Era madrugada e eu não conseguia pregar os olhos.
A memória sensorial do hálito quente de Jimin ainda arrepiava cada pelinho da minha nuca, mesmo que já tivesse passado mais de uma hora do ocorrido. Ele dormia tranquilamente a poucos centímetros de mim, mas virado para o outro lado. O sopro calmo de sua respiração não deixava dúvidas de que estava inconsciente.
Já pela manhã, com pouquíssimas horas de sono contabilizadas, acordei com a barraca sacudindo levemente. Meus olhos arderam em excesso quando tentei abri-los. Virei-me para o lado, olhando por cima dos ombros e Jimin ainda dormia tranquilamente.
Depois de distrair-me alguns segundos com a figura adormecida de Park, voltei minha atenção para a entrada da barraca, que continuava a se mexer. Levantei-me, ajoelhando sobre o colchão e abri o zíper sem pensar no que poderia estar do lado de fora, afinal de contas meu estado de sonolência me impedia de raciocinar direito. O céu ainda estava um pouco escuro, pois ainda era cedo e o dia amanhecera nublado.
Dei de cara com Nanah.
— Que foi?
— Preciso fazer xixi. — Fez uma careta, enquanto se movimentava com a mão entre as pernas.
— Faz ué.
— Aonde? — Sua voz era muito contida.
— Aí no mato. Sei lá.
— Não dá, oppa. Como eu vou limpar?
— Usa uma folha de árvore.
A menina me direcionou um olhar desacreditado.
Aish, será que eu acordo o Jimin? Pensei, olhando mais uma vez na direção do belo adormecido, mas então lembrei da noite anterior e resolvi solucionar o problema sozinho.
Saí da barraca sonolento, tropeçando desajeitado no lençol. A manhã estava fria e uma neblina densa pairava entre as árvores. O céu pintado num tom de cinza escuro, sinalizava uma possível chuva para mais tarde.
Calcei minhas botas, vesti uma blusa de frio e uma touca para proteger minhas orelhas, segurei a mão da menina, que estava gelada e seguimos até o dormitório em silêncio. Hani varria a entrada e nos recebeu com um sorriso acolhedor.
— Ai que bom que você está aqui... toma. — Entreguei a menina, como quem entrega uma encomenda.
— O que houve? — perguntou preocupada, largando o que estava fazendo e se aproximou de nós.
— Ela quer fazer xixi.
— Tá, pode deixar que eu levo.
— Obrigado, noona.
Já ia voltando para a barraca, quando a mais velha chamou minha atenção.
— Ei, Jungkook, porque você não aproveita e toma o café da manhã?
Hani-noona já era uma das minhas favoritas do acampamento. Sempre que eu a via ela me convidava para comer.
Acabei por acatar a sugestão da monitora e segui em direção ao refeitório. Depois eu poderia tirar mais algumas horinhas para dormir.
Tudo estava tão silencioso naquele lugar que dava para distinguir até o barulho das xícaras sendo colocadas sobre a mesa. Quando passei pela porta um cheiro maravilhoso de café e bolo invadiram meu olfato.
Estavam sentados à mesa, Seokjin e o outro rapaz que eu supus ser Park Hoseok — o irmão do meio. Eles não vestiam os uniformes do acampamento. Vestiam ainda as roupas de dormir, mas estavam devidamente agasalhados. Me aproximei um pouco sem graça e os cumprimentei com um sorriso tímido.
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O Acampamento do Tio Park || Jikook
HumorJeon Jungkook, um jovem de dezoito anos, foi intimado pela mãe e pelo pai a acompanhar seu irmãozinho em um acampamento de férias para crianças. O que, a princípio, parecia um pesadelo, tornou-se uma aventura bastante interessante quando ele conhece...