CURSED - NIMULOT

PARTE SETE - EXCALIBUR

Queen of Peace – Florence + The Machine

Nimue
A Madrugada era silenciosa. Nos avistamos no horizonte a vila Feérica e seguimos caminho até ela.

_ Acha que pode haver alguém lá? _ sussurro para o Monge.

_ Espero que não, mas deveríamos conferir. _ ele reponde parando o cavalo, pegando uma adaga em sua bota. _ Eu primeiro. _ antes que pudesse contestar ele segue rumo a vila cautelosamente.

Esquilo estava bem cansado. Nós não paramos para descansar de verdade a dias. Não havia tempo para processar nada.

Observo o menino que dorme tranquilamente sobre o cavalo quando uma corrente de vento me atinge.

_ Nimue, tenho notícias. _ a viúva aparece ao meu lado.

_ Morgana! Você sumiu! Eu pensei que...

_ Esta tudo bem.

_ Não, não está! O Monge quase morreu! Diga por favor que arranjaram uma forma de me manter neste mundo!

_ Infelizmente não posso corresponder às suas expectativas, mas Merlin está fazendo progresso. Ele negocia sua vida com os Ocultos.

_ Se não por minha vida, porque veio?

_ Os Ocultos tem mais uma tarefa para você. Você deve voltar a Avalon, mas sozinha. Deve ir atrás de Excalibur, a espada forjada na ilha misteriosa.

_ O que? Porque?!

_ A espada é de suma importância para salvar os Feéricos e toda Camelot. A espada deve ser guardada pela Dama do Lago e entregue ao rei Arthur como na profecia.

_ Arthur? O que quer dizer com isso? Arthur se tornou ou irá se tornar rei dos Feéricos?! _ Morgana segura em meus ombros.

_ Não há tempo para explicar. Muito ainda há de acontecer mas precisa seguir exatamente o que lhe digo, Nimue. Busque por Excalibur e os Ocultos a guiarão. _ Morgana desapareceu tão rápido quanto surgiu me deixando com mil e um questionamentos.

O que ela quis dizer? Arthur se tornará rei? A tal espada que devo guardar e proteger salvará meu povo de que? Como a entregarei a Arthur?

***

O Monge Choroso voltou pouco tempo depois de Morgana desaparecer.

_ Não há ninguém. Podemos seguir a diante. _ Assenti e caminhamos para as cabanas.

Eu sinto falta de dormir. Poder me deitar agora, dormir sem pensar nas coisas que estão me consumindo neste momento seria um presente dos Deuses.

_ Podemos ficar com esta e aquela do outro lado. São as menos danificadas, próximas do lago e também são estratégicas caso precisemos fugir pela floresta. _ diz guiando o cavalo até a cabana amarrando-o em uma cerca. Ele pega Esquilo no colo o levando para dentro da cabana, o deixando sobre a cama e tirando suas botas. Assim que termina se levanta cobre Esquilo com um lençol que já havia lá e caminha até a porta.

_ Achei que ficaríamos na mesma cabana. _ digo a ele quando está prestes a sair.

_ Pensei que precisasse de espaço.

_ Eu preferiria se ficasse. _ peço. Eu não confio nele tanto quanto parece, mas também não quero ficar sozinha. Eu não acho que consiga depois de tudo. Ele concorda. Há duas camas na cabana, em uma delas está Esquilo e a outra está vazia. Eu não preciso dormir então não faz o menor sentido que a ocupe mas acho que ele só irá aceitar se eu a oferecer a ele. Como o imaginado ele caminha até o lado oposto da barraca dando a entender que dormirá no chão. _ fique com a cama. _ digo a ele. _ eu não preciso dormir, não preciso de uma cama.

_ Tudo bem. _ ele aceita meio sem jeito. Tira seus sapatos e se deita sobre a cama, não demora muito a dormir. Eu me contento em sentar em uma cadeira e observar as coisas de dentro da cabana.

Na casa havia uma cesta cheia de brinquedos feitos com gravetos e cordas, e vários outros pertences que deixavam claro que ali morara uma criança.

Sinto tanta falta de casa.

***

Decidi que ficar remoendo o passado não me ajudaria em nada e se quero voltar a vida que seja melhor que a vida anterior. Eu precisava de treinamento. Precisava de disciplina. Na vida passada nem sempre podia contar com meus poderes e quando isso acontecia ficava completamente à mercê de quem estivesse a minha volta para me salvar. Eu não quero ter de ser salva! Não sou uma menina frágil, tenho que me virar!

E quem melhor que um assassino treinado para me ajudar nessa questão?

Pouco antes do sol aparecer e iluminar as colinas o Monge acordou e tomei a atitude.

_ Eu quero que me ensine. _ disse a ele enquanto ele se levantava da cama.

_ O que? _ ele passa as mãos sobre o rosto tentado ficar desperto.

_ Eu quero que me ensine a lutar. E Esquilo também.

_ Você tem poderes. Não precisa aprender a lutar. Já é letal por natureza. _ ele diz calçando suas botas ainda sonolento.

_ Eu e meus poderes não parecemos ser o suficiente. Quando os usava, eles me enfraqueciam e desapareciam. Se não tivesse alguém para me salvar...

_ Eu não posso simplesmente treinar vocês.

_ Não pode ou não quer? _ ele me observa cético.

_ Não temos armas e eu nunca treinei ninguém.

_ Posso conseguir armas e não deve ser tão difícil assim nos treinar. Nós ouviremos você. Não precisa nos transformar em profissionais só nos ajude a nos manter vivos. _ ele parece pensar no assunto por um instante.

_ Como vai conseguir as armas? _ ele parece ceder.

_ Vou buscar as armas dos homens que matamos no lago.

_ Sozinha? _ ele me olha preocupado.

_ Sim. São três dias daqui mas acho que consigo ir mais rápido que isso. Se encontrar homens da trindade... Bem não há como me matarem duas vezes.

_ Você tem certeza? Posso ir com você. _ ele estava genuinamente preocupado. Deve estar levando a sério a questão da dívida.

_ Não. Preciso que fique com Esquilo. _ ele assente. _ Posso levar seu cavalo? _ ele concorda e é só disso que preciso.

***

_ Volto em alguns dias. Obedeça o Monge e não se afaste dele a não ser que ele esteja sendo atacado e precise fugir para sobreviver, esta bem? Não banque o corajoso Esquilo. Corajosos morrem por bobagem.

_ Está bem. _ ele me abraça levemente insatisfeito com nosso acordo.

_ Obrigada. _ digo ao Monge que apenas assente. Subo no cavalo e sigo caminho.

Eu não contei ao Monge que minhas intenções majoritárias são ir a Avalon em busca da Espada que os Ocultos tanto fazem questão e somente depois disso buscar as armas dos homens da trindade. Mas ele não precisa saber disso.

Quanto mais rápido o fizer melhor será para todos nós.

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