PARTE TRÊS - DAMA DO LAGO

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Ruelle ft Fleurie - Carry You

Nimue
Logo quando amanheceu começamos nossa jornada a Avalon. Seguimos o riacho como me foi instruído pelos Ocultos, eu caminhava pela beira água e o Monge e Esquilo me seguiam montados em Golias, o cavalo tão sombrio quanto o dono.

O Monge, digo, Lancelot, não disse nada em horas e isso me irritava. Seu olhar apático e choroso se encontrava com o meu vez ou outra e eu fazia questão de desdenhá-lo demonstrando o quão não gostava dele. Ele, por outro lado, não demostrava nada.

_ Podemos parar um pouco? Preciso fazer xixi! _ pedia Esquilo parando o cavalo e descendo.

_ Tudo bem. Nós devíamos parar para comer algo. _ digo.

_ Ainda bem! Pelos Deuses, Estou com fome! _ diz Esquilo se afastando de nós por um instante.

_ Precisamos de algo para comer. _ digo ao Monge na intenção de que ele diga algo, mas ele apenas desce do cavalo amarrando-o a um galho de árvore baixo e adentrando a floresta vagarosamente.

_ Ei! Não vou fazer tudo sozinha! Onde está indo?! _ chamo atenção do mesmo.

_ A comida não virá a você só porque diz que está com fome. _ sua voz era baixa e rouca, ele sequer se vira para responder apenas continua caminhando rumo a floresta.

_ Como odeio ele. _ sussurro. Esquilo volta e então seguimos o Monge pela floresta até que o encontramos colhendo algumas maçãs. ‘Tudo bem, ele não é completamente inútil’.

A árvore ficava à uns vinte metros do lago e quanto mais me afastava do lago, mais fraca ficava. Eu precisava voltar ou ‘morreria’ novamente.

_ Esquilo, precisamos voltar.

_ Mas quem vai ajudá-lo com as maçãs?

_ Ele dá conta sozinho. Vamos. _ sentia as pontas de meus dedos formigarem,  era como se estivesse oca por dentro.

_ Ele não vai demorar vamos ajudá-lo. _ diz Esquilo caminhando até o Monge.

_ Menino teimoso! _ digo a mim mesma voltando pelo caminho pelo qual viemos. ‘Não pode arriscar esta forma de existência’, as palavras de Morgana se repetiam em minha mente.

Quando finalmente cheguei as margens do lago meu ‘corpo’ respondeu automaticamente. Já não estava mais cansada e me sentia bem melhor.

_ Odeio isso! Odeio! Talvez fosse melhor que não tivessem me salvado! _ pego a primeira pedra que encontro arremessando-a no lago com a maior força que consigo e quando a pedra se choca com a água o lago até onde posso ver libera uma onda de energia.

_ Você não cumpriu seu dever. _ as palavras vinham do vento soprando em meus ouvidos.

_ Vocês não conseguiram ninguém melhor?!

_ Está falando sozinha? _ Esquilo aparece atrás de mim quase que se materializando do nada.

_ Esquilo! Não me assuste assim! _ Ele me estende uma maçã e sorri travesso. Respiro fundo e pego a maçã. O Monge se senta sobre uma pedra nas margens só lago e Esquilo se junta a ele.

Eu odeio como Esquilo se tornou tão próximo desse assassino. Ele é um monstro e Esquilo é jovem demais para notar isso! Se pudesse assim que ele dormisse levaria Esquilo embora daqui.

O problema é que não posso. A segurança de Esquilo depende desse monstro.


***


Nós caminhamos por mais algumas horas até que começou a escurecer então buscamos abrigo, acendemos uma fogueira e pela primeira vez notei que não precisava dormir. Eu não estava cansada e nem com fome. Eu não havia comido a maçã mais cedo, decidi guardá-la para quando ficasse com fome mas não aconteceu.

Eu realmente não estou mais viva.

Esquilo dormia ao lado da fogueira encolhido como um coelho e o Monge continuara acordado.

_ Você deixou Esquilo sozinho comigo na floresta. Pensei que não confiasse  em mim. _ o Monge quebra o silêncio me encarando por um tempo confuso. Pela primeira vez seu olhar transparece algo que não desdém.

_ Eu não tive escolha, está bem?! Saiba que se não precisasse de você, você já estaria morto. _ ele deixa seu olhar cair sobre minhas mãos por um instante e então volta a olhar em meus olhos.

_ Você não pode sair do lago, não é mesmo?

_ Está falando besteira! _ retruco tentando parecer tranquila.

_ Então você é a única pessoa neste mundo que prefere caminhar na água ao invés de seguir a estrada. _ ele desdenha. _ Não vou arriscar minha vida por vocês se mentir para mim. Por que não pode sair do lago, Nimue?

_ Arriscar sua vida? Até onde sei estou arriscando a minha para salvá-lo!

_ Por que precisa de mim. Se não vai me contar, vou te dizer o que eu acho que está acontecendo. _ ele estava completamente serio e chegava a ser assustador. Suas marcas pareciam brilhar em vermelho vivo, um brilho fraco nas nítido. _ Você está morta e o que estou vendo é só uma entidade do lago. Você é tão real quanto a Viúva. Só não entendo o porque parece tão real. _ ele então se aproxima devagar e toca minha mão. Eu estava paralisada, provavelmente prendi minha respiração por alguns segundos.

_ Besteira! Agora é um especialista em entidades?! _ retiro sua mão sobre a minha.

_ Nem de longe. Mas passei bastante tempo viajando e conheci entidades como você. Já ouviu falar nas Gwragedd Annwn? As Damas do Lago, Mulheres conhecidas por viverem em vilas e cidades submersas em lagos escondidas por feitiços.

_ Você não diz coisa com coisa! Acho melhor ir dormir pois amanhã continuaremos a caminhada bem cedo. _ me afasto dele indo até Esquilo.

_ É você quem manda. _ ele diz deitando se escorado em um tronco de árvore.

Eu devo ser realmente amaldiçoada.

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CURSED - NIMULOTOnde histórias criam vida. Descubra agora