PARTE QUATORZE - A ÁGUA E O FOGO

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War of Hearts – Ruelle

Nimue
Durante a noite caíra uma forte tempestade. Era verão então o clima era abafado. Lancelot fora dormir depois de nossa conversa sobre sua infância e fui ao lago mesmo na chuva em busca de sabedoria.

Poderia guardar o que sei para mim mesma e permitir que Lancelot vá em busca de redenção à um homem morto até que alguém o diga a verdade destruindo qualquer relação que temos ou contar a ele a verdade por mim mesma encurtando esse período é dando a ele uma escolha, partir ou continuar ao meu lado mesmo não confiando em mim.

Qualquer que seja minha escolha o farei sofrer e se distanciar. Carden era realmente um tirano, mas Merlin também teve seus baixos e o perdoei. A diferença é que Carden era presente e Merlin não passou mais que uma semana em minha companhia. A ligação deles era ainda mais forte.

Entro no lago mergulhando e ficando completamente submersa. A sensação, por mais que em uma tempestade, era de paz e calmaria. Com meus poderes iluminava a água como se fosse uma espécie de fada ou seja lá o que for, era incrível! Nem sabia que conseguia fazer tal coisa. Talvez devesse passar mais tempo aprendendo a usar meus poderes ao invés de focar tanto assim em usar armas. Queria que Lancelot e Esquilo pudessem ver isso, Esquilo com certeza acharia incrível!

Continuei no lago até começar a amanhecer. Tomei minha decisão. Vou contar a ele o que fiz antes que alguém o faça. Isso tem de acabar. Se Merlin morresse também gostaria de saber ao invés de passar meu tempo me dedicando a encontrá-lo em vão. Eu só... Preciso encontrar as palavras certas.

_ Lancelot... _ entro na cabana e ele e Esquilo estão colocando suas capas e calçando suas botas.

_ Sim. _ ele responde sorrindo e isso me desarma.

_ Estão saindo?

_ Vamos caçar! _ diz Esquilo animado.
_ Está tudo bem? _ Lancelot me pergunta notando meu desconforto.

_ Não... Eu só... _ coragem Nimue! Seja a Bruxa do Sangue de Lobo não uma covarde! _ Eu queria conversar com você.

_ Tudo bem. Agora? _ ele questiona enquanto Esquilo sai da cabana.

_ Não, não. Não tem pressa... _ ele assente.

_ Deseja vir com a gente?

_ Ah não, esta tudo bem. Divirtam-se. _ sorri tentando parecer animada por eles dois enquanto a culpa é vergonha me consumiam por debaixo de minha pele.

***
Mais tarde depois que voltaram da floresta chamei Lancelot para treinarmos enquanto Esquilo forjava para si um arco novo já que perdera o antigo. Era o momento perfeito para ficarmos a sós e podermos finamente conversar.

Treinávamos na floresta ainda húmida pela chuva. Tentava me distrair da necessidade da conversa e Lancelot parecia compreender meus desvios então deixou para que a iniciativa viesse de mim.

Treinar com ele era divertido. Bem, quando não havia toda uma tensão sobre conversar a respeito do Padre morto.

_ Mostre-me o que sabe. _ ele sorri esperando que o ataque. Assim que ele se aproxima uso meus poderes para fazê-lo tropeçar em um galho de árvore. _ Isso é trapaça! _ Ele ri junto comigo. _ Andou praticando Dama do Lago?

_ Sabe que não gosto que me chame assim... _ digo esperando qual seria seu próximo golpe.

_ Tudo bem. Tente não me matar com essas coisas, sei travar batalhas com armas, ainda sou inexperiente com magia. _ ele sorri caminhando em minha direção.

_ Você vai se acostumar.

Conforme se aproxima vou criando obstáculos com galhos e ele vai os partindo um por um até chegar bem perto.

_ É para valer agora?

_ Para valer! _ tomo a espada em minhas mãos travando nossa pequena batalha levando em conta tudo o que ele me ensinou até agora, mas vez ou outra o surpreendendo com magia. _ Você é fogo e eu sou água! Nós não podemos coexistir! _ Ele sorri bloqueando mais um de meus golpes.

_ Você se preocupa demais com o que pode ou não acontecer. _ ele diz enquanto gira em torno de mim me deixando desorientada. _ Você deve sempre levar em conta que seu adversário terá um elemento surpresa. Você tem de estar a um, dois, quatro passos a frente quanto o necessário.

Tento surpreendê-lo com mais ramos mas ele prevê todos os ataques sorrindo presunçoso.

Eu me viro para ele tentado acompanhar seus passos mas tropeço e ele me segura apoiando minhas costas com seu braço esquerdo. Seu corpo está colado no meu e sei que ele consegue sentir meu coração acelerado e minha respiração ofegante.

‘Porque ele tem de fazer isso?! Seu olhar parece me consumir completamente! Ele me prende fazendo com que eu não consiga me desfazer do seu toque, não por ser apertado ou por estar realmente me impedindo de sair, mas apenas porque meu corpo não quer se desfazer do dele.’

_ V-vamos começar de novo. _ digo saindo de perto dele e tentando me concentrar novamente.

_ Tente manter seus pés afastados. Isso lhe trará equilíbrio. _ ele diz sério porém calmo. Respiro fundo e começamos novamente.

Tentamos de novo e de novo até que comecei a errar os golpes um atrás do outro tropeçando, me desequilibrando ou deixando a espada cair no chão. Todas as vezes ele me apoiava e me impedia de me machucar. Isso me trazia uma raiva e desconforto tão grande que me fazia querer chorar.

Não era apenas meus sentimentos por ele mas a constante sensação de culpa por ter matado Padre Carden. Lancelot insistia em ser gentil e prestativo e isso só torna a maior meu desconforto.

Levantei a espada e com toda força fui para cima dele e se a espada realmente o atingisse poderia tê-lo matado mas ele desvia e acerto uma árvore, a espada fica presa mas consigo tirá-la me desequilibrando e mais uma vez ele me segura.

_ Já chega! _ solto a espada retirando meus cabelos do meu rosto e andando rumo a cabana.

_ Nimue. _ ele me segue. _ O que houve? Eu te machuquei?

_ Não! _ grito com ele e ele apenas me observa confuso. Respiro profundamente tentado me acalmar ou vou começar a chorar como uma criança. _ Não é isso que me incomoda.

_ Então o que é? O que está acontecendo? Sabe que pode me contar tudo. _ a esse ponto ele estava bem preocupado.

_ É que... _ me exalto novamente sem saber como dizer a verdade. _ Acho que... tenho sentimentos por você. Mas não deveria. Eu sempre faço tudo errado! _ não consigo mais segurar minhas lágrimas e então me viro de costas para ele, para que ele não me veja chorar.

Ele vem até mim ficando a minha frente me fazendo olhar para ele. Seu olhar é um pouco triste. Ele segura meu rosto em suas mãos secando minhas lágrimas com as pontas dos dedos.

_ Eu também tenho sentimentos por você, Nimue. _ Então ele me beija e toda a angústia que sentia vai embora. Seu beijo é envolvente e delicado, eu já mais senti algo assim antes. Nossa conexão era poderosa e só de beijá-lo podia sentir meus poderes se aflorando, tomando conta de tudo o que sou.

Como se nossas almas se completassem.

Ele despertava algo em mim que eu não sabia que tinha. E foi neste momento em que me dei conta de que eu estava completamente apaixonada por ele e a partir daí não teria mais volta.




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CURSED - NIMULOTOnde histórias criam vida. Descubra agora