Prólogo (2)

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15 anos depois

Beto  entrou no apartamento fugindo do clima enevoado e frio da metrópole Milão. O assistente jogou as malas em um canto do cômodo e caminhou até a sala de estar em busca do controle do aquecedor.

_ Cacau- ele chamou olhando o tablet de compromissos - Aquele rapaz ligou de novo, acho melhor mandar a real pra ele logo.

_Qual o problema dos cara com a frase " só uma noite de sexo"?-a mulher questionou saindo do quarto e olhando o amigo. As madeixas do cabelo cacheado agora chicoteavam na cintura, acompanhados de grossas coxas e dos olhos caramelados. Além da maior altura e encorpamento.

_Ei- Beto chamou baixo e com cautela, enquanto encarava o tablet com um espanto e pânico absurdo. A careta dele deixou a mulher curiosa.

_o que foi?

_Acho melhor você se sentar- curiosa Cacau pegou o tablet encontrando a entrada da caixa de e-mails. Assim que os olhos pousaram sobre o primeiro e-mail em destaque, a mulher suspirou revirando os olhos- tá de brincadeira comigo?

As letras grifadas em negrito anunciavam a chegada de um anexo vindo do sistema publicitário do palácio Dinamarquês, com um aviso no título de urgência.

_Falando naquele povo, você ainda guarda aquela carta?-Beto perguntou com um olhar mal intencionado.- só por curiosidade mesmo

_Sim, por quê?-questionou desinteressada.

_Me deixa ler? Eu passei anos curioso em saber o que o príncipe palmito te escreveu- ele se animou- vai, por favor.

_está na minha caixa de joias no quarto- ela deu de ombros mantendo a pose indiferente, mesmo que os olhos evidenciasse o abatimento - mas por favor, vamos esquecer esse assunto! Eu jurei deixar tudo pra trás quando prometi para a rainha que manteria tudo em segredo.

Beto mal esperou o consentimento e já correu em direção ao corredor. Enquanto o rapaz sanava o interesse na vida romântica da mais nova, Cacau terminou de se arrumar nos espelhos da sala. Quando encaixou a tarraxa do brinco, a porta se abriu e Quentin marido de Beto entrou já tagarelando.

_Eu tenho que trocar a fechadura daqui de casa, toda hora alguém entra- Cacau reclamou brincando com o outro.

_Eu trouxe comida- Quentin avisou deixando tapowers sobre a bancada.

_Ok esquece, pode vir aqui sempre- a mulher riu pegando um dos aperitivos faminta.

_Cadê o mala do Beto?-o outro perguntou terminando de desempacotar os fastfood.

_Lá no quarto, fuxicando na minha vida- Cacau explicou. Ela começou a comer sentada nas baquetas mas sua atenção se desviou imediatamente para o tablet que estava jogado no sofá, não conteve a curiosidade e correu até o aparelho pegando-o.

Com ele em mãos voltou para a cozinha. Estava incerta sobre ler realmente o e-mail, mas se rendeu a curiosidade e o abriu. No instante em que os dedos deslizaram na tela abrindo o anexo, Cacau sentiu a visão turvando e teto preto bater deixando-a tonta. Quentin ao avistar o estado da mulher correu para segurá-la, antes que um acidente acontecesse.

_Tá tudo bem?- ele se preocupou- Beto, me ajuda aqui!- gritou.

O assistente retornou do quarto com a folha amarelada pelo tempo entre os dedos e uma ligeira aflição no rosto, os dois ajudaram a mulher a se recuperar da ligeira queda de pressão.

_O que foi?- Beto pegou o tablet tentando entender tudo que aconteceu.

_Morreu-Cacau murmurou com os olhos paralisados.

_Quem morreu mulher?- ele gritou aflito.

_Astrid, Astrid morreu.- a explicação atingiu o outro. Beto caiu no sofá ao lado da menina boquiaberto- é o e-mail do advogado- contou apontando para o tablet.

_Advogado?-Quentin confuso questionou.

_Astrid colocou Cacau no testamento- Beto explicou rolando os olhos pelas letras miúdas da tela-parece que Astrid fez uma lista de últimos desejos, para que fossem realizados após a morte dela. - ele terminou de ler- um deles é que a Cacau compareça no velório no palácio em Copenhage e retire pessoalmente as coisas que a falecida deixou para ela.

_Por quê?-a mulher sussurrou espantada- por que ela me quer lá de volta?

_Acho que ela quer fazer o que você e nem o palmito tiveram coragem- Beto murmurou mas ao sentir o olhar raivoso de Cacau encolheu os ombros.

_O que você vai fazer?- Quentin perguntou atento.

_Pelo jeito eu devo isso a ela, não se nega o pedido de alguém que morreu- ela anunciou se levantando- façam as malas, vamos voltar para o inferno gelado de Copenhage!

Os dois se entreolharam animados, contudo por dentro Cacau parecia querer desmoronar. Fazia muitos anos, e nesse tempo sem vê-lo, ouvi-lo ou sequer ter ouvido seu nome aquela paixão ardente e avassaladora foi se apagando. Mas agora entraria no olho do furação de seus pesadelos, encararia Élliot e a família perfeita que ele e Agnes construíram.

_Cacau- Beto chamou erguendo a folha que segurava nas mãos- eu terminei de ler a carta, tem certeza que quer voltar?

_É hora de superar isso tudo, cada um fez suas escolhas- ela murmurou desviando o olhar chateada- eu não posso passar a vida toda evitando ele, são águas passadas.

_Mas- Bto sussurrou voltando a encarar a folha- você prometeu que voltaria Cacau, você prometeu a Élliot que voltaria...

O silêncio rompeu por todos os cantos. O peito de Cacau subia e descia veloz pela respiração agitada, e em certo momento se perguntou como um cara de sua adolescência podia afetá-la mesmo depois de tantos anos.

_Pera, esse é o carinha que tu teve um lance quando era mais nova?- Quentin perguntou com lerdeza- desculpa eu tô muito perdido.

_Sim, esse é o cara que rolou toda aquela treta. -Beto esclareceu.- e aí Cacau? tem certeza?

_Nós temos que deixar isso pra trás, somo adultos agora-ela engoliu em seco. Cacau pegou dois exemplares do sobre a história dos dois e sob os suspiros de reprovações dos outros dois tacou  no fogo da lareira sem dó. - Nós éramos novos quando dissemos aquelas coisas. Ele se tornou rei, e seguiu em frente. Inclusive não sou eu que estou casada e tenho duas filhas! 







O Sequestro De Um Príncipe [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora