse direito seu. Tudo o que aconteceu foi realmente lamentável.

Sabe, só de escrever pensando em como você irá ler ou em como seus cílios longos e pretos piscam quando estão lendo, me sinto melhor. Consigo ser eu mesmo, reclamar de tudo sem nenhum peso.

Eu sei que já se passaram anos, mas não consigo deixar de ter fé que um dia você volte. No fim da noite, quando estou cansado e a ponto de desistir, olho pelas janelas para as escadarias, sonhando com o delírio de te ver correndo por lá.

Por favor, pelo pobre coração que te escreve, não desista de mim. Eu ainda te amo, como da primeira que te vi. 

Ass seu Peeta, Damon, Élliot, Henrik."

_Papai- margarida, uma pequenina menina de longos cabelos loiros chamou. Élliot guardou a segunda carta, que posteriormente ficou por ali, sem um endereço, sem chegar aos dedos de Cacau.

_o que foi menina?- ele a pegou no colo com carinho.- Já está tarde, deveria estar na cama!

_Pode contar de novo?- a menina pediu quando o pai a deitou na cama. A irmã correu até os dois apoiando a outra.

_Conta a história da fada e da cicatriz!- Alba pediu piscando sonolenta.

O rei as cobriu com cuidado, e diminuiu a intensidade da luz sentindo os músculos doloridos de tanto trabalho rangerem a cada movimento. Agnes surgiu na porta, feições irritadas e um mal humor interminável.

_Essa história de novo?- a mãe reclamou com uma careta.

_Por favor pai-margarida insistiu.

_Tudo bem!- Élliot retirou o anel grosso com o brasão da família e revelou um fino traço vermelho contornando  o dedo - quando o papai era mais novo, uma fada surgiu e salvou minha vida. Papai estava perdido, sem rumo e a fada me ajudou. Em troca, como uma marca que registrasse gratidão eterna a ela, uma cicatriz surgiu em meu dedo. Da mesma cor das asas dela, vermelhas e vívidas. Com cheiro doce do hortelã.

_Ah, eu adoro essa história- margarida sussurrou piscando lentamente- papai acha que posso me tornar uma fada como a que te visitou?

_É claro que sim- ele afagou os cabelos das duas- ela era uma grande mulher, e vocês com certeza serão fortes, inteligente e lindas como ela.

_Agora chega- Agnes intrometeu apagando todas as luzes e saindo em seguida, nervosa.

_Papai- Alba chamou baixinho quando o rei já estava na porta, ele retornou agachando até poder vê-la - será que você pode pedir para a fada vir aqui, eu queria muito ver asas dela !

_Eu também queria vê-la filha- ele sorriu triste - mas a fada é um espírito livre, a gente espera o dia em que ela volta pra gente.

_E se ela nunca vier?

_Ela me prometeu que voltaria- ele beijou a testa da menina sentindo o coração pesar a cada instante- ela me prometeu que voltaria... 

[FIM]

O Sequestro De Um Príncipe [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora