PARTE VINTE E CINCO - VINHA SELVAGEM

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Deep End - Ruelle

Monge Choroso
A lâmina da espada nas mãos de Padre Carden produz um som agudo cortando o ar e em seguida atravessa o pequeno menino de cabelos loiros. O menino cai no chão de joelhos sustentado apenas pela espada que ainda está em seu corpo.

_ NÃO! PADRE!... _ quando ele retira a espada o menino desmorona sobre a terra quase sem vida. _ Não, não... Não! _ corro me ajoelhando ao lado do menino puxando-o para os meus braços. As lágrimas em meus olhos tornam minha visão turva e um nó se forma em minha garganta. Esquilo agarra o tecido das minhas roupas com toda força que tem, eu o abraço assistindo seus últimos suspiros e seu semblante desesperado se desfazer em apatia. _ é minha culpa.

_ Culpa? Você não entende mesmo, não é criança? Isso é você. _ ele aponta para o menino. _ Isso é sua missão. _ Padre Carden se ajoelha a minha frente tocando meu ombro e colocando a espada ao seu lado. _ Mas não importa mais. Já está acabado, ele era o último de sua raça. _ subo meu olhar para encará-lo. _ Este órfão Feérico te converteu e agora você é um deles. Tudo isso acaba aqui, meu filho. Você é a última semente ruim na vinha do Senhor.

Carden pega a espada e com um golpe idêntico ao que desferiu no menino, desfere à mim. Eu não protesto ou desvio, depois de tudo este era o fim que cabia a mim.

Acordo assustado. Eu já havia perdido a conta de quantas vezes tive este mesmo pesadelo desde o dia em que Nimue me contou de sua morte.

Sempre o mesmo, Esquilo morrendo em meus braços pelas mãos de Padre Carden. A forma com que ele me mata em seguida nem sempre é a mesma, as vezes tento fugir, mas ele sempre me alcança.

Levo minhas mãos ao meu rosto tentando me fazer despertar, percebendo que estou sozinho. Já amanheceu e posso ouvir Nimue e Esquilo conversando do lado de fora.

_ Dormiu bem? _ Nimue pergunta assim que cruzo a porta da cabana.

***

O sol já havia se posto.
As chamas das tochas nas paredes da igreja iluminavam de forma precária somente uma parte do salão. Padre Carden me fazia estudar a Bíblia todas as noites, tudo o que escutara enquanto treinava se repetia logo antes que me liberasse para dormir.

_ Cantarei para o meu amigo o seu cântico a respeito de sua vinha: meu amigo tinha uma vinha na encosta de uma fértil colina. Ele cavou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores videiras. Construiu uma torre de sentinela e também fez um tanque de prensar uvas. Ele esperava que desse uvas boas, mas só deu uvas selvagens. _ meus joelhos contra o chão de madeira já estavam doloridos. Padre Carden contava sua Parábola favorita. _ "Agora, habitantes de Jerusalém e homens de Judá, julguem entre mim e a minha vinha. Que mais se poderia fazer por ela que eu não tenha feito? Então, por que só produziu uvas selvagens, quando eu esperava uvas boas? _ ele volta seu olhar para mim. _ Pois eu lhes digo o que vou fazer com a minha vinha: derrubarei a sua cerca para que ela seja transformada em pasto; derrubarei o seu muro para que seja pisoteada. Farei dela um terreno baldio; não será podada nem capinada; espinheiros e ervas daninhas crescerão nela. Também ordenarei às nuvens que não derramem chuva sobre ela." _ cansado de permanecer sobre meus joelhos e já sentindo dores em minhas costas me sento sobre meus pés por um instante, mas assim que percebe ele faz sinal para que me levante e sou obrigado a me levantar. _ Pois bem, a vinha do Senhor dos Exércitos é a nação de Israel, e os homens de Judá são a plantação que ele amava. Ele esperava justiça, mas houve derramamento de sangue; esperava retidão, mas ouviu gritos de aflição.

Ele fecha o livro o colocando sobre a mesa.

_ Todos estes Feéricos. Cada um deles é uma uva selvagem. Eles não são como nós, meu filho. Eles não seguem as leis de Deus mesmo vendo tudo o que Deus fez para eles. Toda a beleza que o Senhor preparou para eles e eles não o reconhecem. Por isso lhes deve ser negado tudo, tirado de suas mãos a terra fértil que o Senhor lhes preparou pois eles não farão bom uso dela. _ Ele vem até mim e coloca sua mão sobre meu ombro. _ Você tem a chance de ser como nós. Você fará bom uso da bondade do Senhor?

_ Sim, Padre. _ ele se afasta voltando até a mesa fazendo um breve sinal para que eu saia.

***

Nimue ainda insistia em treinar sempre que podia. Mesmo sabendo que ela é praticamente invencível, concordo que aprender a lutar com armas a deixaria mais segura, e Esquilo também.

Com o tempo comecei a perceber a falta que sentia da batalha. Violência era a resposta para todas as minhas questões e frustrações e agora estou apenas treinando e... Esperando, seja lá o que for.

_ Eu sei o que está planejando. _ digo a Nimue que com a Excalibur em mãos a estende como se se preparasse para atacar, mas seu olhar muda toda vez que pretende me surpreender com sua magia.

_ Como?! _ ela diz chateada se desarmando.

_ Você sempre analisa o que pode usar antes de agir. Desviou o olhar para aquela árvore duas vezes, se fosse me atacar com a espada seu olhar estaria fixo em mim.

_ Convencido. _ Ela faz uma careta voltando a sua posição. Me aproximo e ela ataca tentando ser o mais aleatória possível mas depois de um tempo ela simplesmente se deixa levar e fica fácil imaginar o que fará a seguir. Giro minha espada envolta da sua tirando-a se suas mãos e a arremessando na terra, com minha mão livre puxo sua mão ainda estendida trazendo seu corpo ao meu.

_ Talvez eu seja um pouco. _ Ela ri sem desviar seu olhar do meu e por um instante cogito beijá-la. Gawain que antes só assistia agora se aproxima.

_ Nós podemos lutar um contra o outro. _ Nimue se afasta separando nossos corpos voltando seu olhar para ele.

_ Não acho uma boa ideia. _ respondo quase sem pensar.

_ Vamos! Será apenas um treinamento. _ ele sorri tentando aparecer amigável.

_ Nós já estávamos treinando. _ tento parecer menos hostil voltando meu olhar para Nimue.

_ Está tudo bem. Vou ver o que Esquilo está fazendo. _ Ela diz nos deixando sozinhos.

Eu continuo achando uma péssima ideia.

***

Nimue
Assim que virei minhas costas para Lancelot e Gawain percebi que Lancelot estava certo... Não era mesmo uma boa ideia.

Gawain insistia em dizer que Lancelot era uma pessoa ruim e que mesmo que ele tenha salvo Esquilo ele ainda era o que era... Um assassino.

Esse 'treinamento' seria o momento perfeito para provar isso. Parte de mim sabia que Lancelot poderia atacá-lo para valer, mas ao mesmo tempo acreditava que Lancelot não o faria provando de uma vez por todas que ele estava errado.

Como o que está feito está feito eu convidei Esquilo para assisti-los treinarem pois assim poderia intervir caso a situação passasse dos limites.

Eles começaram tranquilos mas como o esperado a luta foi ficando um pouco mais intensa e pessoal. Em determinado momento comecei a me preparar para intervir pois o clima já não era mais tão amistoso como no início mas logo se acertaram e parecia estar tudo bem.

Gawain fazia a maioria dos ataque e Lancelot se defendia com agilidade até que por algum motivo Lancelot apenas se entregou por um segundo e a lâmina nas mãos de Gawain alcançou seu braço abrindo um corte profundo o suficiente para seu sangue escorrer manchando sua camisa.

Lancelot não revidou ou ficou com raiva, ele pareceu 'sumir' por um breve período de tempo.

_ Lancelot, me desculpe. _ diz Gawain chamando sua atenção, eu corro até os dois para compreender o que aconteceu mas parece que nem eles compreendem.

_ Lancelot, você está bem?



Oiiiiii meus bebês!! Voltei, antes tarde do que nunca e com novidades!! Primeiramente, tem uma nova One-shot que se passa no momento em que o Lancelot salva o Esquilo das mãos do Irmão Salt até encontrarem a Nimue no lago, que é meio o que tá no livro (tá igual ao livro não a série) mais uma parte que eu adicionei para casar as duas histórias. Então vai lá, tá um chuchuzim eu prometo!! 💖 Eeeee umas one-shots do Daniel tudo hot gostosinha pra vocês meus Feéricos!!
Obrigada pela leitura! Vote, comente (adoraria saber o que achou sobre o conteúdo!) indique para seus amigos Feéricos! Beijos da WayWay
SEE YOU SOON 💕

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⏰ Última atualização: Dec 10, 2020 ⏰

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